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Sindicatos de jornalistas exigem a libertação de Julian Assange

«Pedimos que Julian Assange seja libertado, reabilitado e entregue à sua família, que possa por fim viver normalmente», disse esta quarta-feira o presidente da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ).

O fundador do WikiLeaks foi detido pela Polícia britânica em 2019 
Créditos / Télam

A FIJ e mais uma dezena de sindicatos do sector instaram ontem as autoridades britânicas a «libertar imediatamente e sem condições» o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, depois de, na semana passada, Londres ter aprovado a sua extradição para os Estados Unidos.

Assange, de 50 anos, é reclamado pela Justiça norte-americana pela publicação de mais de 700 mil documentos classificados sobre as actividades militares e diplomáticas dos EUA, especialmente no Iraque e no Afeganistão, desde 2010. Incorre numa pena de 175 anos de prisão.

Entre os documentos, refere a agência argentina Télam, figurava um vídeo que mostrava civis, incluindo dois jornalistas da agência Reuters, que foram mortos por disparos de um helicóptero de combate norte-americano no Iraque, em Julho de 2007.

Depois de uma longa batalha judicial, o governo de Boris Johnson confirmou, no passado dia 17, a sua extradição para os Estados Unidos, país que o acusa de espionagem.

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López Obrador insiste na libertação de Assange

O presidente mexicano defendeu, esta terça-feira, a libertação do jornalista australiano, pediu à ONU que faça o mesmo e disse que a questão será abordada na sua visita a Washington, em Julho.

Uma defensora de Julian Assange segura um cartaz em sua defesa e contra a extradição, junto ao Tribunal de Westminster, em Londres 
Créditos / globaltimes.cn

Na encontro diário com os jornalistas no Palácio Nacional, na Cidade do México, López Obrador reafirmou que as portas do país americano estão abertas para Julian Assange, caso seja libertado, e anunciou que, depois de já ter tratado o caso com o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, também vai solicitar a Joe Biden a libertação do co-fundador do WikiLeaks, cuja extradição para os EUA foi autorizada pela Justiça e o governo britânicos.

López Obrador exibiu um vídeo, divulgado pelo WikiLeaks, em que jornalistas que cobriam a invasão norte-americana do Iraque são assassinados por elementos da Força Aérea dos EUA, para assim expressar que as revelações de Assange não são espionagem e que é por isto que se encontra preso.

Neste sentido, considerou muito decepcionante que a Justiça britânica e o governo liderado por Boris Johnson tenham extraditado Julian Assange para os Estados Unidos e perguntou: «E as liberdades? Vamos tirar a estátua da liberdade de Nova Iorque? Vamos continuar a falar de democracia? Vamos continuar a falar de protecção de direitos humanos e liberdade de expressão?»

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Assange e a miséria do jornalismo

Perante a mascarada de justiça que prossegue num tribunal de Old Bailey, evaporam-se os princípios deontológicos e as normas éticas de uma profissão essencial para a dignidade de qualquer ser humano.

Activistas dos direitos humanos manifestaram-se em apoio de Julian Assange em frente à embaixada britânica em Bruxelas, Bélgica, a 7 de Setembro de 2020. O fundador do Wikileaks, que se encontra preso no Reino Unido, contesta a partir de hoje, num tribunal londrino, um pedido de extradição apresentado pelos EUA por ter exposto segredos militares relacionados com crimes de guerra cometidos por este país no Afeganistão e no Iraque
Julian Assange contesta num tribunal londrino, desde 7 de Setembro passado, um pedido de extradição apresentado pelos EUA por ter exposto segredos militares relacionados com crimes cometidos por este país Créditos EPA/OLIVIER HOSLET / LUSA

O silêncio guardado pela comunicação social corporativa em relação ao linchamento judicial de Julian Assange e da liberdade de informação que está a decorrer em Londres testemunha o estado de miséria a que chegou o jornalismo dominante, capturado pelos grandes interesses minoritários e elitistas que controlam o mundo.

