PSD alinha com fascistas ucranianos

Duas semanas depois de a AR ter condenado a ilegalização do Partido Comunista da Ucrânia, o PSD trouxe para o plenário a «grande fome de 1932-33». O PCP acusou os sociais-democratas de exumarem o «cadáver de uma campanha lançada há vários anos pela extrema-direita ucraniana».

Membros do partido nacionalista ucraniano Svoboda numa marcha de homenagem ao colaborador nazi Stepan Bandera, por ocasião do 108.º aniversário do seu nascimento (Kiev, 1 de Janeiro de 2017)
Créditos / RT

O PSD apresentou hoje, na Assembleia da República, um voto de «condenação pelo Holodomor – a grande fome de 1932-33 ocorrida na Ucrânia».

Também o PS apresentou, a este propósito, um voto de «homenagem às vítimas da grande fome na Ucrânia».

Ambos foram aprovados. O do PSD com o apoio de CDS, PAN e de um deputado do PS, a abstenção do PS e os votos contra de PCP, BE, PEV e de três deputados do PS.

O voto apresentado pelo PS foi aprovado com os votos de CDS, PAN e BE, a abstenção do PSD e os votos contra de PCP e PEV.

«Grosseira violação da verdade histórica»

Na sua intervenção, o deputado do PCP António Filipe lembrou que a embaixadora da Ucrânia em Portugal, «agastada» com a aprovação, há duas semanas, de um voto de condenação, pela AR, da ilegalização do Partido Comunista da Ucrânia, recorreu à imprensa nacional para «atacar violentamente a Assembleia da República».

Neste sentido, o deputado comunista caracterizou o voto hoje apresentado pelos sociais-democratas como um pedido de desculpas da parte de quem, «num acto de subserviência», se curva «perante a arrogância» da embaixadora e «procede à exumação do cadáver de uma campanha lançada há vários anos pela extrema-direita ucraniana, assente numa grosseira violação da verdade histórica».

Mais ainda, apresentar, como faz o voto do PSD, «a fome de 32-33» como um «acto de genocídio perpetrado por Moscovo contra o povo da Ucrânia é uma falsidade», que converge «com a violenta campanha contra a Rússia lançada a partir do poder instalado em Kiev». Uma campanha que, lembrou o deputado do PCP, «pretende reabilitar e transformar em heróis grupos da extrema-direita ucranianos que na Segunda Guerra Mundial colaboraram com o ocupante nazi».

«Vaga de fome de enormes proporções»

Sobre a «vaga de fome de enormes proporções e de gravíssimas consequências» que no início dos anos 30 do século passado atingiu o povo da Ucrânia, António Filipe afirmou: «Seria desonesto não o reconhecer e, para desonestidade, já basta o voto do PSD.»

Sublinhando que a vaga de fome não vitimou apenas o povo da Ucrânia, mas atingiu outros povos da URSS e também a Polónia, o deputado comunista explicou que «a escassez de bens alimentares que conduziu a essa vaga de fome teve causas diversas», como sejam os efeitos devastadores da crise económica mundial de 1929, as condições climatéricas extremamente adversas e, ainda, os «conflitos gerados em torno das alterações verificadas da estrutura e da organização da propriedade fundiária».

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