|Saúde

Atenção, Transmontanos!

Está em curso um processo acelerado de destruição das estruturas públicas de saúde. Ao mesmo tempo, multiplicam-se as aberturas e o reforço de unidades hospitalares privadas, um pouco por todo o país e também na nossa região.

O negócio potencial é de muitos de milhares de milhões de euros. Por isso os interesses são poderosos e começam a ser impiedosos.

Já começou a circulação de responsáveis e de gestores do público para o privado. Parece que é legal. Parece-me que é imoral. Um dos exemplos é o Dr. Óscar Gaspar, ex-secretário de Estado da Saúde do último Governo PS-Sócrates e actual Presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada.

Numa sessão pública recente, na qual se discutiu a situação da saúde no nosso distrito, o presidente da Câmara de Boticas anunciou que tinha sido contactado por uma Unidade Hospitalar Privada do litoral para que a autarquia assegurasse o transporte de doentes para Chaves. Aqui, eles tomariam o autocarro gratuito para o referido hospital privado.

Recentemente ouvi um gestor hospitalar dizer que a construção de Unidades Hospitalares Privadas na região seria benéfica para o nosso Centro Hospitalar! (Aquela ideia dos profissionais de saúde com um pezinho no público e um «pezão» nos privados).

Há uma estratégia adicional para a destruição dos hospitais públicos. Passa a ser um objectivo afastar dos cargos de chefia médica todos os médicos incómodos, com peso institucional, que possam ser um obstáculo ao assalto final que parece avizinhar-se.

Faz-se gala em desrespeitar as carreiras médicas e as suas hierarquias. Aliciam-se médicos mais jovens e insinua-se que o tempo dos mais graduados (entenda-se, os mais motivados para defender o Serviço Nacional de Saúde – SNS) está a chegar ao fim. Promovem-se uns contra os outros. Divide-se para reinar.

Esta situação é grave e tem de merecer uma resposta aos mais diversos níveis. Da Ordem dos Médicos, dos sindicatos, dos autarcas, dos partidos, das populações. Exigem-se respostas ao actual Governo.

O anúncio público por parte da Ordem dos Médicos de um inquérito ao que se está a passar no nosso Centro Hospitalar traduz a gravidade da situação. É também um sinal de que a defesa do SNS se pode fazer em múltiplas frentes.

Em nome do SNS, conquista maior do Portugal de Abril e um dos principais mecanismos de correcção das desigualdades económicas e sociais, todos se devem erguer.

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