«Comuna o nada - A organização popular que sustenta a revolução bolivariana»

A grata surpresa ao assistir «Comuna o nada - A organização popular que sustenta a revolução bolivariana» talvez esteja em descobrir a robustez do sistema de comunas na Venezuela. O documentário do Brasil de Fato fornece-nos, nuns rápidos 30 minutos, um condensado de depoimentos e experiências de dirigentes comunais  que apresentam as diversas possibilidades organizativas desse sistema.

O documentário, disponível no canal do Brasil de Fato no Youtube, foi gravado durante a campanha eleitoral de 2024 e deixa claro que as comunas são hoje um importante pilar de apoio e manutenção da revolução bolivariana. No entanto, é de dentro das comunas, que ocupam 90% do território do país, que a população exerce poder decisório, de democracia participativa.

Decidir e construir habitação popular, produzir géneros agrícolas e beneficiados a partir da propriedade comum de todos os trabalhadores da comuna, proporcionar o sustento alimentar da população local e com os lucros da produção investir em educação, saúde e infra-estrutura de comunicações para a própria comunidade, essas são algumas das capacidades da organização popular dentro das comunas venezuelanas.

Apesar do orgulho em relação ao sistema de comunas, a luta das suas populações ainda é constante com o governo central, como afirma o dirigente da Comuna Socialista Che Guevara, segundo o qual nos últimos dois anos não tem sido fácil garantir a compra da produção pelo Estado. A compra pelo sector público é vista como fundamental para desenvolver a economia e os processos produtivos, principalmente para evitar crises de abastecimento como as que ocorreram por conta dos bloqueios económicos e da pandemia. Para contornar as dificuldades, muitas comunas têm feito negócios entre si e com outras organizações sociais.

Esses curtos 30 minutos são suficientes para começar a questionar o que recorrentemente é dito sobre a população da Venezuela e como é supostamente subjugada. O documentário não deixa de fora as dificuldades e as crises, mas mostra como esse mesmo povo enfrenta soberanamente os problemas através da organização das comunas.