|Carris Metropolitana

Utentes clamam por melhores transportes públicos em Almada

As Comissões de Utentes da Península de Setúbal agendaram uma concentração para 11 de Outubro, às 18h, à porta dos TST, em Almada, «para reclamar o cumprimento dos contratos e correspondentes horários e carreiras».

O protesto é convocado depois de reuniões da Comissão com as populações, apurando as suas principais reivindicações
Créditos / Agência LUSA

Desde 1 de Julho de 2022, quando a Carris Metropolitana assumiu a rede de transportes públicos rodoviários nos concelhos a sul do Tejo da Área Metropolitana de Lisboa, acumulam-se reclamações por parte dos utentes, diariamente confrontados com vários constrangimentos causados pelas empresas privadas que prestam este serviço: a «supressões de carreiras, falta de informação e incumprimento dos horários, alteração dos trajectos e mais tempo gasto nas suas deslocações».

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Setúbal sai à rua por melhorias significativas nos transportes públicos

A Câmara Municipal de Setúbal está a convocar uma acção de protesto para o dia 1 de Outubro, às 10h30, na Praça Vitória Futebol Clube, contra a ineficiência do serviço de autocarros prestado pela ALSA/TODI.

Reunião pública no Cinema Charlot – Auditório Municipal sobre a situação dos serviços de transporte rodoviário de passageiros, prestado pela ALSA/TODI. A sessão contou com a participação de André Martins, presidente da Câmara Municipal de Setúbal, da vice-presidente Carla Guerreiro e dos vereadores Rita Carvalho, Carlos Rabaçal e Pedro Pina, assim como do presidente da União das Freguesias de Setúbal, Rui Canas. 
Créditos / Câmara Municipal de Setúbal

«Atrasos que levam a esperas significativas dos utilizadores nas paragens, autocarros que nunca aparecem, falta de informação por parte da operadora e falta de respostas às reclamações apresentadas». A população não deixou de se fazer ouvir na segunda, de cinco, reuniões que o executivo CDU da Câmara Municipal de Setúbal (CMS) promoveu em cada uma freguesias do concelho.

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Carris Metropolitana: empresa privada não cumpre os serviços definidos

A União dos Sindicatos de Setúbal (CGTP-IN) considera «lamentável» a postura da concessionária ALSA/TODY que, até à véspera de operação do novo serviço, não deu a formação necessária aos motoristas.

Logótipo da Carris Metropolitana, o novo serviço público de transporte rodoviário de passageiros da Área Metropolitana de Lisboa 
CréditosManuel Almeida / Agência Lusa

A primeira fase de operação da Carris Metropolitana não teve um arranque fácil. Os primeiros dias ficaram marcados por vários atrasos e a supressão de várias carreiras, dificultando a mobilidade de milhares de utilizadores desde o momento em que o novo serviço entrou em funcionamento.

Embora utilizem a marca da Carris Metropolitana, os autocarros e os motoristas desta operação estão contratados a uma empresa privada (neste caso, a ALSA/TODY) que ganhou a concessão num dos quatro lotes da Área Metropolitana de Lisboa (AML). Neste caso, a área engloba os municípios de Alcochete, Montijo, Moita, Palmela e Setúbal.

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Centenas de novos autocarros e serviços no primeiro dia da Carris Metropolitana

Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal inauguram hoje o novo sistema de transporte rodoviário de passageiros da AML. Só o concelho de Palmela vai ter um aumento de serviços na ordem dos 148%.

Cerimónia de lançamento da Carris Metropolitana, realizada no Pátio da Galé, Lisboa, 1 de Abril de 2022 
CréditosManuel Almeida / Agência Lusa

A revolução nos transportes públicos rodoviários da Área Metropolitana de Lisboa (AML) já está na estrada. A nova marca de transportes Carris Metropolitana, gerida pela Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), inicia hoje a sua actividade, circunscrita, por enquanto, a cinco dos 18 concelhos da AML: Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal. 

