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Venezuela fecha gabinete europeu em Lisboa da PDVSA

O gabinete europeu da Petróleos de Venezuela S.A. vai ser encerrado e transferido para Moscovo. Lisboa começa a pagar o intervencionismo arrogante de António Costa e Augusto Santos Silva.

Créditos / AVN

O governo venezuelano decidiu transferir o gabinete europeu da empresa estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA), até agora sediado em Lisboa, para Moscovo, na Rússia, anunciou a vice-presidente da República, Delcy Rodríguez, em visita àquele país, informou hoje a Agencia Venezolana de Noticias (AVN).

A transferência da sede europeia da PDVSA é feita para «afiançar a nossa cooperação» com a Rússia mas também devido «ao que está a ocorrer com os activos de PDVSA» tanto nos Estados Unidos como «em outros países intolerantes que estão a despojar a Venezuela dos seus activos», declarou Delcy Rodríguez, obviamente incluindo nos mesmos Portugal.

A vice-presidente enfatizou que a «reformatação das relações da Venezuela» se deve a que a Europa – referindo-se aos países da União Europeia (UE) – «não dá garantias de respeito pelos nossos activos», recordando a medida do Banco de Inglaterra que se está a apropriar do ouro venezuelano. «O mundo capitalista viola as suas próprias leis», concluiu Delcy Rodríguez.

A vice-presidente da Venezuela deu a conhecer que o actual passo dá-se «no momento mais oportuno» e tem em conta o desenvolvimento da cooperação energética com as empresas russas Rosneft e Gazprom.

Os Estados Unidos aplicaram várias sanções económicas contra a Venezuela, principal fonte de lucros daquele país caribenho e, recentemente, anunciaram novas medidas contra países «que estabeleçam negócios relacionados com a transacção de ouro e petróleo da Venezuela», escreve a Lusa.

Ao contrário, a Rússia rejeita «categoricamente» medidas de pressão através de sanções contra o governo de Caracas e apela ao diálogo como única forma de solucionar a grave crise política em que se encontra a Venezuela, segundo a mesma agência.

Atitude do Governo português: nem constitucional nem recomendável

Portugal foi um dos países europeus que endereçaram um ultimato a Nicolás Maduro e reconheceram a autoproclamação de Juan Guaidó como «presidente interino» do país, violando os princípios constitucionais de não-ingerência da Constituição da República Portuguesa. João Ferreira (PCP) afirmou à Lusa que, ao apoiar um golpe de Estado – «na prática é do que se trata», sublinhou o deputado ao Parlamento Europeu – o Governo viola a Constituição e não defende os interesses dos portugueses.

Especialistas em Relações Internacionais dos insuspeitos Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI) e Centro de Estudos Internacionais (CEI) do ISCTE, consideraram, em declarações prestadas à Lusa, que o Governo português se terá precipitado ao reconhecer o autoproclamado presidente Juan Guaidó. «Perante o cenário complexo da Venezuela», Portugal deveria ter mantido «a neutralidade para poder actuar como mediador», pode ler-se no DN de 5 de Fevereiro de 2019, que reporta a entrevista. José Pedro Teixeira Fernandes, investigador do IPRI, crê que as decisões de apoio a Guaidó são «questionáveis» e Cátia Miriam Costa, investigadora do CEI, classifica a decisão portuguesa de «simplista».

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