Forte adesão na primeira greve geral em tempos de Macri

A primeira greve geral realizada na Argentina desde que Macri é presidente teve uma grande adesão em todo o país, deixando clara a oposição dos trabalhadores às políticas económicas do governo.

Buenos Aires acordou com as ruas desertas
Créditos / portaldiario.net

Buenos Aires amanheceu, tal como outras cidades do país, com as ruas praticamente desertas nesta quinta-feira, facto para que muito contribuiu a adesão de todos os sindicatos do sector dos Transportes.

De acordo com a Prensa Latina, foram mais de 2000 as organizações sindicais que, de uma ponta à outra do país, fizeram apelo à greve geral, nos mais variados sectores de actividade, do Saneamento à Educação, da Saúde à Indústria Metalúrgica, do Comércio aos Bancos, entre outros.

A jornada de luta, convocada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), com o apoio da Central de Trabalhadores da Argentina (CTA) e Central de Trabalhadores da Argentina – Autónoma (CTA Autónoma), surge na sequência do desentendimento entre o governo e os representantes dos trabalhadores, que exigem melhores salários, criação de emprego e uma política que defenda as pequenas e médias empresas.

O protesto insere-se igualmente num contexto de grande inflação (40%), desvalorização dos salários, aumento dos despedimentos, do desemprego (subiu 2% em 2016, refere a TeleSur) e da pobreza (que atinge cerca de um terço da população do país). A forte adesão justifica-se também pelo aumento constante dos preços dos bens de primeira necessidade, e pelos «tarifazos» na energia, nos transportes e serviços públicos.

O secretário de imprensa da CGT, Jorge Sola, disse em conferência de imprensa que a greve foi «contundente» em todo o país, acrescentando que a jornada de luta visou denunciar «uma política económica que não engloba os trabalhadores e que está a atingir fortemente o seu poder de compra». O objectivo é, segundo disse, «levar a que o governo mude de política».

Piquetes e confrontos nas ruas

Em Buenos Aires, grupos de manifestantes protestaram contra a política de Macri em vários pontos da cidade e, desde as primeiras horas da manhã, alguns piquetes bloquearam os acessos ao centro da cidade. Na via Panamericana, registaram-se confrontos, com a Polícia a usar gás lacrimogéneo, balas de borracha, cassetetes e canhões de água para dispersar os piquetes, informa o Brasil de Fato.

Na conferência de imprensa da CTA e da CTA Autónoma, o dirigente sindical Pablo Micheli destacou a «altíssima adesão» à greve, «superior a 90%», e repudiou «energicamente» a repressão policial sobre alguns alguns piquetes.

Triaca e Macri

O ministro do Trabalho argentino, Jorge Triaca, qualificou a greve como «desnecessária» e mostrou a disposição do seu governo para dialogar.

Já o presidente Mauricio Macri, que participava no Fórum Económico Mundial para a América Latina, num hotel da capital argentina, disse, com ironia: «Que bom que hoje aqui estamos, a trabalhar», noticia o Resumen Latinoamericano.

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