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Carris Metropolitana: «reforço de frequência, novas carreiras, e novos serviços»

O maior contrato público celebrado em Portugal, para a prestação de um novo serviço de transporte rodoviário na Área Metropolitana de Lisboa (AML), recebeu esta quarta-feira o aval do Tribunal de Contas.

A CarrisBus tem como principal actividade a manutenção e reparação de veículos pesados de passageiros, bem como de carros eléctricos
Créditos / CGTP-IN

O Tribunal de Contas (TC) deu hoje o visto à celebração do contrato promovido pela Área Metropolitana de Lisboa (AML) para a prestação do serviço de transporte público rodoviário de passageiros. Representa o maior investimento público alguma vez celebrado em Portugal na sua área, no valor de 1,2 mil milhões de euros ao longo dos sete anos em vigência.

O contrato dá agora dez meses para que a operação se inicie, período no qual os operadores terão de se preparar para cumprir todas as obrigações impostas pelo concurso, incluindo a contratação e formação de pessoal, aquisição de novos autocarros com tecnologias mais recentes e a substituição da maior parte da frota hoje em funcionamento.

Em declarações ao AbrilAbril, Carlos Humberto de Carvalho, primeiro-secretário metropolitano, responsável pelo orgão executivo da AML, valorizou este investimento, que significará «um reforço de frequência, novas carreiras, e novos serviços na ordem dos 40%» face ao período pré-pandemia. «Os novos horários prolongar-se-ão, em algumas áreas, para a noite e para os fins-de-semana, num reforço da oferta significativo», disse.

A renovação da frota irá igualmente implicar a redução da idade média, que é actualmente de 14 anos, para apenas um ano, e a proibição de circulação de qualquer autocarro com mais de 16 anos.

Os novos autocarros serão «mais qualificados a um nível ambiental, preparados para facilitar a utilização por parte de pessoas com mobilidade reduzida, para pessoas com bicicletas». Outras valências contratadas incluem a instalação de Wi-Fi e de ecrãs com informação e entretenimento. 

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Lisboa vai ter novos passes a partir de 26 de Março

Vão existir dois passes principais na Área Metropolitana de Lisboa: o Metropolitano, no valor de 40 euros e o municipal, por 30 euros, com o nome de cada concelho. Medida extingue 700 passes sociais.

O «Lisboa Viva» é um bilhete fundamental para a mobilidade na AML
Com a nova redução tarifária vão desaparecer cerca de 700 passes sociaisCréditos

Os passes, revela a TSF esta segunda-feira, vão-se chamar Navegante Metropolitano e Navegante – este último é válido para cada um dos 18 concelhos da região de Lisboa. Outra das novidades refere-se à validade. O passe para a Área Metropolitana de Lisboa (AML) «será válido mês a mês e não por 30 dias corridos como acontece hoje em dia», enquanto os meios de carregamento se mantêm. 

«As pessoas vão ao Multibanco e carregam, vão à bilheteira e carregam; é neste sentido que estamos a trabalhar, para que esta transição se faça com a mínima conflitualidade possível», esclareceu aos microfones da rádio o primeiro-secretário da AML, Carlos Humberto de Carvalho. 

A situação dos utentes cujo passe termina a meio do mês de Abril está ainda por definir, o que leva Carlos Humberto de Carvalho a recomendar a compra de bilhetes ocasionais. 

«Se forem dois dias apenas, é preferível comprarem dois dias de bilhetes ocasionais; se o passe terminar a 15 ou a dez, se calhar vale mais continuar a comprar porque é nossa ideia que encontraremos uma solução para os restantes dias do mês de Abril», adianta o primeiro-secretário da AML, sublinhando que durante o mês de Maio «não há títulos de transporte válidos que não sejam os novos títulos». 

Com a nova redução tarifária, inscrita no Orçamento do Estado por proposta do PCP, vão desaparecer cerca de 700 passes sociais, tal como explicou Carlos Humberto. «Vamos reduzir no máximo dos máximos para 70, porquê? Os passes principais são o Metropolitano a 40 euros, que dá para toda a região metropolitana de Lisboa, e o passe municipal a 30 euros, que dá para circular no respectivo concelho.» 