Perante a mascarada de justiça que prossegue num tribunal de Old Bailey para crucificar o homem que contribuiu para demonstrar alguns dos mais incontestáveis crimes contra a humanidade que têm vindo a ser cometidos em nome da democracia, das liberdades e dos direitos humanos, evaporam-se os mais básicos princípios deontológicos e as mais elementares normas éticas de uma profissão que é essencial para a dignidade de qualquer ser humano, sob qualquer sistema político e em qualquer lugar do mundo. O martírio de Assange é relatado e desmontado apenas por jornalistas e comentadores submetidos a uma espécie de clandestinidade mediática, barrados pelo muro espesso de silêncio, manipulação e mentira montado pelos proprietários dos meios de informação dominantes e alimentado pelas suas hierarquias de mercenários.

Vingança e intimidação

Em termos formais, o que está em causa no julgamento do fundador do website WikiLeaks em Londres é um pedido de extradição apresentado pela justiça norte-americana para que Assange venha a ser julgado nos Estados Unidos por uma panóplia de supostos crimes, os mais sonantes dos quais são a espionagem e a conspiração. A seriedade do processo é tal que a sentença do julgamento em território norte-americano é conhecida por antecipação: 175 anos de reclusão. Sem dúvida, um caso de viciação em que o resultado é divulgado antes de se iniciar o jogo.

«Tal como o silêncio do sistema mediático corporativo enxovalha o jornalismo, a criação e funcionamento do tribunal de Londres para julgar o pedido de extradição de Assange deixa de rastos o conceito de justiça»

Na prática, estamos perante a um assalto vingativo contra alguém que expôs os crimes e os métodos de propaganda suja praticados pelos Estados Unidos e muitos dos seus aliados – designadamente através das guerras sem fim – para gerirem a pretendida globalização imperial e neoliberal; e testemunhamos um assalto desapiedado contra a liberdade de informação através da intimidação dos jornalistas que levam a sério o seu ofício, doa a quem doer.

O julgamento do pedido de extradição apresentado pelos Estados Unidos é mais uma etapa de um caminho repleto de atrocidades processuais contra Assange, a começar por um caso de alegado assédio sexual praticado na Suécia e que foi – como está hoje provado – totalmente montado pela polícia sueca, certamente não apenas por iniciativa própria. Um percurso que prosseguiu com o penoso refúgio de anos na Embaixada do Equador em Londres, a traição do governo deste país chefiado pelo colaborador da CIA Lenin Moreno e o posterior internamento, em condições insalubres, na prisão de Belmarsh na capital britânica, por suposta falta a uma audiência de um tribunal. Uma prisão onde Julian Assange é submetido a «tortura psicológica», como denunciou o relator especial das Nações Unidas sobre a tortura, Nils Metzer – sem que isso tenha sido suficiente para soltar a verve do secretário-geral da organização sobre a gravidade do assunto.

Jornalismo e oportunismo

«Assange não é jornalista», alegam mercenários da propaganda dominante como pretexto para se eximirem à solidariedade corporativa que lhes assentaria muito bem em termos de hipocrisia mas os forçaria a abordar segundo perspectivas mais objectivas a mascarada de justiça que acontece em Londres.

Ser ou não ser jornalista levar-nos-ia muito longe, não sendo esta a questão de fundo do que está em causa.

«O que melhor traduz, porém, a hipocrisia e o oportunismo da comunicação corporativa em relação ao papel jornalístico de Julian Assange é [que] usaram, abusaram e lucraram das mensagens a que tiveram acesso sem qualquer esforço e depois, como agora é evidente, traíram vergonhosamente o mensageiro»

Julian Assange é fundador e director de WikiLeaks, um website jornalístico com matérias editadas, designadamente para omitir identificações que deixariam pessoas à mercê de eventuais consequências do seu envolvimento em casos reproduzidos pela publicação. Parte da acusação bastante fluida construída pelos Estados Unidos para o processo de extradição tem falsamente a ver com isso: a publicação de materiais resultantes de fugas de informação de organismos públicos prejudicaria funcionários inocentes. No tribunal, porém, os advogados de acusação não conseguiram ainda dar um único exemplo da utilização indevida por WikiLeaks de identificações de pessoas associadas aos documentos.

