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Fórum Económico Mundial decorreu na Suíça e juntou a elite da política e do dinheiro à escala mundial

Em Davos, tudo aberto para os negócios

A promiscuidade entre negócios e política voltou a marcar a edição deste ano do Fórum Económico Mundial, em Davos. Um estudo da Oxfam expõe o mundo que desejaram, em que 1% da população se apropria de 82% da riqueza.

Christine Lagarde, presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), foi uma figura-fetiche do Fórum Económico Mundial: sendo uma das que integrou o inédito painel só com mulheres, lamentou o falhanço no combate às desigualdades. 26 de Janeiro de 2018
CréditosLaurent Gillieron / EPA

O Fórum Económico Mundial, em Davos (Suiça), terminou ontem, com a participação do presidente norte-americano. Donald Trump prometeu que a «América primeiro» não significa a «América sozinha», numa referência ao desejo, nunca escondido, de manter a posição hegemónica dos EUA, nomeadamente no plano económico.

Os organizadores do encontro anual da elite política com os donos e gestores dos maiores grupos económicos esforçaram-se por desviar os olhos da verdadeira face de Davos, com um painel de debate só com mulheres, coisa inédita naquela estância de inverno suiça.

Mas a essência do que João Ruela Ribeira, no Público, chamou «conclave do liberalismo mundial» fechou intocável na sua essência. Por lá desfilaram os paladinos dos interesses das transnacionais na América Latina, como o argentino Macri e o golpista brasileiro Temer, ou os candidatos a obreiros dos «Estados Unidos da Europa», o presidente francês e a chanceler alemã.

EUA posiciona «tropas» na «guerra económica»

Mas fora dos grandes discursos de chefes de Estado e de governo houve mais acção a acontecer durante a semana. O secretário do Comércio dos EUA anunciou ao mundo que «as tropas americanas estão a chegar a linha da frente da batalha» na guerra económica, o que não parece agradar mesmo os seus mais fiéis vassalos. A Coreia do Sul terá já feito chegar à Organização Mundial do Comércio uma queixa pelo aumento das taxas alfandegárias sobre electrodomésticos e painéis solares impostas este mês pela administração norte-americana.

O lema escolhido foi «Criar um futuro partilhado num mundo fracturado», mas cada um dos governantes presentes dedicou o essencial do convívio com o capital transnacional para anunciar que estavam «abertos para negócios».

A presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, simbolizou, de certa forma, a perversão do que por ali se passou. Num dos painéis, com governadores de vários bancos centrais, alertou para o falhanço no combate às desigualdades. Os portugueses compreendem bem as palavras de Lagarde, até porque sentiram na pele o que a organização que lidera impôs em matérias como o desemprego, a pobreza e o alargamento da precariedade e dos baixos salários.

O mundo extra-muros: desigualdades disparam

Enquanto isso, a Oxfam divulgava um estudo sobre as desigualdades no mundo. De acordo com a organização, 1% da população mundial apropriou-se de 82% da riqueza criada em 2017, enquanto os 50% mais pobres ficaram com menos de 1%. Dados brutais que estiveram arredados dos discursos de Davos.

82%

Riqueza apropriada por apenas 1% da população mundial, em 2017

Apesar do folclore em torno da igualdade entre homens e mulheres que contaminou a elite reunida na Suiça, a Oxfam aponta para 217 anos como o tempo necessário para pôr termo às desigualdades salariais entre homens e mulheres, ao ritmo actual.

O brutal desequilíbrio na distribuição da riqueza é evidenciado pelo estudo da Oxfam: os gestores das cinco maiores empresas de moda ganham em quatro dia o que os operários que produzem a roupa que vendem ganham numa vida; a percentagem do valor da venda de cada tablete de chocolate que chega aos produtores de cacau não ultrapassa os 6%, quando na década de 1980 era de 18%.

Os ricos e poderosos do mundo voltaram a desfilaram durante a semana que passou pelo Fórum Económico Mundial, em Davos. Os resultados do estudo da Oxfam têm a sua assinatura.

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