A par do «passe 12 anos», que não tem custo, e serve para as crianças até atingirem os 13 anos, «estamos a estudar uma solução ou outra para acrescentar a estes cinco passes», disse Carlos Humberto. «Mas há os passes que hoje custam abaixo de 30 euros e os que custam entre 30 e 40 euros. Eu diria que a tendência é não fazer aumentos e estamos a ver esses passes um a um», clarificou.

Relativamente aos descontos sociais, do passe 4-18 e sub23, o primeiro-secretário da AML afirmou que «essas categorias financiadas pelo Estado vão existir na mesma», o que significa que «uma pessoa que tenha o sub23 vai ter o desconto respectivo que tinha sobre o valor do passe anterior». Sobre o passe metropolitano, sublinhou, «terá o desconto sobre o valor dos passes metropolitano e municipal», enquanto o passe família «não acrescenta outros descontos». 

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Uma das alterações estruturantes deste processo é a substituição das autorizações provisórias actuais, em que os operadores privados é que decidiam, no essencial, os serviços a prestar, por um contrato de prestação de serviços em que o detentor é a AML, através da empresa Transportes Metropolitanos de Lisboa, que tem a liberdade para definir os serviços que devem efectuar.

O objectivo deste projecto, apontou Carlos Humberto de Carvalho, «era o de procurar que o direito à mobilidade fosse cada vez mais reconhecido na vida das pessoas», tendo já para isso implementado o passe Navegante, «isto é, a redução tarifária e o aumento da mobilidade com esse passe».

«É uma excelente notícia ainda que não entre em vigor no imediato, levará ainda uns meses; mas é muito importante para a região metropolitana de Lisboa e para a mobilidade do País», frisou.

Todos os serviços intermunicipais de transporte rodoviário de passageiros passarão a ser reconhecidos pela marca Carris Metropolitana, circulando nos 18 municípios que compõem a AML. De fora ficam os serviços de âmbito exclusivamente municipal do Barreiro, Lisboa e Cascais.

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«Não são os outros [concelhos] que começam mais tarde, esta área é que começou mais cedo», explicou Carlos Humberto, primeiro-secretário da Comissão Executiva da AML, ao AbrilAbril. O sistema vai ser avaliado ao longo do mês de Junho, permitindo corrigir os problemas em antecipação ao alargamento da rede a toda a área metropolitana, agendado para dia 1 de Julho. 

«É normal que no primeiro dia não esteja tudo a funcionar em pleno», alerta Carlos Humberto, «temos um mês para fazer acertos».

É que a dimensão desta rede de transportes, quando estiver a funcionar em pleno, «será avassaladora»: «São mais de 1500 viaturas, 370 painéis de informação ao público, mil novas paragens, 26 lojas navegantes, de atendimento ao público», representando um investimento total de 1,2 mil milhões de euros.

Cada concelho terá um crescimento médio de serviço a rondar os 35%, em comparação com os serviços que existiam antes da pandemia (não o que está, actualmente, em funcionamento).

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Novos passes impulsionam utilização dos transportes públicos

A venda de passes aumentou 22% entre Março e Setembro de 2019, em comparação com o período homólogo, e número de passageiros com passe cresceu 15%, segundo a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes. 

Utentes denunciam a degradação do serviço prestado pela TST
Créditos

A informação é da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) que, num relatório sobre a implementação do Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART) a que a Lusa teve acesso, analisa dados fornecidos pelas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto, 19 comunidades intermunicipais, 29 municípios e operadores de transportes públicos.

De acordo com os dados preliminares obtidos e ainda «sujeitos a confirmação de dados finais após fecho do ano», na venda de «títulos tipo passe/assinatura» ter-se-á registado um aumento de cerca de 22% entre Março e Setembro de 2019, em relação ao mesmo período do ano anterior.

Na venda de «títulos ocasionais» terá havido uma quebra «inferior a 10%», no mesmo período e também face ao período homólogo. Relativamente ao número de passageiros transportados a nível nacional, para o mesmo período, ter-se-á registado um aumento de cerca de 7%, enquanto no número de passageiros transportados com passe, a subida terá sido de cerca de 15%.

