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A queda real dos salários é real

Apesar do aumento nominal dos salários, este foi abaixo da inflação. A matemática é simples e revela que os trabalhadores empobrecem a trabalhar: os dados são da Direcção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho.

Manifestação da CGTP-IN contra as normas gravosas da legislação laboral. Lisboa, 10 de Julho de 2019
CréditosANTÓNIO PEDRO SANTOS / Agência LUSA

Os últimos dados da Direcção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT) confirmam aquilo que os trabalhadores sentem na pele e no bolso. O aumento médio anual nominal dos salários em 6,4%, resultantes da negociação colectiva, não combateu o empobrecimento e a causa é a já conhecida inflação, cuja a média anual se fixou nos 7,9%. 

Esta avaliação apenas diz respeito aos 95 930 trabalhadores por conta de outrem que estão ao abrigo das convenções colectivas e tiveram aumentos salariais, correspondendo assim a 23% de um total de 415,5 mil. Neste sentido, podemos dizer que esses trabalhadores viram uma queda real de 1,4% nos seus salários, mesmo tendo sido aumentados.

Entre os sectores mais afectados com a desvalorização salarial encontra-se o das comunicações, o qual contabiliza 6280 trabalhadores que tiveram uma quebra salarial real de 6,3%, e o sector da educação com uma redução de 3,2%. 

As indústrias transformadoras acompanharam também esta tendência, registando uma redução média real dos vencimentos de 1,8%. Isto, num sector que corresponde a quase metade (48,9%) dos trabalhadores com atualizações salariais na contratação colectiva. No sector dos transportes e armazenagem os salários reais recuaram 1,7%.

Somente chegando aos sectores da saúde humana e apoio social, ao sector que agrega o comércio e retalho e da reparação de veículos automóveis e motociclos é que se verificam alguns ganhos, segundo dados da DGERT. Apesar disso, os ganhos salariais são somente de 0,6% e 0,7%, respectivamente. 

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