Após os incêndios florestais, que fazer no terreno da calamidade?

Hoje, ao falarmos de Incêndios Florestais o que ainda mais nos ocorre é a tremenda tragédia ocorrida em Pedrógão Grande. E sim, é necessário tudo fazermos para que nunca mais aconteça algo sequer parecido!

CréditosPaulo Cunha / Agência Lusa

Entretanto, se o Marquês de Pombal cá «viesse outra vez» e tivesse que enfrentar as consequências dos Incêndios Florestais, provavelmente, ele diria a começar e por analogia com o seu mito: «retirem-se as árvores mortas e plantem-se árvores vivas»…

Mas nós não queremos que o Marquês «cá venha outra vez» (…) pelo que é a nós que compete pensar e agir à altura das necessidades e das próprias vicissitudes.

A extensão e a violência dos Incêndios Florestais têm sido as suas principais características, com vários deles a percorrerem mais de 20 mil hectares seguidos entre Floresta a Matos, não poupando sequer áreas urbanas significativas…

Pois, a primeira e mais importante de todas as decisões a tomar, e das planificações a fazer, é a de reordenar o (a falta de) Ordenamento Florestal por forma a IMPEDIR, e de todas as formas, que se continuem a ter no terreno milhares de hectares seguidos – plantados em modo de produção (super) intensivo e em regime de monocultura INDUSTRIAL – com espécies altamente comburentes como o são o Eucalipto e (ainda) o Pinheiro.

Entretanto, e desde já, também é necessário que o Estado Português e seus Órgãos de Soberania, a começar pelo Governo, se deixem de «conversa redonda» e, sem mais hesitações (para ficarmos por esta palavra…), enfrentem as poderosas «famílias» das Indústrias das Fileiras Florestais – e, no caso, das Celuloses e Aglomerados – para também assim se conseguir – rapidamente – melhores Preços das Madeiras na PRODUÇÃO enquanto condição estruturante para se alterar – para (muito) melhor – o mau estado geral das Florestas e daquilo que mais lhe está associado.

Parques de recepção e escoamento das madeiras «salvadas» dos incêndios

Ardeu bem mais de uma centena de milhar de hectares de Floresta. Ficaram «montes» de cinzas e milhões de árvores enegrecidas ainda ao alto… São milhões de toneladas de Madeira muito desvalorizada, ao ponto de pouco ou nada renderem…

Ficaram milhares de Produtores Florestais sem (quase) nada. Estão montes e vales pejados de «destroços», ou já nus, à espera das chuvas para se «derreterem» para as linhas de água e poluírem…

Em primeiro lugar, ao Estado compete, através dos seus Órgãos de Soberania e respectivas «Administrações», incluindo Autarquias, a criação e administração – céleres e eficazes – de numerosos Parques Públicos de recepção e escoamento das Madeiras «salvadas» dos Incêndios Florestais.

E, a montantes destes, é também imperiosa a operacionalização de sistemas organizados – nomeadamente públicos – de corte e remoção das árvores «a salvar» das Matas ardidas, a começar pelo Pinheiro que depressa se degrada. E, dentro e a jusante desses Parques de Recepção das Madeiras «salvadas», necessário é assegurar a fiscalização rigorosa dos processos e dos meios a envolver no escoamento – na comercialização – dessas Madeiras...

Tudo coordenado – com sabedoria – com o objectivo de «limpar» as zonas ardidas, de evitar mais erosão e poluição – de promover, já, um correcto Ordenamento Florestal – de assegurar algum rendimento aos pequenos e médios Produtores Florestais que, na desgraça, não podem ficar entregues a si próprios, à natureza ou aos especuladores.

«Árvore, minha Amiga! – Floresta, minha Vida!»

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