Pelo contrário, «o número de passageiros transportados com títulos ocasionais terá descido cerca de 12%», segundo o relatório da AMT, que é a entidade reguladora e fiscalizadora do sector dos transportes.

No texto, a AMT refere que, da análise dos dados recebidos, parece resultar que as variações registadas a nível nacional são influenciadas, sobretudo, pelos resultados «mais expressivos que se terão registado nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto».

Na Área Metropolitana de Lisboa, é indicado no relatório, a venda de passe terá aumentado cerca de 29%, enquanto o número de passageiros transportados terá subido cerca de 8%. No número de passageiros com passe, o aumento terá sido de cerca de 17%. Quanto à venda de «títulos ocasionais», houve uma quebra de cerca de 9%. Os passageiros transportados com este tipo de títulos também desceu cerca de 15%.

Na Área Metropolitana do Porto, a venda de passes terá subido cerca de 15%. Em relação aos passageiros transportados, a subida terá sido de cerca de 7%, enquanto os que viajaram com passe terão aumentado cerca de 14%.

À semelhança do que aconteceu em Lisboa, a venda de títulos ocasionais na Invicta desceu, apresentando uma quebra de cerca de 7%. O número de passageiros transportados com este tipo de títulos sofreu igualmente uma descida, de cerca de 8%.

Nas comunidades intermunicipais de todo o País, na generalidade, na venda de passes ter-se-á registado uma subida de cerca de 5% e, nas vendas de títulos ocasionais, uma descida de cerca de 1%. 

Sobre os efeitos no sistema de transporte público de passageiros, a AMT conclui que se regista um acréscimo de procura, «em níveis que já não se verificavam há vários anos». O impacto mais relevante verifica-se nas áreas metropolitanas, traduzido em maiores aumentos na procura e nas vendas, lê-se no documento. 

Com agência Lusa

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A vida dos quase três milhões de habitantes na AML será facilitada de outras maneiras: os 903 títulos de transporte distintos, espalhados por 18 concelhos, serão condensados em três bilhetes navegantes pré-comprados ou 3 bilhetes adquiridos a bordo, válidos em todos os autocarros da Carris Metropolitana.

De fora ficam apenas os serviços municipalizados de Lisboa e Barreiro (que integram a Carris Metropolitana nos trajectos intermunicipais) e da Câmara Municipal de Cascais, que decidiu, por conta própria, concessionar os serviços municipais de forma autónoma, uma decisão que pode vir a custar vários milhões de euros aos cofres da autarquia.

Propostas da Câmara Municipal de Palmela, integradas na nova rede, apontam para um aumento de 148% na oferta rodoviária no concelho

«Temos grandes expectativas com o sistema», afirmou Álvaro Amaro, presidente da Câmara Municipal de Palmela (CMP), em declarações prestadas ao AbrilAbril. «Palmela é o maior concelho, em extensão, da AML, com muitos aglomerados dispersos e também com grandes centralidades», mas há muito tempo que a oferta de transportes rodoviários de passageiros era manifestamente insuficiente para todas as necessidades.

A Carris Metropolitana será a solução para muitos dos problemas de mobilidade dos palmelenses. Os contributos da CMP para a planificação da nova rede procuraram sanear as situações mais flagrantes existentes no concelho.

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Revolução nos transportes públicos em marcha

Os novos passes são uma medida revolucionária com impactos sociais, económicos e ambientais, que favorecem sobretudo a classe trabalhadora. Entraram em vigor no dia das mentiras, mas são uma realidade pela qual lutaram milhares de utentes.

Até agora já houve 70 mil pedidos de novos passes em LisboaCréditosMiguel A. Lopes / Agência LUSA

A partir desta segunda-feira, 1 de Abril, os portugueses passam a pagar menos para andar de transportes públicos. Os habitantes dos 18 municípios da Grande Lisboa têm agora a possibilidade de se deslocarem mensalmente em transportes públicos ao custo máximo de 40 euros, o que nalguns casos gera poupanças de cerca de 1500 euros anuais. No Porto, a medida, que deverá ser alargada a todos os operadores a partir do próximo mês, também aporta benefícios a milhares de passageiros, mas já lá iremos. 

