Com o mote «as dificuldades no acesso dos cidadãos à saúde», o PSD agendou hoje debate no Parlamento. Se a memória falhar, pelas declarações de hoje deste partido, ninguém «os leva presos».
Se por um lado é clara a intenção de apagar da memória as medidas lesivas do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e dos seus profissionais, que levou a cabo nos diversos governos pelos quais passou, é também visível que o PSD pretende capitalizar legítimos descontentamentos que radicam na frustração de expectativas a que o actual Governo do PS dá causa, ao limitar a resolução de problemas em nome do sacrossanto défice.
Mas veja-se que se fosse verdade que o PSD se preocupa com o acesso à Saúde, não foi hoje capaz de explicar porque, só no anterior governo, procedeu a cortes brutais no seu financiamento, encerrou dezenas de serviços de proximidade, urgências, maternidades e serviços de saúde mental, reduziu camas, fez com que mais de 1,5 milhões de portugueses ficassem sem médico de família, e elevou tempos de espera para cirurgias e consultas, pondo em causa muitas vezes a segurança dos utentes.
Também nada disse sobre a desvalorização dos profissionais de saúde com o congelamento de carreiras e o aumento do número de horas de trabalho. Com o governo de PSD e CDS-PP o SNS perdeu 7000 profissionais.
É que o PSD não disse mas, a par dos cortes no financiamento do SNS, foram transferidos centenas de milhões de euros por ano dos Orçamentos do Estado para os grupos privados na área da Saúde.
Ficou ainda por explicar pelo PSD, se é verdadeira a narrativa de que está preocupado com o acesso dos cidadãos à Saúde, por que razão terá votado contra medidas que melhorariam esse mesmo acesso. Como justifica assim os votos contra propostas como a do fim das taxas moderadoras, o fim das parcerias público-privadas ou medidas para melhorar o transporte de doentes não urgentes?
O SNS carece de investimento e valorização dos seus profissionais e o Orçamento do Estado de 2019 disponibiliza verbas para a resolução de alguns desses problemas. Mas em nome do défice, o Governo do PS vai-se encolhendo e o PSD vai, oportunisticamente, procurando com essas limitações fazer-se ao caminho para Outubro.
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