Desta vez foi o vice-presidente da Comissão Europeia responsável pela pasta do euro, Valdis Dombrovskis, a sugerir que os fundos estruturais para Espanha e Portugal poderão ser congelados devido à derrapagem orçamental em 2015.
«Se a Comissão Europeia e o Conselho Europeu decidirem que Portugal e Espanha falharam objetivos, a Comissão irá propor, entre outras medidas, que os fundos estruturais sejam congelados para os dois países», defendeu Valdis Dombrovskis numa entrevista ao Der Spiegel, publicada este sábado pela France Presse.
O vice-presidente da Comissão Europeia considera que «é inegável» que «Espanha e Portugal não atingiram as metas acordadas», afirmando que este tema estará «muito em breve» na agenda de negociações em Bruxelas.
«Os dois países não corrigiram a tempo os seus défices, por isso, iremos tomar as decisões necessárias. No entanto, esta decisão tem que ser tomada pelo Colégio de Comissários. Por isso, não quero antecipar», declarou ainda o responsável europeu.
Os comissários da União Europeia reúnem-se na terça-feira para debater a questão das sanções e devem tomar uma decisão em consenso.
Volta «à baila» a reversão das reformas
Também Subir Lall, o chefe de missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para Portugal, voltou a referir-se às consequências de medidas como as 35 horas ou o aumento do salário mínimo.
Numa entrevista dada ao jornal Expresso de hoje, afirma que «os salários são uma grande componente de despesa e isso é algo que teremos de revisitar. Com uma reforma mais fundamental da despesa em salários ou também uma reforma mais fundamental dos sistemas de pensões.»
O representante do FMI revela acerca das sanções que «os processos e os mecanismos estabelecidos são uma forma de encorajar os países a seguirem um certo rumo em termos de política orçamental», admitindo a pretensão de ingerência no rumo tomado pelos países.
Subir Lall confessa que a reversão das 35 horas o preocupa, e justifica com dificuldades de gestão em determinados sectores e com as implicações orçamentais. Opina ainda que « É importante fazer uma revisão profunda da Administração Pública».
Sobre a subida do salário mínimo nacional, afirma que se «aumentar mais do que a produtividade, imporá um fardo adicional às empresas» e que «não estimula a criação de emprego».
O cerco das instâncias europeias sobre o rumo a tomar por Portugal está cada vez mais apertado e no sentido contrário às medidas de reposição dos salários e rendimentos dos portugueses.
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