A par do importante contributo para as bolsas das famílias, prevê-se que o alargamento do passe social intermodal a todos os operadores e todas as carreiras contribua não só para reduzir a poluição, os acidentes e o stress de quem diariamente serpenteia longas vias dentro da sua viatura, mas melhorar também a qualidade de vida das cidades.   

Em declarações ao AbrilAbril, Bernardino Soares, presidente da Câmara Municipal de Loures, reconhece que esta medida terá um «grande impacto» no concelho de Loures, onde milhares de pessoas se deslocam diariamente em transportes públicos para trabalhar.

«Para além do alívio dos orçamentos familiares com as despesas relacionadas com os transportes públicos, a medida vai certamente contribuir para o gradual abandono da viatura particular, o que trará um descongestionamento significativo no trânsito, bem como uma redução das emissões de CO2», aponta o edil.

Segundo a previsão avançada pelo Governo, 79 mil toneladas de CO2 poderão deixar de ser produzidas anualmente em Portugal como resultado da implementação do Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos (PART). 

Aprovado na Assembleia da República (AR) no âmbito do Orçamento do Estado (OE) para 2019, o PART viu a sua verba subir de 83 para 104 milhões de euros, por proposta do PCP. Desde 1997 (data da sua primeira iniciativa legislativa na AR sobre este tema) que os comunistas lutam pela redução tarifária e pela promoção dos transportes públicos em todo o País, de forma a garantir a qualidade de vida das populações, sem exclusões.

O mesmo prevê o PART, apesar das críticas da direita, que tentou ofuscar os benefícios da medida alegando que introduzia desequilíbrios relativamente ao Interior.

O OE define a distribuição das verbas para cada área metropolitana e para cada Comunidade Intermunicipal (CIM), determinando que 60% dessas verbas sejam dedicadas à redução tarifária. Simultaneamente, prevê que tanto as áreas metropolitanas como as CIM tenham que pôr 2,5% da verba atribuída pelo Estado em 2019, 10% em 2020 e 20% em 2021. 

«No nosso caso, o que decidimos foi que a totalidade da verba [75 milhões de euros] será aplicada na redução tarifária, mas os 18 municípios da AML definiram que em 2019 colocavam no sistema 25 milhões de euros e, em 2020, 31 milhões de euros», esclarece Carlos Humberto, primeiro-secretário da Área Metropolitana de Lisboa (AML), numa entrevista ao AbrilAbril

«Estas verbas são para complementar o PART, isto é, para a redução tarifária, mas também para o aumento da oferta e para outras medidas, no âmbito da mobilidade e dos transportes, que seja necessário tomar», aclara. 

O presidente da Câmara Municipal de Loures acrescenta que a concretização da redução do valor dos passes sociais resulta do «grande envolvimento dos municípios que contribuíram decisivamente para a concretização desta medida», e do investimento financeiro na concretização do passe intermodal. No caso do Município de Loures, o investimento ascende a 2,5 milhões de euros por ano, admite Bernardino Soares.

Crítica com origem de classe

«Dizer-se, como alguns dizem, que Lisboa está a ser beneficiada, é desconhecer ou querer esconder que Lisboa é a zona do País com mais população, cerca de três milhões de habitantes, é a zona onde há mais deslocações pendulares, onde se percorrem mais quilómetros em transporte colectivo, e portanto, parece injusto não reconhecer a necessidade de apoio à redução tarifária de forma significativa na AML», esclarece Carlos Humberto. Por outro lado, recorda, a medida estende-se a todas as CIM do País, que também recebem uma verba nesse sentido.

Para o primeiro-secretário da AML trata-se de uma discussão «descontextualizada e demagógica» que, além de omitir o contributo dado pela AML para o Produto Interno Bruto (PIB), pode ter na origem uma questão de classe. 

