O ministro venezuelano da Comunicação e Informação, Jorge Rodríguez, apresentou esta quinta-feira, numa conferência de imprensa no Palácio de Miraflores (sede do governo), as declarações do mercenário norte-americano Airan Berry, um dos 23 detidos até ao momento pelas Forças Armadas e de segurança, na sequência da fracassada tentativa de invasão costeira.
Com 41 anos, Berry confirmou a sua ligação a Jordan Goudreau, dono da empresa de mercenários Silvercorp, que assinou um contrato milionário com o dirigente da oposição venezuelana Juan Guaidó para fixar os termos da operação terrorista a levar a cabo, tal como revelam documentos já divulgados e os depoimentos de diversos envolvidos.
Berry disse ter dado treino em tácticas de combate urbano em acampamentos na Colômbia, onde se encontravam entre 50 e 60 paramilitares sob o comando do desertor venezuelano Antonio Sequea, que participou activamente na tentativa de golpe de Estado de 30 de Abril de 2019, liderado por Guaidó e Leopoldo López.
Interrogado sobre a natureza da sua missão depois de entrar em Caracas, Berry, que integrou as Forças Especiais de combate dos EUA e participou em missões norte-americanas no Iraque em 2003, 2005 e 2007 – segundo revela a TeleSur –, respondeu que devia apoiar as forças que tinham como objectivo tomar o Aeroporto Internacional Simón Bolívar.
Berry e Luke Denman – outro mercenário norte-americano capturado pelas autoridades venezuelanas – deviam então garantir a vinda de outros aviões, que levariam o presidente da Venezuela, sequestrado, para os EUA.
O ex-militar e mercenário texano disse também que a «Operação Gedeón» tinha diversos objectivos específicos, sendo um deles assassinar o presidente Nicolás Maduro. Os outros eram tomar a Direcção-Geral de Inteligência Militar, o Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) e o Palácio de Miraflores. Para além disso, na base aérea de La Carlota, os terroristas tinham de garantir o controlo da pista de aterragem.
As declarações de Berry – refere a Prensa Latina – coincidem com as que Luke Denman prestou às autoridades venezuelanas. A este propósito, Jorge Rodríguez disse que «parece inverosímil que esta operação, que implicava a captura de um aeroporto para permitir a entrada de aviões estrangeiros, pudesse ser levada a cabo sem a coordenação com os governos dos Estados Unidos e da Colômbia».
Plano apoiado pela Colômbia e o narcotráfico
Na conferência de imprensa, Rodríguez destacou as ligações entre Juan Guaidó, os desertores venezuelanos e terroristas que se treinam na Colômbia com os narcotraficantes no país vizinho.
Entre estes, referiu-se a Elkin Javier López Torres, Doble Rueda, «um dos principais chefes do narcotráfico colombiano na península de La Guajira» e que pôs a sua quinta, localizada junto à fronteira com a Venezuela, à disposição da «Operação Gedeón», tendo ali decorrido os treinos finais, segundo o ministro. Também Airan Berry disse tê-lo visto nesse local.
Jorge Rodríguez sublinhou a «clara ligação» de Juan Guaidó e dos desertores venezuelanos a narcotraficantes como Doble Rueda, e destacou o «envolvimento brutal e intensivo do governo colombiano, presidido por Iván Duque, no apoio a todo o tipo de acções criminosas e violentas contra a Venezuela».
«Todas as acções que ocorreram na Venezuela desde 2016 têm apoio logístico e local de treino na república irmã da Colômbia, e isso acentuou-se com Iván Duque», afirmou Rodríguez.
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