Cuba e os direitos humanos, uma história

Se isto é não ter direitos humanos, vivemos mesmo numa humanidade perdida, porque Cuba deixa aos seus calcanhares a generalidade dos países do mundo.

Créditos / Granma

Hoje não são poucos aqueles que reconhecem que os meios de informação dominantes procuram propagar em conformidade com os interesses dos sistema dominante. É assim recorrente a manipulação e falsificação da informação que rompe com o mainstream de organização da sociedade – onde impera a exploração, as desigualdades, a naturalização daqueles que muito têm à custa de uma maioria sacrificada.

Esta reflexão não está desligada do que tanto se diz de Cuba e de Fidel Castro. A sua morte foi um pretexto para vários meios voltarem à carga, dizendo que Cuba é uma ditadura. Muitos não se dão ao trabalho de grande argumentação, mas de qualquer forma, alegar os atentados aos direitos humanos e à liberdade de expressão é coisa da cartilha.

Quem conhece realmente Cuba, o seu povo, o processo revolucionário, e não tem intenções de a denegrir, até ri (para não chorar) quando se fala na «falta» de direitos humanos.

Cuba ocupa mundialmente posições cimeiras no que toca a indicadores de saúde, esperança de vida, literacia e educação. É conhecido o nível destacado dos cubanos na cultura e o seu grau de preparação e participação políticas. Cuba atingiu patamares de excelência reconhecidos a nível internacional em áreas de ponta da ciência e técnica, como a biotecnologia. A saúde, educação e cultura (que em conjunto com o desporto representam cerca de 70% do orçamento cubano) são áreas em que o Estado cubano garante o acesso universal e gratuito.

Mesmo ao lado dos EUA, onde um curso superior custa em média 80 mil dólares, Cuba demonstra que a educação pode ser gratuita e de qualidade. Quando nos EUA explode a revolta contra o racismo e a brutalidade policial, em Cuba os polícias andam desarmados. Cuba aterroriza os paladinos dos «impossíveis» porque mostra que é possível um sistema de saúde gratuito, universal e de alta qualidade, uma taxa de desemprego abaixo dos 2% e uma taxa de analfabetismo de 0,2%.

«Dói-lhes» saber que se a América Latina tivesse a taxa de mortalidade infantil de Cuba, seriam salvas anualmente 800 mil crianças; que das 30 mil crianças que morrem diariamente vítimas de sarampo, malária, difteria e desnutrição, nenhuma é cubana; que dos 200 milhões de crianças que todas as noites dormem nas ruas, nenhuma é cubana. Cuba aterroriza os senhores do dinheiro porque não exporta bombas, mas sim médicos.

No seu último relatório, a Unicef informa que dos 146 milhões de crianças menores de cinco anos afectadas pela desnutrição grave, nenhuma é cubana. No mesmo sentido, a maioria dos países presentes no Conselho de Direitos Humanos saudou os progressos da ilha socialista no cumprimento dos chamados Objectivos do Milénio, sublinhando que os avanços em matéria de saúde e investigação, educação e cultura, igualdade de género e combate à discriminação, erradicação da pobreza e da fome, foram alcançados.

Se isto é não ter direitos humanos, vivemos mesmo numa humanidade perdida, porque Cuba deixa aos seus calcanhares a generalidade dos países do mundo.

Podemos questionar como se consegue ter este processo quando todas as baterias estão apontadas para o seu extermínio, começando na acção dos EUA. Este «paladino da democracia» fez atentados, nomeadamente a Fidel Castro, promoveu golpes de Estado, mantém o «campo de concentração» de Guatanamo com presos cubanos que nem foram julgados, e mantém o bloqueio económico há mais de 50 anos, grande entrave a avanços económicos.

Mas há coisas que nem os grandes meios conseguem apagar e tal foi visível com a morte do Comandante: milhares e milhares de pessoas em Cuba prestam-lhe nestes dias homenagem e participam nas cerimónias fúnebres decretadas pelo Governo Cubano; e são muitas as mensagens de respeito de vários locais do mundo, reflexo da solidariedade internacionalista que caracteriza a política do Estado cubano. Nada apaga o que um povo sente quando perde um símbolo da sua luta e da sua libertação. As suas lágrimas, a sua manifestação de tristeza, são reflexo da persistente luta por um país soberano, emancipado, onde floresceu a igualdade de direitos,que hoje está muito longínqua em quase todo o mundo.

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