«Não percebo a crítica da direita, quando eles sabem que isto vai beneficiar as pessoas, quem faz deslocações pendulares diárias para ir trabalhar ou para ir estudar, e por isso interrogo-me se aqui não está também uma crítica com origem de classe», uma vez tratar-se de uma medida que «beneficia privilegiadamente os trabalhadores». 

Bernardino Soares complementa a ideia, afirmando que os novos passes permitem acabar com uma dupla penalização das populações com menos condições económicas que, por via da especulação imobiliária, são empurradas para longe dos locais onde trabalham e com transportes mais caros. 

«Se fosse para os bancos ou para as parcerias público-privado (PPP), para as quais todos contribuímos com mais de mil milhões de euros, passava», denuncia Carlos Humberto. Por outro lado, critica, «porque é que quando PSD e CDS-PP foram governo tomaram medidas exactamente ao contrário do que afirmam?» 

«Foi cortar, reduzir e dar as piores condições ao sistema de transporte, tanto nas áreas metropolitanas como no País. Veja-se o estado em que ficou a ferrovia portuguesa, as estações e as linhas que foram encerradas, a degradação do material circulante, isso é responsabilidade de quem? Da área metropolitana e dos municípios que propuseram esta medida? De quem aprovou a medida no OE para 2019?», indaga Carlos Humberto.  

Poupanças anuais de 1500 euros  

Com os tarifários que entraram hoje em vigor nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, os utentes atingem poupanças que podem chegar aos 1500 euros anuais. Na AML, os novos passes intermodais mensais chamam-se Navegante Metropolitano e Navegante Municipal. O primeiro custa 40 euros e permite viajar por toda a área metropolitana, o segundo é dez euros mais barato e limitado a deslocações dentro de cada município. 

Entre os que beneficiam de maiores reduções estão, por exemplo, os municípios de Mafra e de Setúbal. Os utentes de Mafra, que até agora despendiam 165 euros do seu salário num passe que os levasse diariamente a Lisboa, passaram a pagar 40 euros, o que equivale a uma redução mensal de 125 euros (1500 anuais). Já os utentes de Setúbal, que até aqui pagavam 161,15 euros por um passe da Fertagus, com Carris e Metro incluídos, para a capital, passam a poupar 121,15 euros mensais, ou seja, 1453,80 por ano.  

Noutros concelhos mais próximos da capital, designadamente no de Loures, os utentes que até agora gastavam 61,20 euros mensais para se deslocarem a Lisboa, passam a poupar 21,20 euros e a poder utilizar as carreiras da Barraqueiro.  

Está igualmente previsto o Navegante 12, que permite às crianças até 12 anos viajarem gratuitamente na AML e, a partir do mês de Julho, os Navegante Família, que vão permitir pagar o máximo de 80 ou 60 euros por todos os passes do agregado, quer se trate dos passes Navegante Metropolitano ou Navegante Municipal, respectivamente. Os descontos que já existiam para estudantes, reformados e pensionistas vão manter-se.  

Por enquanto, só Andante

Na Área Metropolitana do Porto, onde o passe único intermodal ainda não é uma realidade, os novos tarifários são aplicados a partir desta segunda-feira nos transportes do Sistema Intermodal Andante, que inclui a STCP, o Metro e a Resende, entre outras empresas. 

Há o Andante 3Z, que permite circular em três zonas contíguas, e o Andante Metropolitano, que se estende por toda a rede Andante, ao preço de 30 e 40 euros, respectivamente. Mas as vantagens da medida já se fazem notar na carteira dos utentes. Até agora, pagava-se mais 8,40 euros pelo Andante 3Z (38,40) e o Andante 2Z custava 31,15 euros, ou seja, por menos dinheiro cobre-se agora mais território. 

Para se ter uma ideia das avultadas poupanças para os utentes com o Andante Metropolitano (40 euros) basta espreitar o antigo tarifário, onde um passe mensal Andante Z6, utilizado por exemplo para quem mora na Póvoa de Varzim, custava 68,60. 

