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Sindicatos celebram «contundência» da greve geral na Argentina

Dirigentes da Confederação Geral do Trabalho (CGT) congratularam-se com a forte adesão à segunda greve geral em tempos de Milei e sublinharam que o governo deve tomar nota, para mudar de rumo.

Créditos / Página 12

Numa conferência de imprensa em Buenos Aires, os máximos representantes da CGT deram conta da elevada adesão à greve geral que esta quinta-feira teve lugar na Argentina, com impacto em todo o país.

Neste sentido, refere o Página 12, afirmaram que «o governo tem de tomar nota», para alterar o rumo às suas políticas de ajuste.

«A greve doeu-lhes», disse Pablo Moyano, secretário-adjunto dos Camionistas e dirigente da CGT, tendo acrescentado que, se o presidente argentino mantiver as políticas de cortes, a central sindical dará sequência ao seu plano de luta.

Por seu lado, o representante do sector da Saúde, Héctor Daer, vincou a noção do êxito da greve e insistiu que o governo de Milei «deve tomar nota do que está a passar e reconfigurar a sua política de ajuste», que «está a levar os trabalhadores para extremos de que dificilmente se pode recuperar».

Governo não se poupou a minimizar a greve geral

Tanto o presidente argentino como outros funcionários do executivo, com destaque para o porta-voz, Manuel Adorni, e a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, se pronunciaram contra a jornada de luta. Adorni disse que se tratava de «uma greve claramente política, que causa danos e complica a vida das pessoas».

Correo del Orinoco

A estas palavras, Daer respondeu que a paralisação era «efectivamente» política, na medida em que se está a discutir o rumo do país e as políticas que se levam a efeito.

Já Moyano reafirmou que as declarações do governo e as ofensas dirigidas a sindicalistas mostram que «a greve lhes doeu».

Alerta para a situação de trabalhadores, reformados e camadas mais desfavorecidas

Héctor Daer justificou a greve com as políticas do governo, tendo afirmado que os cortes incidiram nos reformados e nos mais vulneráveis, porque perderam assistência social.

«Nos refeitórios, tiraram-se alimentos; suspenderam-se as obras de execução de infra-estrutura urbana que as cooperativas faziam e deixou-se sem sustento uma enorme quantidade de pessoas que faziam este tipo de tarefas, para complementar o salário social», alertou.

Os dirigentes sindicais denunciaram que o comércio e a construção «se afundaram», e que «metade dos trabalhadores em situação formal ganha 450 mil pesos [472 euros]» e seguem muito atrás da inflação.

Disseram ainda que as lojas tiveram de fechar ou efectuar cortes devido aos aumentos das tarifas; que as mesas de negociação colectiva demoram ou não são homologadas, e que houve despedimentos em massa no Estado.

Daer referiu-se também à Lei de Bases, que permite ao poder executivo dissolver entidades públicas sem razão, e alertou que, se agora se lamenta que haja trabalhadores em situação de precariedade, com o projecto de lei do governo «600 mil trabalhadores passam da formalidade a um esquema formal da ilegalidade».

ATE também fala em elevada adesão

A Associação Trabalhadores do Estado (ATE) informou, durante o dia de ontem, que mais de 97% dos seus filiados aderiram à greve geral. Em comunicado, a ATE destacou que a administração pública estava completamente paralisada.

Os transportes foram bastante afectados, e as escolas e os bancos permaneceram encerrados, informou o sindicato, cujo secretário-geral, Rodolfo Aguiar, afirmou que «as tentativas do governo para meter medo não resultaram».

«Fazemos greve empurrados pelo governo. A sua política económica, a redução dos salários reais e os despedimentos são apenas algumas das causas que motivam a nossa decisão», disse, tendo criticado ainda o executivo de Milei por «se ajoelhar perante um poder estrangeiro e seguir o caminho da servidão».

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