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Pomar e Almada numa exposição sobre o Teatro Nacional D. Maria II

«Quem és tu?», exposição sobre o Teatro Nacional D. Maria II, com objectos da antiga companhia Rey Colaço – Robles Monteiro e desenhos de Júlio Pomar e Almada Negreiros, a partir de hoje, em Lisboa.

CréditosManuel de Almeida / Agência Lusa

A mostra «Quem és tu? – Um teatro nacional a olhar para o país», visa mostrar o País, a partir do teatro, e que papel teve aquele edifício ao longo dos tempos. Chega à capital após um ano de viagem e depois de ter percorrido dez localidades portuguesas, nas diferentes regiões, no âmbito do programa de itinerância «Odisseia Nacional», iniciado pelo D. Maria, em Janeiro de 2023.

Segundo o curador da mostra, esta «é menos sobre os espectáculos e mais sobre o modo como a partir do teatro podemos olhar e desconstruir o próprio país, tentando perceber como é que o teatro – e aí, sim, o teatro oficial, o D. Maria II – se comportou ao longo deste tempo ou se em nome do teatro se fizeram determinadas opções».

A exposição, cuja inauguração está marcada para esta quinta-feira, no Museu do Teatro e da Dança, pretende ainda saber se, por força dos diferentes regimes que o país já viveu, da ditadura à democracia, se produziram efeitos diferentes no cumprimento de missão de um teatro que passou por todo o tipo de sistemas políticos.

O que vai estar patente no Museu Nacional do Teatro e da Dança «não foi pensado num conceito de itinerância», mas mais com o objectivo de «apresentar a história do teatro». Daí que no Museu do Teatro e da Dança, em Lisboa, constem objectos como a arca com que a antiga companhia residente Rey Colaço – Robles Monteiro viajou nos primeiros anos de actividade, que faz parte do espólio do D. Maria II; ou ainda o livro que Amélia Rey Colaço guardou de A mãe coragem, de Brecht, peça que quis fazer logo desde a década de 1950, em tempo de censura, em plena ditadura, e na capa do qual escreveu «Um sonho que não me foi consentido».

Na exposição constam o último figurino usado pela actriz Amélia Rey Colaço, no seu derradeiro papel – Catarina, mulher de João III, na peça El Rei D. Sebastião, de José Régio –que representou em 1985, aos 87 anos.

O desenho de Júlio Pomar para o cartaz do espectáculo Cartas portuguesas, em 1980, e o de Almada Negreiros, em 1965, para o Auto da Alma, estão também patentes, assim como uma pintura de Eduardo Malta, que retrata uma rapariga negra – pintura que faz parte do acervo do Museu José Malhoa, nas Caldas da Rainha, e que no Museu do Teatro é mostrada em confronto com cenários que o artista concebeu para peças do teatro.

«O que esta montagem traz é um conjunto de elementos que sublinham, evidenciam, expõem os paradoxos e as contradições daquilo que em nome do Teatro Nacional fez num edifico e que nos ajuda a perceber de que país estamos a falar», frisou Tiago Bartolomeu Costa à Lusa.

A mostra inclui ainda um conjunto de vídeos do arquivo da RTP que ajudam a perceber, entre outros aspectos, as obras de que o edifício foi alvo depois do grande incêndio, em 1964.

Inaugurada em Março de 2023, em Águeda, a exposição «Quem és tu? – Um teatro nacional a olhar para o país» fica patente no Museu do Teatro e da Dança até 29 de Dezembro. 


Com agência Lusa

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