No caso de Matosinhos, onde todas as redes já estão integradas na rede Andante, os utentes já podem optar livremente entre os andantes 3Z e Metropolitano. Os utentes que dantes pagavam 58,50 euros pelo Andante Z5, para deslocações, por exemplo, entre Lavra (Matosinhos) e o Porto, passam a poupar mensalmente 18,85 euros.  

Novos desafios

Os novos passes entraram hoje em vigor e o objectivo de levar mais pessoas a andar de transportes públicos e tornar as cidades mais respiráveis já começou a ganhar expressão. O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, revelou esta manhã que já houve 70 mil pedidos de novos passes.

A Norte, no período entre 16 e 27 de Março, as lojas Andante contabilizaram 46 mil novas assinaturas, que comparam com as 7150 registadas no mesmo período do mês de Fevereiro. 

Aumentando o número de passageiros é preciso acautelar medidas, como o crescimento da rede, e Carlos Humberto confirma que, no caso de Lisboa, os municípios estão já a trabalhar nesse sentido.

«Entre outras coisas, estamos a organizar um concurso internacional para todo o transporte rodoviário na AML, salvo o que é municipal, com a ideia de que a rede tem que crescer, ou seja, tem que aumentar a oferta, aumentar a frequência, a qualidade do transporte público», realça. 

A ambição, diz Carlos Humberto, é ter uma rede de transportes praticamente nova «dentro de um ano, um ano e pouco». Entretanto, realça que há pequenas medidas que estão a ser tomadas. «A Soflusa está a pensar em aumentar nas horas de ponta, sabemos que outros operadores estão a tomar medidas, a Carris comprou 150 autocarros que vão reforçar a oferta e a rede à medida que forem chegando, e a Fertagus está a tomar medidas pontuais».

Entre os desafios no curto prazo está também a constituição de uma empresa de capitais integralmente municipais ou metropolitanos, com vista a gerir, por exemplo, todo o sistema de bilhética e de informação aos passageiros. «Não temos data mas gostávamos que fosse constituída ainda em 2019», conclui Carlos Humberto.  

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Álvaro Amaro destaca, na nova rede, a ligação das zonas mais rurais de Palmela, Poceirão e Marateca, à sede do concelho, mas a «grande revolução» é a que é feita numa zona com imensa pressão do transporte individual, a zona poente do concelho: Vila Amélia e a Estrada dos Quatro Castelos, «com grande concentração de empresas e milhares de postos de trabalho». 

Outra ligação previamente inexistente é a que une Penalva, o Bairro dos Marinheiros e o Bairro Alentejano, bairros que, antes da Carris Metropolitana, «não tinham ligação nem à sede de freguesia, Quinta do Anjo, nem à estação de Penalva, nem sequer à sede do concelho».

«A nova rede vai racionalizar alguns circuitos, ligando, por exemplo, a estação de Palmela à vila em si», algo que não existia há mais de 20 anos.

«O esforço é grande, a expectativa é grande, haverá certamente uma ou outra zona em que a oferta não corresponderá à procura mas cá estaremos, depois, para fazer essas afinações».

Para já, o que importa é que «quem tinha muito pouco, como era o caso de Palmela», vai ter um aumento muito significativo da oferta, algo determinante para centenas de milhares de pessoas no concelho, na Península de Setúbal e em toda a Área Metropolitana de Lisboa.

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Até à véspera do dia 1 de Junho, quando era suposto começar o novo serviço, a grande maioria dos trabalhadores não tinha recebido, da parte da TST, Transportes Sul do Tejo (para quem trabalharam até ao dia 31 de Maio) ou da nova concessionária, qualquer formação sobre os novos serviços, os novos autocarros, os novos horários e as novas paragens. Essa transferência estaria a ser articulada entre as duas empresas, de acordo com o que ambas confirmaram.

Em comunicado enviado ao AbrilAbril, a União dos Sindicatos de Setúbal/CGTP-IN assumiu não ter dúvidas de que a falta de formação fornecida pela empresa concessionária motivou a decisão «espontânea» dos motoristas em não cumprir o serviço no dia 1 de Junho, bloqueando todo o sistema.

