No domingo, o ministro da Segurança Pública israelita, Gilad Erdan, veio a público comunicar que o corpo de Fadi al-Qunbar não seria entregue à família e que as autoridades israelitas o iam enterrar num local a que a sua família não tivesse acesso.
Al-Qunbar, de 28 anos, foi morto a tiro por militares israelitas e civis armados, ontem à tarde, pouco depois de ter abalroado, com um camião, um grupo de soldados israelitas, matando quatro e ferindo 13, no colonato ilegal de Talpiyyot, em Jerusalém Oriental ocupada, informa a agência Ma'an.
As declarações do ministro Erdan enquadram-se na habitual política de vingança e punição colectiva israelita para com os palestinianos, e é reforçada com veemência nos períodos subsequentes a ataques perpetrados contra os ocupantes em território palestiniano, como ocorreu este domingo.
Também o secretário de Estado da Cooperação Regional, Ayoub Kara, veio a público defender que a família do «terrorista» fosse imediatamente expulsa para a Faixa de Gaza, considerando que a demolição da casa da sua família, no bairro de Jabal al-Mukabbir, em Jerusalém Oriental ocupada, mesmo ao lado do colonato onde teve lugar o ataque, não era suficiente.
Recorde-se que a expulsão de palestinianos residentes na Margem Ocidental e em Jerusalém Oriental ocupada para a Faixa de Gaza cercada é um procedimento punitivo a que as autoridades recorrem com frequência, separando famílias e, como denunciam diversas organizações, violando os direitos humanos.
Por seu lado, Yoav Galant, antigo general e actual ministro israelita da Habitação e da Construção, propôs ao Gabinete de Segurança de Israel que expulsasse a família de al-Qunbar para a Síria: «Precisamos de o matar, de demolir a sua casa e de expulsar a sua família. Não para Gaza mas para a Síria», disse ao Ynet, citado pela Ma'an.
A pressa em criar laços com o Daesh
Ontem, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, apressou-se a enquadrar o ataque aos soldados no colonato ilegal no padrão dos «ataques terroristas na Europa, reivindicados pelo Daesh ou Estado Islâmico (EI)»; hoje, Yoav Galant veio falar no «fenómeno do terrorismo global» e afirmar que «não iria deixar o EI estabelecer-se na Judeia e na Samaria [modo como os Israelitas se referem à Margem Ocidental ocupada]».
Contudo, desde que teve início a chamada «Intifada de Jerusalém», em Outubro de 2015, já se registaram vários ataques em que palestinianos usaram as suas viaturas para as lançar contra israelitas, sem que as autoridades israelitas estabelecessem qualquer nexo com o EI, antes enfatizando a questão do «anti-semitismo» ou do «extremismo religioso».
«Resposta aos crimes israelitas»
Muitos palestinianos encaram estes ataques como o resultado da frustração e do desespero face à ausência de uma saída política para a longa ocupação dos territórios ocupados e para a opressão e a repressão diárias a que os seus habitantes são submetidos.
Na sequência do ataque de domingo, a Brigada dos Mártires de Al-Aqsa – a ala militar da Fatah – afirmou que se tratava de uma «resposta natural à violência diária e às restrições que os palestinianos sofrem sob a ocupação israelita».
Por seu lado, a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) sublinhou que o ataque era parte da «resposta popular aos crimes de Israel contra o povo palestiniano nos territórios ocupados» e apelou «a todas as organizações nacionais da Palestina para que assumam a responsabilidade pela protecção e pelo reforço da autodeterminação em Jerusalém».
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