|Música

Álbuns de José Afonso finalmente reeditados

Onze álbuns do Zeca, lançados originalmente entre 1965 e 1981, vão estar de novo disponíveis para o público.

Alunos da escola secundária José Afonso passam junto a uma criação do artiista português Alexandre Farto, que assina Vhils, do cantor Zeca Afonso. no Seixal (foto de arquivo)
CréditosJoão Relvas / LUSA

A família do cantor escolheu o dia 25 de Abril para anunciar a reedição dos onze álbuns lançados originalmente pelo artista entre 1965 e 1981, numa parceria com a editora Lusitanian Music.

Em comunicado citado pela Lusa, a família revela que, «neste 25 de Abril, o lançamento digital do single «Coro da Primavera» marca o regresso às edições discográficas da obra de José Afonso».

Os discos encontram-se indisponíveis há vários anos e a família assume «a importância cultural de disponibilizar esta música ao mundo».

José Afonso lançou em 1968 o seu disco de estreia na editora Orfeu, de Arnaldo Trindade, sob o título Cantares do Andarilho, que incluía temas como «Natal dos Simples» e «Vejam Bem».

Até 1981, editou uma série de álbuns que se tornaram marcos da música portuguesa, desde Contos Velhos Rumos Novos (1969) a Fados de Coimbra e Outras Canções (1981), passando por Traz Outro Amigo Também (1970), Cantigas do Maio (1971), Eu Vou Ser Como a Toupeira (1972), Venham Mais Cinco (1973), Coro dos Tribunais (1974), Com as Minhas Tamanquinhas (1976), Enquanto há Força (1978) e Fura Fura (1979).

Segundo o referido comunicado, «o projecto prevê uma sequência de edições, nos formatos clássicos (CD e vinil) e no ecossistema digital, lançadas sob um novo selo, agora criado pela Lusitanian para divulgar esta obra única no panorama da música nacional e internacional».

As novidades sobre o projeto serão disponibilizadas «em data a anunciar brevemente», através do site www.joseafonso.net.

Os 11 discos já haviam sido alvo de reedição pela Orfeu, entre 2012 e 2013, para assinalar os 25 anos da morte do compositor. Na altura foram restaurados e remasterizados digitalmente pelo engenheiro de som António Pinheiro da Silva e a edição contava com novos textos que contextualizam o momento em que foram feitos, no percurso de José Afonso.

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Obra fonográfica de José Afonso vai ser classificada de interesse nacional

Será a primeira vez que a obra fonográfica de um autor é classificada como «conjunto de bens móveis de interesse nacional», revelou o Ministério da Cultura.

Aspecto parcial do monumento em homenagem a Zeca Afonso, da autoria do escultor António Trindade (n.1936), inaugurado em Grândola a 23 de Abril de 1999.
José Afonso, músico e cantor da Resistência e da Liberdade, faria hoje 91 anosCréditos

O Ministério da Cultura vai abrir um processo de classificação da obra fonográfica do músico e cantor José Afonso, como «conjunto de bens móveis de interesse nacional».

Trata-se da primeira vez que a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) inicia um processo de classificação de uma obra fonográfica, revelou o Ministério da Cultura em comunicado emitido ontem, na véspera de se assinalar o 91.º aniversário do nascimento de José Afonso.

Segundo a tutela, abre-se um precedente para que «qualquer cidadão possa, a partir de agora, propor a classificação de um bem ou de um conjunto de bens fonográficos», numa estratégia para o património sonoro que visa «a criação de bases legais e técnicas relativas ao património sonoro, como é o caso do Arquivo Nacional do Som».

A decisão hoje anunciada surge um ano depois de o parlamento ter aprovado um projecto de resolução do Partido Comunista Português (PCP) que recomendava ao Governo a classificação da obra de José Afonso como de interesse nacional, com vista à sua reedição e divulgação.

Na altura, a família de José Afonso, detentora dos direitos da obra musical, manifestou o apoio à classificação da obra, e a Associação José Afonso (AJA) reuniu mais de 11 mil assinaturas numa petição pública que apelava à mesma decisão.

Ainda em 2019 a ministra da Cultura, Graça Fonseca, afirmava que o processo de classificação não se iniciou mais cedo, por não existir acesso às 'masters' e ao conteúdo das gravações originais de José Afonso.

A situação foi caracterizada por Francisco Fanhais, presidente da AJA, como de um «imbróglio jurídico» resultante da falência de algumas das editoras discográficas de José Afonso, que comprometiam a sua reedição (ver caixa).

José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos, também conhecido por Zeca Afonso, foi uma figura maior da cultura portuguesa e, simultaneamente, um cidadão civicamente empenhado antes e depois do 25 de Abril, lutador pela liberdade, a democracia e a justiça social.

Nasceu a 2 de Agosto de 1929 em Aveiro e começou a cantar enquanto estudante em Coimbra, tendo gravado os primeiros discos no início dos anos 1950 com fados de Coimbra, pela Alvorada, «dos quais não existem hoje exemplares», refere a AJA na biografia oficial do músico.

«Voz de um povo sofrido, voz de denúncia, voz de inquietude. Voz sinete da revolução de Abril», como descreve a AJA, José Afonso gravou álbuns como Cantares do Andarilho, Traz Outro Amigo Também, Cantigas do Maio, Venham Mais Cinco, Coro dos Tribunais ou Com as Minhas Tamanquinhas.

Autor de «Grândola, Vila Morena», uma das canções escolhidas para anunciar a revolução de Abril de 1974, José Afonso morreu a 23 de Fevereiro de 1987, em Setúbal, de esclerose lateral amiotrófica, diagnosticada cinco anos antes.

Assinalando a passagem do aniversário do seu nascimento, uma estátua em tamanho real do cantautor foi descerrada hoje em Belmonte, onde viveu quando jovem.
 

Com Lusa

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Em Setembro do ano passado, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) abriu o processo de classificação da obra fonográfica do músico José Afonso por considerar que representa «valor cultural de significado para a Nação».

Tratou-se da primeira vez que a DGPC iniciou um processo de classificação de uma obra fonográfica, revelou então o Ministério da Cultura.

A decisão surgiu um ano depois de o parlamento ter aprovado um projecto de resolução do Partido Comunista Português (PCP) que recomendava ao Governo a classificação da obra de José Afonso como de interesse nacional, com vista à sua reedição e divulgação, e de a Associação José Afonso (AJA) ter reunido mais de 11 mil assinaturas numa petição pública que apelava à mesma decisão.

Nessa altura, a família de José Afonso, detentora dos direitos da obra musical, manifestou o apoio à classificação da obra e recordou que estava a «colaborar directamente com o Ministério da Cultura, desde 2018», para que se desenvolvesse o processo.

José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos, também conhecido por Zeca Afonso, foi uma figura maior da cultura portuguesa e, simultaneamente, um cidadão civicamente empenhado antes e depois do 25 de Abril, lutador pela liberdade, a democracia e a justiça social.


Nasceu a 2 de Agosto de 1929 em Aveiro e começou a cantar enquanto estudante em Coimbra, tendo gravado os primeiros discos no início dos anos 1950 com fados de Coimbra, pela Alvorada, «dos quais não existem hoje exemplares», refere a AJA na biografia oficial do músico.

O autor de "Grândola, Vila Morena", uma das canções escolhidas para senha do avanço das tropas, na Revolução de Abril de 1974, de que hoje se assinalam os 47 anos, morreu em 23 de Fevereiro de 1987, em Setúbal, de esclerose lateral amiotrófica, diagnosticada cinco anos antes.


Com Lusa

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