|Sri Lanka

Pelo menos um morto e vários feridos em protestos contra o governo no Sri Lanka

A Polícia disparou contra grupos de pessoas que se manifestaram esta terça-feira, em vários pontos do país asiático, contra a subida dos preços dos combustíveis. Pelo menos uma morreu.

A subida no preço dos combustíveis e a escassez de bens têm levado a múltiplos protestos contra o governo cingalês 
Créditos / rnz.co.nz

Em Rambukkana, refere o diário The Island, os manifestantes bloqueavam a linha ferroviária havia várias horas em protesto contra o aumento do preço dos combustíveis, e, ontem à noite, a Polícia disparou contra eles.

Pelo menos um morreu e 24 ficaram feridos, sendo que 21 tiveram de ser hospitalizados, indica a fonte, acrescentando que é a primeira vez que a Polícia cingalesa dispara contra as pessoas que, desde 31 de Março, se manifestam contra o governo de Gotabaya Rajapaksa, responsabilizando-o pela deterioração da situação económica da ilha.

Um representante da Polícia afirmou que os agentes recorreram à força depois de os manifestantes se terem «tornado violentos» e começado a «danificar a propriedade pública».

Esta manhã, a Polícia cingalesa afirmou que o recolher obrigatório imposto em zonas do distrito de Kegalle, onde se localiza Rambukkana, se iria manter.

Ontem, ao início do dia, operadores privados de autocarros de Colombo e subúrbios, bem como em várias províncias, suspenderam os serviços, depois do forte aumento do preço do combustível, revela The Island.

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Custo de vida sobe mas salários não: funcionários públicos fazem greve no Sri Lanka

Centenas de milhares de funcionários públicos cingaleses realizaram uma greve para exigir aumentos salariais, tendo em conta as sucessivas subidas de preços e a crise económica do país.

Trabalhadores durante a jornada de greve no Sri Lanka 
CréditosNimalsiri Edirisinghe / Daily Mirror / Peoples Dispatch

Mais de 600 mil trabalhadores filiados na Associação dos Sindicatos de Funcionários Públicos do Sri Lanka (Slgotua, na sigla em inglês) fizeram uma greve a meio da semana em protesto contra «a incapacidade do governo de resolver as questões salariais, enquanto o custo de vida aumenta», noticiou esta quinta-feira o portal Peoples Dispatch.

Fontes sindicais revelaram que a adesão à paralisação rondou os 80%. Num ano com repetidas subidas de preços dos bens essenciais, os trabalhadores exigem ao executivo que os seus salários registem um aumento de, pelo menos, 18 mil rupias (cerca de 78 euros).

O governo do presidente Gotabaya Rajapaksa afirmou que «não há possibilidades de aumentar os salários nas actuais circunstâncias» e, perante esta falta de resposta positiva às suas exigências, no dia 5 a associação sindical anunciou que ia avançar com a greve, segundo informou o jornal The Morning.

Várias organizações representativas dos trabalhadores, incluindo a Federação dos Sindicatos de Funcionários Públicos do Sri Lanka, que reúne 35 organizações, disseram que iriam participar na jornada de protesto.

Estado de emergência económica prolonga-se e vários sectores mobilizam-se

A greve, que teve lugar no dia 8, ocorreu na sequência de um mês de mobilizações em vários sectores – como na Saúde, na Educação e na Energia –, num contexto em que se mantém o estado de emergência económica imposto pelo presidente em Agosto último (posteriormente ratificado no Parlamento).

De acordo com o Peoples Dispatch, os protestos frequentes este ano mostram a saturação da população com a política do actual executivo, que acusam de ser «favorável às grandes empresas».

No mês passado, trabalhadores da Educação alcançaram melhorias salariais após quatro meses de luta. Já na Saúde pública, o governo continua a não aceder às reivindicações dos trabalhadores e, a 24 e 25 de Novembro, mais de 50 mil trabalhadores participaram numa greve de dois dias.

Apontando responsabilidades à crise económica que o país insular enfrenta, o governo anunciou um corte de seis mil milhões de rupias [mais de 26 milhões de euros] para o sector da Saúde no Orçamento de 2022.

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Além de Rambukkana, onde os manifestantes bloquearam a passagem de comboios e as estradas, outros pontos do país foram palco de cortes de estradas, incluindo a autoestrada Katunayake-Colombo, próxima do aeroporto internacional de Bandaranaike.

O serviço privado de autocarros não foi reposto em muitos locais, com os operadores a exigirem uma revisão imediata das tarifas, e a Polícia interveio em vários pontos do país insular.

Apesar das garantias reiteradas, ao longo do tempo, de que a rede de distribuição de combustível seria normalizada, tal não se verificou e as entidades responsáveis continuaram a aumentar os preços, tal como ocorreu na segunda-feira.

Segundo refere o portal Newsclick, os sindicatos anunciaram um «protesto negro» para forçar a demissão do governo, acusando-o de má gestão na actual crise económica. Joseph Stalin, do sindicato dos professores, disse que realizariam piquetes vestidos de negro.

O país da Ásia do Sul vive uma das piores crises económicas desde a independência do Reino Unido, em 1948, em parte provocada pela falta de divisas estrangeiras, que impede o país de pagar as importações de alimentos e combustíveis, gerando situações de grave escassez e preços muito elevados.

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