|25 de Abril

Marcelo longe dos problemas do País

O discurso do Presidente da República, no Parlamento, passou ao lado do grande desafio que se coloca ao País e ao Governo: ir mais longe na valorização de rendimentos e no reforço de direitos.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na sessão solene comemorativa dos 44 anos da Revolução de Abril na Assembleia da República, em Lisboa. 25 de Abril de 2018
CréditosAntónio Cotrim / Agência LUSA

Marcelo Rebelo de Sousa deixou alertas para os «populismos» e os «messianismos» no seu discurso na sessão solene evocativa do 44.º aniversário da Revolução de Abril, na Assembleia da República.

O Presidente da República falou numa «renovação do sistema político», numa intervenção muito afastada dos problemas com que o País se confronta, num momento em que as consequências limitações orçamentais que vêem de Bruxelas e que o Governo assume como suas se evidenciam.

Antes de Marcelo, discursou o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues (PS), que defendeu os «compromissos estratégicos», com o «maior consenso possível». A referência surge poucos dias depois da assinatura de dois acordos entre o seu partido e o PSD.

«O ponto de partida de novas lutas para conquistar novos avanços»

O deputado Paulo Sá, pelo grupo parlamentar do PCP, foi quem provocou mais incómodos ao PSD e ao CDS-PP, a lembrar a acção contra Abril do anterior governo e a derrota eleitoral dos dois partidos em 2015.

Mas o deputado comunista acrescentou que, se a actual solução política deu resposta ao «mais brutal ataque de que há memória aos direitos dos trabalhadores e do povo», é preciso fazer do que se conseguiu nos últimos dois anos e meio num «ponto de partida de novas lutas para conquistar novos avanços».

«A melhor forma de hoje comemorarmos a Revolução de Abril e a ousadia de um povo que soube transformar um sonho em realidade, é projectar os valores e conquistas dessa Revolução no presente e futuro de Portugal», acrescentou Paulo Sá.

Isabel Pires (BE) afirmou que as respostas aos problemas do País, «da Educação à Habitação, da Justiça ao Trabalho», não «cabem» todas no Orçamento do Estado, «mas certamente passa por ele».

A deputado do BE falou ainda das dificuldades que se atravessam na vida das gerações mais jovens, nomeadamente no mundo do trabalho.

José Luís Ferreira (PEV) deixou críticas aos acordos entre o PS e o PSD, que fazem «lembrar o velho e pouco saudoso bloco central». «Não somos todos défice», acrescentou o deputado ecologista, que disse ainda que «falta regionalizar o País e trazer de regresso as freguesias extintas pelo PSD e pelo CDS-PP».

Faltas de comparência com Abril

Nas bancadas do PSD e do CDS-PP (e, a certa altura, na do PS), foram notadas ausências de muitos deputados na sessão solene. A certa altura, de acordo com o Observador e o Público, terão sido mais de 30 os deputados ausentes, alguns dos quais vieram a ocupar o seu lugar ao longo da sessão.

Na sua intervenção, a deputada Elza Pais (PS), citou algumas das mulheres que fizeram «sacrifícios» pela liberdade e lembrou medidas tomadas nos últimos anos, como a despenalização da interrupção voluntária da gravidez.

Já Margarida Balseiro Lopes (PSD) e Ana Rita Bessa (CDS-PP) procuraram reivindicar qualquer coisa de Abril, depois de anos em que os seus partidos andaram tão afastados desses valores.

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