Julian Assange foi agraciado, entretanto, com prémios jornalísticos atribuídos por diversas entidades de múltiplas nacionalidades – o que o coloca inquestionavelmente na área de intervenção do jornalismo.

O que melhor traduz, porém, a hipocrisia e o oportunismo da comunicação corporativa em relação ao papel jornalístico de Julian Assange é o facto de os meios de informação dominantes ditos «de referência», sem excepção, terem reproduzido, com absoluta confiança, matérias divulgadas por WikiLeaks e que deixaram a galáxia de poder global bastante comprometida. Esses meios cumpriram parcialmente o seu dever recorrendo a WikiLeaks como fonte fidedigna. Isto é, usaram, abusaram e lucraram das mensagens a que tiveram acesso sem qualquer esforço e depois, como agora é evidente, traíram vergonhosamente o mensageiro.

Na prática, os New York Times ou Washington Post, os El País, Le Monde, Spiegel, BBC, Sky, Reuters, AFP, CBS, CNN e correlativos não tiveram qualquer pudor e reticência em recorrer ao WikiLeaks de Assange como acervo de fontes acima de quaisquer suspeitas mas agora silenciam uma estratégia de linchamento assumida pelas castas dominantes que pretende punir, tornar ilegítimas e silenciar essas riquíssimas fontes de jornalismo livre.

Paródia de justiça e baixa política

Tal como o silêncio do sistema mediático corporativo enxovalha o jornalismo, a criação e funcionamento do tribunal de Londres para julgar o pedido de extradição de Assange deixa de rastos o conceito de justiça.

«as figuras coroadas da chamada «civilização ocidental» preparam-se para enclausurar alguém que simboliza o jornalismo livre e, por isso, naturalmente incómodo. Pretendem isolá-lo numa pequena cela por um horizonte temporal de 175 anos e deitar a chave hora – afinal uma variante agravada e sádica da simples pena de morte»

O modo como se processa o «julgamento» é aberrante em termos de desequilíbrio entre acusação e defesa, o processo foi instruído por uma juíza, Emma Arbuthnot, carregada de incompatibilidades – por exemplo, o marido é membro de um grupo de pressão do governo dos Estados Unidos –, Julian Assange está forçado ao silêncio absoluto, segregado numa jaula de vidro blindado. Fica claramente explicado que, para o regime de tendência global, um bom jornalista livre é um jornalista enjaulado e calado. Além disso, os advogados de defesa não podem utilizar mensagens de Assange na sua argumentação, sob pena de serem, eles próprios, criminalizados. Acresce que a defesa não teve acesso ao teor das acusações, que vão variando com o andamento do «julgamento», e os juízes rejeitaram todos os pedidos de adiamento, impedindo que os advogados de Assange pudessem adaptar a sua estratégia ao aparecimento de dados novos.

Nada mais existe do que um arremedo de justiça como caminho para a sentença pré-estabelecida: a extradição do fundador de WikiLeaks para os Estados Unidos e para a morte lenta. Trata-se de tentar cobrir com um invólucro de «justiça» a vingança e a punição letal contra o homem que, sem cometer ilegalidades, recorrendo apenas à divulgação de informação qualificada que lhe foi cedida por fontes de dentro do sistema, desvendou os crimes e os métodos arbitrários e violentos usados pela elite dominante em nome do monopólio da «democracia» e dos «direitos humanos».

Entretanto chegou ao tribunal londrino a informação de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estaria disposto a «perdoar» a Assange caso este identificasse a fonte das informações obtidas no interior do Partido Democrata e que, por exemplo, deixaram a ex-secretária de Estado e ex-candidata presidencial, Hillary Clinton, atolada num muito comprometedor pântano de emails. Com esta manobra Trump quererá provar que a fonte pertence ao próprio Partido Democrata; e a Comissão Nacional deste partido continua a argumentar que as informações divulgadas por WikiLeaks foram fabricadas pelos serviços secretos russos. Uma trica doméstica em tempos eleitorais.

