|Defesa Nacional

Cada cavadela, cada minhoca

Os ministros da Defesa e da Administração Interna abriram a porta ao envio de «pequenos delinquentes jovens» para o SMO. E o que pensarão fazer aos «grandes delinquentes», enviá-los para a Polícia?

O ministro da Defesa, Nuno Melo, durante a sessão de encerramento da Universidade Europa, iniciativa de formação política do PSD sobre temas europeus. Curia, 28 de Abril de 2024
CréditosPaulo Novais / LUSA

Este disparate é bem elucidativo, sobretudo para os mais crentes ou distraídos, quanto ao que a AD tenciona fazer no que respeita aos meios humanos para as Forças Armadas: nada! Aliás, como nada fizeram os governos anteriores da AD, com Paulo Portas e Aguiar Branco como ministros da Defesa Nacional, limitando-se a assobiar para o lado, fazendo estudos e alterando leis, mas sem resolverem a questão de fundo. Sim, por que este problema da falta homens e mulheres para as Forças Armadas (FA) não é de agora, arrasta-se há décadas e vem-se agravando progressivamente. Por isso, se tencionassem resolvê-lo já teriam começado há alguns anos e não o teriam deixado arrastar.

«Com esta solução de integrar os «pequenos delinquentes», teme-se o pior: que, para combater o agravamento do problema do recrutamento e da retenção de militares nas FA, o Governo entenda que fica mais barato fomentar a delinquência juvenil.»

Entretanto, os governos do PS limitaram-se também, quase exclusivamente, a fazer de conta que pretendiam resolver o problema. Anunciaram estudos para fazer um diagnóstico que está há muito feito, criaram quadros permanentes de praças no Exército e na Força Aérea, sem gente para os preencher, juntando-os ao da Marinha, que também está muito longe de estar preenchido. Por fim, apresentaram um chamado Plano de Acção para a Profissionalização do Serviço Militar, qual remédio milagroso, mas que pouco mais é do que uma amálgama de quadros vazios de soluções.

Pelos vistos, o PSD já esqueceu as suas preocupações de há poucos anos, a propósito das suspeitas de militares e ex-militares portugueses estarem envolvidos no tráfico de pedras preciosas, droga e branqueamento de capitais. Do repúdio das chefias militares em relação a estes «comportamentos contrários aos valores da Instituição Militar», e da preocupação de políticos e militares no que respeita à exigência necessária na selecção para o recrutamento militar.

Ora bem, eis a resposta do PSD e do CDS a esta problemática.

Com esta solução de integrar os «pequenos delinquentes», teme-se o pior: que, para combater o agravamento do problema do recrutamento e da retenção de militares nas FA, o Governo entenda que fica mais barato fomentar a delinquência juvenil.

Temos pena, mas sem investimento nos meios humanos e materiais, nomeadamente em relação aos vencimentos, aos apoios sociais e às condições de vida nas unidades militares não há resolução possível para este problema.

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