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Trabalhadores bascos e galegos em luta por salários e pensões dignas

A CIG, na Galiza, e a maioria dos sindicatos bascos agendaram para dia 1 mobilizações por «trabalho, pensões e vida digna», para que «não sejam mais uma vez os trabalhadores e o povo» a pagar a crise.

Conferência de imprensa, em Bilbau, de representantes do movimento popular basco, para declarar a adesão à jornada de luta de 1 de Dezembro  
Créditos / LAB

No País Basco, mais de 40 organizações de diferentes áreas do movimento popular aderiram à jornada de luta convocada para 1 de Dezembro pelos sindicatos ELA, LAB, ESK, Steilas, Etxalde, HIRU, CGT e CNT.

A realização de uma greve geral, que chegou a ser ponderada, está por agora posta de parte – ou, como anunciaram os sindicatos, a luta vai continuar e ajustar-se às circunstâncias.

Para a próxima quarta-feira estão agendadas manifestações, com início às 11h, nas quatro capitais das províncias do País Basco Sul (sob administração estatal espanhola): Bilbau, Donostia, Vitória-Gasteiz e Pamplona-Iruñea. À tarde, realizam-se mobilizações em cerca de 30 municípios biscainhos, guipuscoanos, alaveses e navarros.

«Trabalho, pensões e condições de vida dignas. Não às reformas laborais e de pensões. Soberania para uma vida digna» é o lema da jornada de luta e são «revindicações básicas que todos unem», afirmaram recentemente, em conferência de imprensa, representantes dos movimentos sociais que declaram o apoio às manifestações.

Sublinhando que nem o executivo de Madrid nem os governos autonómicos «tiraram as lições» de «gestões nefastas», reivindicaram uma «profunda mudança de rumo», que «ponha no centro a vida das pessoas».

No que respeita às reformas laborais e de pensões, afirmaram que «não estão dispostos a aceitar novos cortes que empobrecem e precarizam» as suas vidas, e sublinham que é hora de garantir emprego em condições dignas.

Cartaz da jornada de mobilização no País Basco, com o lema «Trabalho, pensões e condições de vida dignas. Não às reformas laborais e de pensões. Soberania para uma vida digna» 

«Esta é uma reivindicação das novas gerações de trabalhadores condenados à precariedade, das mulheres que estão nas margens e nos trabalhos invisíveis, de quem recebe prestações de desemprego insuficientes para sobreviver», afirmaram em Bilbau.

Também fizeram questão de deixar claro que não vão permitir «cortes de direitos conquistados em anos de luta». Entre outros, reivindicam o direito a uma «pensão digna», tanto para os que são pensionistas agora como para quem o será no futuro. Exigem um «sistema sem diferença entre géneros, ligado ao poder de compra real, próprio, público e universal».

Na Galiza, em defesa do emprego e da indústria, por salários e pensões dignas, contra as reformas

A Confederação Intersindical Galega (CIG) convoca uma jornada de luta para dia 1 porque os orçamentos do Estado e da Xunta confirmam aquilo que a central sindical vinha avisando: nem o governo do Estado nem a Xunta estão a enfrentar a «profunda crise» que a pandemia aprofundou, tomando as medidas necessárias para que não sejam novamente a classe trabalhadora e o povo galego a pagá-la.

Com inícios marcados entre as 10h30 e o meio-dia, as mobilizações realizam-se em Vigo, Pontevedra, Ferrol, Corunha, Lugo, Ourense, Verín, O Barco e Compostela, anuncia a CIG no seu portal.

O secretário-geral, Paulo Carril, chama a atenção para o facto de a reforma das pensões acordada no Congresso não só não revogar as de 2011, do PSOE, e 2013, do PP, como reafirma as medidas danosas que levam a que milhares de reformados, na Galiza, tenham «pensões de miséria».

Protesto contra a reforma das pensões, levado a cabo pela CIG na Corunha em Junho de 2018 

No que respeita à reforma laboral, o dirigente sindical lembra que a CIG exigiu a sua revogação desde que foi aprovada, denunciando que esta continua vigente apesar das promessas do governo de coligação em Madrid, «enquanto se arma um espectáculo mediático para depois manter os seus aspectos mais lesivos».

Paulo Carril alerta que «a imparável escalada da factura eléctrica está a provocar estragos nas economias familiares, na actividade económica e na industrial, enquanto o oligopólio energético acumula cada vez mais lucros».

Isto está a provocar a subida dos preços de todos os produtos, mas «os salários não sobem na mesma medida», o que, segundo Carril, está a deixar numa «situação crítica a já empobrecida classe trabalhadora», «tornando mais real que nunca que ter um trabalho não garante uma vida digna».

Carril denuncia ainda que «o emprego é cada vez mais temporário e precário, como constata o Inquérito da População Activa do terceiro trimestre», de acordo com o qual foram destruídos 8800 postos de trabalho na Galiza, nos sectores da Indústria e na Construção, como consequência do processo de desmantelamento que sofrem.

Neste contexto, a central sindical mobiliza-se por um verdadeiro Plano Galego de Recuperação económica, industrialização, criação de emprego digno, defesa dos serviços públicos e dos direitos laborais e sociais, de modo que os trabalhadores vejam garantido «o direito a viver e a trabalhar dignamente na nossa terra».

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