Ora o que tem isto a ver com justiça? Os acontecimentos vêm confirmar que o processo em torno de Assange não passa de política, uma política reles, perigosa e criminosa. Isto é, o presidente dos Estados Unidos pode passar por cima do tribunal de Londres, do processo instruído e outorgar «perdão» a um réu a ser julgado noutro país desde que este quebre uma norma básica do jornalismo que ainda o é: manter o anonimato das fontes. Se alguma coisa tem a ver com justiça neste processo, é apenas com uma arbitrária justiça imperial.

Entretanto, praticamente sem que o mundo se aperceba disso e com a cumplicidade daqueles que usurparam e desmantelaram o nobre ofício de jornalista, as figuras coroadas da chamada «civilização ocidental» preparam-se para enclausurar alguém que simboliza o jornalismo livre e, por isso, naturalmente incómodo. Pretendem isolá-lo numa pequena cela por um horizonte temporal de 175 anos e deitar a chave hora – afinal uma variante agravada e sádica da simples pena de morte.

Os jornalistas livres e independentes e os cidadãos em geral considerem-se avisados.

José Goulão, Exclusivo O Lado Oculto/AbrilAbril

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Assim, insistiu que, quando se reunir com o presidente dos EUA, na visita que deve fazer ao vizinho do norte em Julho, lhe vai pedir que preste atenção ao caso de Assange, tendo recordado que já fez o mesmo com Trump, uma vez que o chefe de Estado tem o poder de amnistiar.

«Tenho a noção de que [isto] vai contra grupos duros que há nos Estados Unidos, como em todos os países, mas deve prevalecer o humanismo», disse, citado pelo diário La Jornada.

Andrés Manuel López Obrador referiu-se a Assange como um dos melhores jornalistas da actualidade, que «partilhou e divulgou não apenas textos, mas também imagens de violações flagrantes dos direitos humanos por parte de tropas dos Estados Unidos».

«O seu crime entre aspas foi denunciar a ingerência da administração dos EUA nos assuntos internos de outros países», insistiu. Por isso, considerou Assange «um preso de consciência, injustamente tratado».

«Esperava que a Justiça no Reino Unido actuasse correctamente, que o protegesse, porque sabem o que o espera no país para o qual o vão extraditar; no entanto, aquilo que fizeram foi muito decepcionante», denunciou, citado pela Prensa Latina.

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«Se Julian Assange for libertado, ter-lhe-ão roubado dez anos de vida», sublinhou esta quarta-feira, numa conferência de imprensa em Genebra (Suíça), Dominique Pradalié, presidente da FIJ.

A organização a que Pradalié preside representa cerca de 600 mil profissionais de mais de 180 sindicatos e federações do sector, em 140 países.

«Isto estabelece um precedente muito perigoso para a liberdade de imprensa», acrescentou Mika Beuster, co-presidente da Associação de Jornalistas Alemães, que conta com 30 mil membros.

«Ao extraditar Assange, estamos a fazer da democracia refém», afirmou, por seu lado, Pierre Ruetschi, director do Clube de Imprensa suíço.

Solidariedade e alerta na Argentina

Também o Sindicato de Imprensa de Buenos Aires (Sipreba) – que integra a Federação Argentina de Trabalhadores da Imprensa (Fatpren), que por sua vez faz parte da FIJ –, repudiou «a decisão das autoridades britânicas de extraditar Julian Assange» e exigiu a libertação do jornalista australiano.

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Assange preso pela Polícia britânica na Embaixada equatoriana em Londres

O fundador do WikiLeaks foi retirado esta quinta-feira da Embaixada do Equador em Londres – onde permanecia desde 2012 –, depois de o presidente equatoriano lhe ter retirado o asilo diplomático.

Manifestantes em Quito, Equador, expressam o seu apoio ao fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que permaneceu mais de seis anos na embaixada do país em Londres
Créditos / wjct.org

Na sua conta de Twitter, o portal WikiLeaks sublinha que o seu fundador «não saiu da Embaixada», acrescentando que foi o embaixador equatoriano no Reino Unido, Jaime Marchán, a convidar os agentes da Polícia Metropolitana a entrarem na representação diplomática, onde Assange foi preso de imediato.

