A estrutura sindical informa numa nota à imprensa que o grupo que explora as Pousadas de Portugal pediu um parecer aos delegados sindicais sobre a renovação do regime de lay-off aos trabalhadores que trabalham nas 34 pousadas da rede.
Porém, frisa, a empresa «não cumpriu os formalismos e procedimentos legais, designadamente não concretizou a alegada crise empresarial», nem informou «em concreto» quais os trabalhadores que vão estar abrangidos pela medida da suspensão. Acrescenta que não informou «quais os que vão estar em regime de redução de horário» e quais os «critérios usados na escolha de uns e de outros».
O Sindicato da Hotelaria do Norte lembra que os salários praticados no Grupo Pestana Pousadas (GPP) «são muito baixos» e que qualquer redução da retribuição «agrava significativamente a já débil situação económica dos trabalhadores».
O cenário piora no quadro de excepção devido à Covid-19, tendo em conta o crescimento do desemprego, a redução «brutal» do ganho mensal e o acréscimo de despesas familiares.
Lucros vs. baixos salários
Apesar da realidade dos trabalhadores, o sindicato salienta que o GPP, que continua a investir no estrangeiro, «vive uma boa situação económica com resultados líquidos de exploração sempre a subir há anos consecutivos».
Em 2018, obteve mais de 41 milhões de euros de receita, mas em 2016 e 2017 um crescimento de dois dígitos, a par de anos anteriores. «Desde 2012 tem crescido todos os anos em dormidas, ocupação e receitas», insiste o sindicato.
Apesar disso, lê-se na nota, «não actualizou os salários da generalidade dos trabalhadores em 2019 e 2020, sendo que, a última vez que actualizou os salários de todos os trabalhadores foi em 2018, depois de dez anos de salários congelados».
Uma vez que o Estado detém a maioria do capital da Enatur, o sindicato apela ao Governo para que intervenha de modo a impedir este «abuso». Relativamente ao grupo hoteleiro, e caso mantenha a proposta de renovação do lay-off, a estrutura sindical reclama que «complete os salários dos trabalhadores com o pagamento de 100% da retribuição em Maio, com retroactivos a Abril, como se os trabalhadores estivessem em efectivo serviço».
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