Os sindicatos criticam a postura «lamentável» da concessionária ALSA/TODY que, pela sua inacção, «pôs em causa os avanços que se deram com a oferta do serviço público de transporte rodoviário de passageiros» resultante do novo serviço da Carris Metropolitana.

Os motoristas terão informado a ALSA/TODY, no dia 31 de Maio, em reunião ao final do dia, de que não iriam fazer os novos percursos por falta de segurança, altura em que não era já possível adiar o início do contrato da Carris Metropolitana, nem informar atempadamente as populações.

A união dos sindicatos desta região exige «a devida formação aos trabalhadores da ALSA/TODY», assim como a contratação de mais trabalhadores para o serviço de bilheteira do Interface de Transportes de Setúbal, que, nesta primeira fase de implementação do serviço, não tem condições humanas para dar uma resposta adequada aos utentes.

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As queixas têm-se repetido em cada uma das reuniões realizadas com a população, sendo expectável que as mesmas venham a ser levantadas na última sessão deste conjunto de encontros sobre o serviço de transportes públicos, que se realiza hoje, às 18h30, na União Cultural, Desportiva e Recreativa Praiense, na Junta de Freguesia do Sado.

Na quarta sessão, André Martins, Presidente da CMS, constatou que a empresa com a concessão deste serviço, a ALSA/TODI, «não está em condições de operar, de colocar o sistema a funcionar». «O contrato foi feito com a Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), que já está a acionar os mecanismos previstos para que a empresa passe a operar como acordado. O problema é que a via administrativa e judicial não vai resolver o problema com a urgência necessária».

O autarca adiantou que são realizadas, todas as semanas, reuniões técnicas com a empresa,nas quais a CMS tem transmitido, desde o primeiro momento, as necessidades, preocupações e reclamações pelo serviço prestado que, persistentemente, tem «defraudado as expectativas da população».

A empresa, no entanto, adia consecutivamente a resolução do problema.

Em resposta, o executivo municipal da CDU está a convidar a população a participar numa concentração no dia 1 de Outubro, sábado, a partir das 10h30, na Praça do Vitória Futebol Clube, «para que expresse publicamente a insatisfação sentida pelo serviço».

Um processo revolucionário bloqueado pelas empresas privadas

A ALSA/TODI começou a operar em Setúbal a 1 de Junho de 2022, na sequência da entrada em funcionamento da marca Carris Metropolitana, projecto da Área Metropolitana de Lisboa que decidiu centralizar a gestão dos transportes públicos após a decisão do Governo, em 2015, de delegar essa competência nas câmaras municipais do país.

A empresa pública, TML, criada para o efeito, dividiu a região em quatro lotes de concelhos, para os quais foram criados concursos internacionais para a prestação do serviço por empresas privadas.

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A Transportes Sul do Tejo (TST) e a ALSA/TODI foram as empresas privadas que assumiram a concessão dos transportes rodoviários, sob a égide da Carris Metropolitana. Embora se tenham comprometido com estes serviços e horários, as empresas privadas não têm cumprido os mínimos exigidos, o que já motivou a aplicação de multas pelo não cumprimentos de horários e carreiras.

«Esta situação provoca um enorme desgaste físico e psicológico aos utentes, roubando-lhes qualidade de vida», lamentam, em comunicado, as Comissões de Utentes da Península de Setúbal.

«Os utentes exigem que as administrações destas empresas dignifiquem a carreira de motorista e criem condições atractivas para a captação dos profissionais necessários para cumprirem os contratos de concessão e a prestação do serviço público».

A desculpa usada por ambas as empresas, de que existe uma «falta de motoristas», não cola com os utentes: «é público que há motoristas a sair destas empresas para outras, onde têm melhores condições de trabalho e uma maior remuneração».

Confrontados com estas dificuldades, os utentes decidiram convocar uma concentração para amanhã, dia 11 de Outubro, terça-feira, para reclamar à TST e à ALSA/TODI o cumprimento dos contratos de concessão e das carreiras e horários estipulados.

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