O convite foi confirmado pela Polícia britânica num comunicado emitido esta manhã, no qual se dá conta da detenção de Julian Assange e da sua transferência para uma esquadra no Centro de Londres, onde deverá permanecer até ser presente ao Tribunal de Magistrados de Westminster.

A detenção do jornalista de 47 anos, de origem australiana, foi também confirmada pelo ministro britânico do Interior, Sajid Javid, que garantiu que Assange irá «enfrentar a Justiça no Reino Unido», segundo revela a RT.

Lenín Moreno retira asilo diplomático a Assange

Julian Assange foi preso pouco depois de o presidente do Equador, Lenín Moreno, ter decidido retirar-lhe o asilo diplomático, acusando-o de «violar repetidamente convenções internacionais» e de ferir «demasiadas vezes» o protocolo de convivência que permitia garantir a sua permanência na embaixada.

As relações entre o fundador da WikiLeaks – a quem o anterior presidente do país sul-americano, Rafael Correa, concedeu a nacionalidade equatoriana – e o governo do Equador foram-se deteriorando com a chegada de Lenín Moreno ao poder, em 2017. Em Março do ano passado, Assange ficou sem acesso à Internet, alegando o governo do país latino-americano que o jornalista ficava assim impedido de «interferir nos assuntos de outros estados soberanos», informa a RT.

Assange era um hóspede cada vez mais incómodo para Moreno, até porque o WikiLeaks tinha divulgado um relatório sobre o envolvimento do actual presidente equatoriano numa rede de corrupção chamada «INA Papers». O WikiLeaks afirmou que as acusações lançadas por Moreno contra Assange estão relacionadas com esta divulgação.

Refúgio na embaixada desde 2012

Julian Assange encontrava-se desde 2012 na Embaixada do Equador em Londres, que lhe concedeu asilo – e posteriormente a cidadania –, protegendo-o contra um mandado de detenção europeu e a detenção iminente por parte das autoridades britânicas.

O refúgio ocorreu já depois de, em 2010, o portal WikiLeaks ter divulgado centenas de milhares de documentos confidenciais relacionados com as acções militares dos EUA no Afeganistão e no Iraque, bem como centenas de telegramas diplomáticos do Departamento de Estado norte-americano.

Assange temia ser extraditado para os EUA – mesmo depois de as autoridades suecas terem arquivado, em 2017, um caso relacionado com alegados crimes de natureza sexual – e ser ali indiciado pela publicação, ao longo dos anos, de informação secreta pelo WikiLeaks, entre a qual se encontram centenas de milhares de documentos diplomáticos secretos dos EUA.

Espionagem a Assange

A detenção do fundador do WikiLeaks ocorre um dia depois de um editor do portal, Kristinn Hrafnsson, ter denunciado que Assange estava a ser alvo de uma grande operação de espionagem, por parte do governo de Lenín Moreno, no interior da representação diplomática equatoriana em Londres, com o objectivo de recolher dados para uma eventual extraditação.

O portal apresentou como provas excertos de vídeos e fotografias de câmaras de vigilância das reuniões privadas de Assange.

De acordo com Hrafnsson, o material foi guardado e muito provavelmente partilhado com a administração norte-americana. O islandês disse ainda que havia uma ordem de extradição à espera de ser enviada para Londres quando Assange saísse da embaixada.

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Em Maio último, indica a Télam, o Sipreba promoveu uma carta aberta às autoridades britânicas para pedir a rejeição da extradição do jornalista Julian Assange, bem como a sua libertação, que contou com as assinaturas de Nora Cortiñas e Taty Almeida – membros destacados das Mães da Praça de Maio – e de mais de mil personalidades das áreas dos direitos humanos, da comunicação, do movimento sindical e da cultura.

«O seu processamento estabelece um precedente perigoso que pode ser aplicado a qualquer meio de comunicação que publique histórias baseadas em informação filtrada, ou inclusive a qualquer jornalista, editor ou fonte em qualquer parte do mundo», apontava a missiva.

O fundador do WikiLeaks foi preso pela Polícia britânica em 2019, depois de ter estado refugiado durante sete anos na Embaixada do Equador em Londres.

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