Pelo menos três pessoas ficaram feridas no Bairro de Ilioupolis, em Salónica, na sequência de um ataque perpetrado este domingo por um grupo de dez a 15 «fascistas e neonazis», armados com correntes, pés-de-cabra, facas e tasers, contra militantes do Partido Comunista da Grécia (KKE) e da Juventude Comunista (KNE) que distribuíam panfletos à população.
Nikoleta Theognostou, vereadora do KKE e que estava no local no momento do ataque, disse à imprensa que grupos fascistas operam no bairro há muito, com a tolerância das autoridades governamentais.
De acordo com o portal idcommunism.com, o ataque deste domingo segue-se a outros, também em Salónica, perpetrados recentemente contra antifascistas, organizações de esquerda, estudantes e sindicalistas na escola vocacional de Stavroupolis.
O KEE, que instou o governo de Kyriakos Mitsotakis a «tomar medidas» e a «assumir responsabilidade na resposta à actividade dos bandos fascistas», convocou uma manifestação para o próximo sábado, dia 9, em Salónica.
Organização popular e luta de massas «isolarão e esmagarão» o fascismo
A Agence France Presse (AFP) refere que a Grécia assiste a uma nova vaga de ataques contra comunistas e elementos de esquerda, de que é exemplo a agressão, igualmente perpetrada no domingo, contra participantes numa mobilização antifascista realizada no bairro operário de Neo Iraklio, em Atenas.
A Federação Internacional de Resistentes (FIR) rejeita, numa nota, a resolução do Parlamento Europeu (PE) aprovada no passado dia 19 em que se «equipara e condena nazi-fascismo e comunismo». Tanto a FIR como as federações que a integram – como é o caso da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) – não podem de modo algum concordar com a resolução que, a 19 de Setembro de 2019, foi aprovada no PE, com os votos favoráveis de 535 deputados, a oposição de 66 e a abstenção de 52, e que alegadamente abordava «o significado do passado europeu (ou consciência histórica europeia) para o futuro da Europa». Para a FIR, o «texto da declaração não mostra o futuro da Europa, mas é uma recaída ideológica nos piores tempos da Guerra Fria, que estão expressos nesta resolução, que surgiu por iniciativa dos estados Bálticos e da Polónia». «Contrariamente a todas as evidências científicas», o texto alega que foi apenas com o Tratado de Não Agressão Germano-Soviético que «ficou marcado o rumo para a Segunda Guerra Mundial», denuncia a FIR, sublinhando que «a reconstrução dos acontecimentos que conduziram à Segunda Guerra Mundial é limitada, tendenciosa, instrumental e não tem qualquer base científica». «Junta opressores e oprimidos, vítimas e carniceiros, invasores e libertadores. A resolução é um texto grosseiro de propaganda ideológica, digna dos piores momentos da Guerra Fria», declara-se na nota. A FIR questiona os deputados sobre a ameaça externa actual a que se referem quando, na resolução aprovada, se afirma, «perversamente», que «assume uma importância decisiva para a unidade da Europa e dos seus povos e para o fortalecimento da resistência da Europa às actuais ameaças exteriores que as vítimas dos regimes autoritários e totalitários sejam lembradas». «A declaração criticou de facto um novo revisionismo histórico». No entanto, «se os membros do PE condenam nalguns estados europeus a glorificação das pessoas que colaboraram com os nazis, ao mesmo tempo adoptaram a narrativa histórica desses mesmos estados europeus de que a Rússia alegadamente falsifica factos históricos e encobre os "crimes cometidos pelo regime totalitário da União Soviética"», denuncia a Federação de Resistentes. Neste sentido, a FIR e todas as federações dos «sobreviventes da perseguição fascista, os combatentes contra a barbárie nazi e todos os antifascistas dizem "não" a tais falsificações históricas» e acusam a resolução do PE de «escolher um caminho de divisão lacerante, em vez de uma responsável e rigorosa unidade», num tempo de «perigo crescente de fascismo, racismo e nacionalismo». A FIR, que rejeita a recente resolução do PE em que se equipara e condena nazi-fascismo e comunismo, lembra as palavras do escritor alemão Thomas Mann, que, em 1945, avisou: «Colocar comunismo russo no mesmo plano moral que o nazi-fascismo, porque ambos seriam totalitários, é, na melhor das hipóteses, superficial; na pior, é fascismo. Quem insiste nesta equiparação pode considerar-se um democrata, mas, na verdade e no fundo do seu coração, é um fascista, e irá seguramente combater o fascismo de forma aparente e hipócrita, e deixa para o comunismo todo o ódio.» Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Resistentes antifascistas rejeitam «falsificações históricas» promovidas pela UE
«Não» às falsificações da história
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Ontem, indica a AFP, a Polícia grega deteve um homem de 30 anos suspeito de pertencer a um grupo de extrema-direita e de ter participado neste e noutros ataques recentes a militantes de esquerda.
Em comunicado, o KKE destacou que, um ano depois da condenação do Aurora Dourada, «fica provado que o fascismo continua a ser uma arma útil […] do sistema, que não hesita em usá-lo contra […] os comunistas que lideram a organização e o fortalecimento da luta popular».
Para os comunistas, têm responsabilidade nestes ataques os «funcionários governamentais, políticos, jornalistas e outros membros do establishment que, todos os dias, equiparam a violência criminosa nazi à luta do povo e à actividade do KKE, reproduzindo assim a teoria dos "dois extremos"».
«Deste modo, absolvem e acabam por armar os fascistas», afirma, sublinhando que estes «serão isolados e esmagados» pela organização popular e a luta de massas.
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