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Greve na Randstad contesta baixos salários e transferências para Elvas

Depois de receber benefícios por abrir um call center em Elvas, a Randstad vai transferir 38 trabalhadores ao serviço da EDP em Lisboa para a nova unidade. Sindicato fala em «despedimento encapotado».

Concentração realizada em frente à Randstad, 24 de Junho de 2019
Créditos / O País em Luta: Manifestações em fotografia

No âmbito de uma greve de 24 horas, convocada pelo Sindicato das Indústrias Eléctricas do Sul e Ilhas (SIESI/CGTP-IN), os trabalhadores da Randstad estiveram hoje concentrados em protesto junto à sede da empresa, em Lisboa, em resposta à postura da administração que «respondeu a tudo pela negativa».

A paralisação na Randstad, sobre a qual o SIESI afirma que regista uma adesão de 90%, dá continuidade às greves realizadas a 13 e 18 de Junho, abrangendo os call centers da EDP e da NOS, apesar dos pré-avisos de greve terem sido extendidos a outros clientes da multinacional holandesa dedicada ao trabalho temporário.

Entre as reivindicações, os trabalhadores da Randstad exigem aumentos salariais e o fim dos vínculos precários, defendendo a integração directa nos quadros da empresa que representam e pela qual dão a cara todos os dias. Pedem ainda o fim do processo de transferência de 38 trabalhadores, que laboram no call center da EDP em Lisboa, para o call center da Randstad em Elvas.

«É inadmissível que uma multinacional que tem mais de 500 milhões de euros de lucros pratique uma política de salário mínimo nacional para todos e é inaceitável que estas empresas, como a EDP, estejam a recorrer a regimes de subcontratação, em casos até com duas empresas pelo meio, em vez de contratarem directamente os trabalhadores», afirmou Anabela Silva, dirigente do SIESI, ao AbrilAbril.

Segundo a dirigente, o caso da transferência para Elvas de 38 trabalhadores da EDP HC, que asseguram o funcionamento da linha espanhola, atinge contornos «graves», frisando que, após um acordo entre a Randstad e a Câmara Municipal de Elvas, no qual são dados benefícios à prestadora de serviços, «os cerca de 80 trabalhadores da EDP HC foram alvos de duras pressões e ameaças ao longo de dois anos para aceitarem um miserável acordo e rescindirem o contrato».

«São pessoas com vida, família e filhos que não conseguem simplemente pegar em tudo e seguir para Elvas e que não sabem ainda sequer o que lhes vai acontecer a partir do dia 30 de Junho. Caso a Randstad insista neste despedimento encapotado, iremos avançar imediatamente com novas acções e envolver o Ministério do Trabalho», acrescentou.

Benefícios públicos para criar emprego através de despedimentos

Presente também na concentração esteve Duarte Alves, deputado do PCP eleito por Lisboa para a Assebleia da República, que afirmou aos trabalhadores que o seu partido já deu entrada com uma pergunta ao Governo e está a fazer «tudo ao seu alcance».

«Consideramos inaceitável que sejam tratados como descartáveis, apesar de vocês todos os dias contribuírem com o vosso trabalho, pago com baixos salários e em duras condições de trabalho, para a produção de riqueza e para os lucros da casa-mãe [EDP]», afirmou.

Na pergunta que deu entrada no dia 19, os deputados do PCP exigem saber que medidas estão a ser tomadas pelo Governo e pela Autoridade para as Condições no Trabalho para salvaguardar os direitos dos trabalhadores, da razão por detrás da existência de subcontratação de serviços para a supressão de necessidades permanentes e do porquê a Randstad estar a receber benefícios públicos para deslocalizar postos de trabalho.

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