Voto foi aprovado na AR – abstenções de PS e BE foram decisivas

PSD apresenta voto de condenação por detenção que nunca ocorreu

Propaganda contra Cuba chega à AR pela mão do PSD: afinal, a suposta detenção de jornalistas portugueses nas cerimónias fúnebres de Fidel Castro foi um «controlo, na rua, de documentos».

Funeral de Fidel Castro, no cemitério de Santa Ifigénia, em Santiago de Cuba. 4 de Dezembro de 2016
CréditosJuvenal Balán / Granma

Apesar de a Assembleia da República (AR) ter aprovado o voto proposto pelo PSD, em protesto «pela detenção de jornalistas portugueses em Cuba», o que aconteceu de facto está muito longe da história contada pelo Expresso, e que um incauto PSD reproduziu.

De acordo com a enviada do semanário, um conjunto de jornalistas portugueses teriam sido detidos pelas autoridades cubanas quando se preparavam para cobrir o último dia de cerimónias fúnebres, no Leste do país caribenho. Teriam, porque a embaixadora de Cuba em Portugal, Johana Tablada, já veio esclarecer que o episódio não passou de um «controlo, na rua, de documentos».

Isto porque os jornalistas do Expresso e da SIC se preparavam para «violar um perímetro de segurança», de forma a terem acesso à derradeira cerimónia fúnebre, amplamente divulgada como «privada e familiar, vedada totalmente ao público».

A diplomata cubana revelou que acompanhou o episódio com «contactos imediatos» com a SIC e com Cuba «e tudo ficou imediatamente esclarecido, em minutos». Lembra ainda que toda a imprensa portuguesa e internacional, e também os jornalistas em causa, «não tiveram qualquer dificuldade em acompanhar todas as cerimónias ao público e à imprensa».

O PSD levou o seu voto a votação no plenário da AR, esta manhã, tendo sido aprovado, já que o CDS-PP e o PAN também votaram a favor, e o PS e o BE se abstiveram.

No entanto, a história mal contada da detenção de jornalistas portugueses não foi a única na qual o PSD caiu. O voto faz referência a outra detenção, desta vez de um jornalista da TVE (Espanha), no dia 29 de Novembro, para provar que Cuba promove «práticas opressivas e intimidatórias».

Também aqui o PSD caiu no engodo: o próprio relato do jornalista espanhol desmente a tese, afirmando que foi «retido», após realizar uma entrevista numa zona que estava sujeita a um perímetro de segurança temporário, devido às preparações para as cerimónias que tiveram lugar essa noite, com a participação de numerosos chefes de Estado e de governo, e outros representantes de centenas de países.

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