No primeiro domingo do ano verificaram-se urgências fechadas em seis serviços, quase todos na região de Lisboa e Vale do Tejo. O que podia ser notícia quase que parece um déjà vu. A par destas, outros 13 serviços estiveram reservados a urgências internas e a casos referenciados pelo INEM e pela linha SNS24, segundo o site do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
O caso repetiu-se no segundo fim-de-semana do ano, o que revela que a anormal normalidade do passado ano terá continuidade em 2025. Mesmo face a todos os problemas identificados e noticiados, Ana Paula Martins, ministra da Saúde, continua na sua linha de não assumir os problemas e enganar os utentes.
Em Lisboa, à margem de um encontro que está a ter com associações de doentes da área de oncologia, a responsável da tutela, sobre os tempos de espera em alguns serviços de urgência do país, disse: «Não posso reconhecer de maneira nenhuma que o plano de inverno esteja a falhar. Desde logo porque o plano de inverno, que foi feito por todas as nossas unidades de saúde familiar, apresenta níveis de contingência muito claros e eles têm sido respeitados».
A ministra escolheu, assim, a sua própria métrica de sucesso. Ou seja, se a exigência do seu plano for baixa e for cumprida, então está tudo perfeito. Ainda sobre os serviços de urgência, Ana Paula Martins admitiu ter «uma preocupação evidente com algumas unidades de saúde que, pela pressão que estão a sofrer, apresentam tempos de espera muito acima daquilo que não só é recomendado sob o ponto de vista clínico, mas eu até sob o ponto de vista humano». Apesar disso insistiu na tese de que «uma parte da pressão que acontece nos hospitais nesta altura também tem que ver com o facto de termos (…) mais de um milhar [de doentes] nos hospitais e que não deviam lá estar».
Questionada sobre o balanço do novo modelo de urgências, com o alargamento do projeto de pré-triagem «Ligue antes, Salve Vidas», reiterou que só pode ser feito dentro de «umas semanas».
Ainda questionada sobre se a resposta que está a ser dada nas urgências é eficaz com equipas constituídas também por internos com pouca experiência, a ministra escusou-se a responder, porque a organização destes serviços «depende, e bem, dos diretores dos serviços de urgência e dos diretores clínicos das instituições», sendo muito variável no país.
Também hoje, precisamente sobre a área da Saúde, após uma visita ao Hospital de Santarém, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, considerou que o que todos têm pela frente «é um Governo com pressa em desmantelar o SNS, em transformar as valências do SNS em áreas de negócio, e movimenta as suas peças com o objectivo de concretizar esse objectivo. É muito bom para os grandes grupos económicos, para a vida das pessoas é uma desgraça».
Para o comunista, o «Governo investe de forma considerável no desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde, na transferência de serviços públicos para a esfera do negócio privado e transfere milhares de milhões de euros de recursos públicos para aqueles que fazem da doença um negócio».
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui