As relações entre o ex-ministro da Economia Manuel Pinho, o Grupo Espírito Santo e a EDP são mais um caso que evidencia «a submissão do poder político ao poder económico», afirmou Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP.
O deputado comunista pôs o dedo na ferida, ao evidenciar a falta de transparência nos processos de privatizações, concessões e de parcerias público-privado (PPP), sobre os quais pendem suspeitas de corrupção.
Telhados de vidro à direita
Pouco antes, o CDS-PP e o PSD tinham abordado a matéria, com Assunção Cristas a pedir uma auditoria ao Ministério da Economia, que foi ocupado até há menos de três anos pelo destacado elemento do seu partido António Pires de Lima.
Também Fernando Negrão (PSD) questionou António Costa sobre o caso Pinho, assim como sobre a situação do ex-primeiro-ministro José Sócrates, igualmente suspeito da prática de corrupção.
O tema é incómodo não só para o PS, mas também para o PSD e o CDS-PP, e nem a fuga para a frente escondeu algum incómodo com o passado. António Costa aproveitou para lembrar o caso Moderna e as fugas de informação de que Fernando Negrão foi o principal suspeito enquanto director da Polícia Judiciária. O caso, que envolveu o antecessor de Cristas, Paulo Portas, levou mesmo à demissão de Negrão pelo então ministro da Justiça, Vera Jardim.
Partidos reclamam combate à promiscuidade
Jerónimo de Sousa elencou o património de propostas do PCP sobre a matéria, nomeadamente sobre o enriquecimento injustificado, a circulação entre os gabinetes ministeriais e os conselhos de administração das empresas, ou o regime de incompatibilidades. Já o BE, através de Catarina Martins, retomou a proposta vetada pelo Presidente da República de levantamento do sigilo bancário acima dos 50 mil euros.
Saúde: são precisas «outras medidas, com outro financiamento»
O sector da Saúde foi outro dos temas visados no debate desta tarde, em simultâneo com a greve dos médicos. António Costa lembrou os 3600 médicos contratados, em resposta a uma pergunta do secretário-geral do PCP: «Quando é que o Governo passa das palavras aos actos?»
Face à resposta, Jerónimo de Sousa acabaria por afirmar que «a conclusão devia ser óbvia. Se essas medidas que estão a ser tomadas não resolvem os problemas há que continuar a procurar resolvê-los com outras medidas, com outro financiamento, respondendo às aspirações de quem trabalha nesse sector».
O primeiro-ministro já tinha respondido que «as greves fazem parte da democracia», em resposta a questões de Catarina Martins. Mas Heloísa Apolónia (PEV) frisou que não basta afirmar isso, é preciso que o Executivo faça uma «leitura» dos protestos, também na Educação.
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