O vice-presidente do executivo bolivariano, Tareck El Aissami, deu uma conferência de imprensa, esta quinta-feira, relacionada com a morte do jovem Neomar Lander, no dia anterior, num protesto violento promovido pela oposição em Chacao, na zona ocidental de Caracas, informa a Alba Ciudad.
Desde o início, representantes da oposição ao governo de Nicolás Maduro afirmaram que a morte foi provocada pelo impacto de uma bomba de gás lacrimogéneo lançada pela GNB e a notícia espalhou-se em determinada imprensa como mais uma evidência da «repressão de Maduro, que é preciso parar».
Ontem, El Aissami afirmou que a microscopia electrónica de varrimento efectuada ao antebraço esquerdo de Lander determinou a presença de vestígios «de pólvora para uso pirotécnico», o que – disse – «não deixa espaço para dúvidas sobre a causa da morte».
O vice-presidente explicou ainda que o jovem não usava luva na mão esquerda – apenas na direita –, razão pela qual sofreu a maior parte das queimaduras e feridas abertas no antebraço e na mão esquerdos.
Desnível e distância
Sobre o local onde ocorreram os factos, Aissami indicou que a distância entre a GNB e a zona onde se encontrava Neomar era de 67,2 metros, pelo que as hipóteses de o impacto de uma bomba de gás lacrimogéneo ser fatal se tornam praticamente nulas.
Aissami referiu-se também ao desnível de 3,7 metros existente entre a Avenida Francisco de Miranda, onde se encontravam os agentes da GNB, e a rua que dá acesso à Avenida Libertador, onde estava Neomar Lander, indicando que «nunca houve linha directa de disparo» entre o piquete e o jovem.
Com base nestes factos, o vice-ministro bolivariano disse ficar «desmentida a linha de opinião que a direcção irresponsável da direita quis criar», segundo a qual «se tratou de uma bomba de gás lacrimogéneo», informa a Alba Ciudad.
Alteração do local do «crime»
Aissami denunciou ainda a manipulação do local do «crime» com base em várias fotografias tiradas ao jovem antes da sua morte. Nelas, pode ver-se que Neomar Lander usa um colete de protecção com a frase «Eu sou o Libertador». Nas imediações do local onde se deu a sua morte, ele já aparece sem colete; posteriormente, foi colocado junto ao seu corpo um colete muito semelhante ao que ele usava, mas sem a frase referida.
«Se ele tivesse usado aquele colete no momento do acidente, o sangue que ficou impregnado no pavimento também estaria nessa protecção», disse o vice-presidente, acrescentando que outra prova da alteração do local da morte é o facto de, junto ao corpo, ter aparecido uma máscara anti-gás preta, diferente da que o jovem usava – e que se vê em várias fotos –, que tinha filtros amarelos.
El Aissami informou ainda que, no domingo passado, um homem assassinado na Praça Altamira foi identificado como Jesús Rojas, El Gringo, de 33 anos. Rojas participava num protesto violento da oposição e foi morto pelos seus companheiros de protesto, que o degolaram. Aissami denunciou o facto de o caso ter sido silenciado por comunicação social e por políticos de direita: «Degolaram um jovem e calaram-se. Ninguém desta direcção condenou a morte de Jesús Rojas», criticou.
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