Segundo uma peça do Jornal de Notícias (JN) desta segunda-feira, centenas de jovens portadores de deficiência estão a ser mandados para casa ao completarem os 18 anos. Os alunos são obrigados a deixar a escola, mas os pais não têm onde deixá-los, uma vez que as instituições especializadas que garantem os lugares contratualizados com o Estado encontram-se com os lugares esgotados.
Seria nestas instituições que os jovens deveriam ter acompanhamento findo o trajecto escolar. Desta forma, muitos pais são obrigados a ficar com os filhos em casa, tendo em conta que não têm condições económicas para pagar as terapias em entidades privadas.
O JN informa que as listas de espera são «enormes», e que no último ano lectivo saíram das escolas mais 1879 alunos portadores de necessidades educativas especiais. Destes, 291 frequentavam unidades de apoio à multideficiência.
O recurso a unidades privadas, sem o apoio do Estado, obriga a condições financeiras para acatar todas as despesas. «Não chegam 1200 a 1500 euros por mês», afirma ao JN Luís Correia, presidente da Humanitas. A estadia forçada em casa, sem acompanhamento especializado, tem consequências negativas para os jovens. «Regridem em muito pouco tempo os progressos que fizeram», sublinha Luís Correia.
No final do percurso escolar, o acompanhamento passa do Ministério da Educação para o Ministério da Solidariedade e da Segurança Social. Segundo o Instituto da Segurança Social, prevê-se celebrar novos acordos de cooperação para centros de actividades ocupacionais e rever alguns já firmados, o que afirmam que garantirá a abrangência de mais 558 utentes, não sabendo porém quantos jovens aguardam em lista de espera por uma colocação nesses centros.
Fonte do Instituto revela ao JN que «futuramente está previsto um trabalho com as IPSS [Instituições Particulares de Solidariedade Social], no sentido de efectuar um cruzamento dos utentes em lista de espera, uma vez que haverá um número significativo de utentes inscritos em mais que uma instituição». Consideram prioritária a «diversificação de respostas e de serviços a prestar à população adulta com deficiência».
Ana Sezudo, presidente da Associação Portuguesa de Deficientes, afirma que esta não é uma situação nova, e que urge encontrar soluções. Defendeu que o ensino público deve estar melhor preparado para dar resposta à capacitação dos jovens portadores de deficiência, nomeadamente na preparação para o «contexto de trabalho». Confirma que são várias as situações em que as famílias têm de alterar a sua vida para dar resposta ao acompanhamento que necessitam os jovens portadores de deficiência.
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