«Que democracia é esta em que vivemos?»

«A noite da liberdade», do dramaturgo austro-húngaro Ödön von Horváth, regressa hoje ao palco do Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada. O encenador e director da Companhia de Teatro de Almada assinala a pertinência da peça no momento actual e interroga-se: «Que democracia é esta em que vivemos?»

«A noite da liberdade», de Ödön von Horváth, regressa hoje ao Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada
Créditos / mag.sapo.pt

Os confrontos ocorridos em 1930, na cidade de Murnau, na Baviera, são o tema da peça do dramaturgo austro-húngaro Ödön von Horváth, que, depois de várias representações esgotadas, após a estreia, a 2 de Dezembro, regressa à sala principal do Teatro Municipal Joaquim Benite (TMJB) para 13 espectáculos.

A partir de hoje, e até dia 29 de Janeiro, A noite da liberdade estará em cena de de quarta-feira a sábado, às 21h, e aos domingos, às 16h.

Baseada nos confrontos que opuseram os defensores da República de Weimar aos nacionais-socialistas de Hitler, a acção desenrola-se em torno da taberna do senhor Josef Lehninger, que, à tarde, aluga a sala aos nazis, para que celebrem o Dia Alemão, e, à noite, aos republicanos, para os festejos da Noite Italiana. Nesta peça, Horváth descreve a forma como, na Alemanha de Weimar, os sociais-democratas não foram capazes de travar o avanço do nacional-socialismo.

Para o encenador e director da Companhia de Teatro de Almada, Rodrigo Francisco, trata-se de uma peça «muito actual», cuja relevância de se fazer agora é tanto mais importante «quanto a Europa se encontra ameaçada pelo ressurgimento de partidos da direita e neonazis».

«Que democracia é esta em que vivemos? Será que somos capazes de nos defender de partidos como a Aurora Dourada ou a Liga do Norte?», interrogou-se na apresentação da peça, defendendo que a encenação é também uma forma de alertar as pessoas para perigos actuais.

Ödön von Horváth (1901-1938), escritor de língua alemã, nascido em Fiume, na actual Hungria, considerava-se um produto típico do Império Austro-Húngaro, tendo-se fixado em Berlim nos anos 20.

A noite da liberdade é interpretada por Adriano Carvalho, André Pardal, Carlos Fartura, Duarte Guimarães, Guilherme Filipe, João Farraia, João Tempera, Maria Frade, Maria João Falcão, Marques D’Arede, Miguel Sopas, Pedro Walter e Tânia Guerreiro, com a participação especial de Io Appolloni.

A cenografia é assinada por Jean-Guy Lecat. Os figurinos são da responsabilidade de Ana Paula Rocha.

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui