«Sabemos que os nossos condutores podem ter tido problemas para encontrar casas de banho por causa do trânsito ou por estarem em estradas rurais, e particularmente por causa da Covid-19, muitas casas de banho públicas foram encerradas«, declarou a empresa num comunicado divulgado na sexta-feira.
A polémica começou na semana passada por causa de um membro democrata da Câmara dos Representantes, Mark Pocan, que disse numa mensagem publicada na rede social Twitter que «o facto de pagar 15 dólares por hora», não faz da Amazon um «lugar progressista para trabalhar». «Não, quando obrigam os vossos empregados a urinar em garrafas de plástico», rematou.
Os funcionários acusam a empresa de não garantir medidas de protecção adequadas e de se recusar a pagar baixa por doença. O protesto marcado para esta semana nos EUA é o maior desde o início da pandemia. Centenas de trabalhadores dos armazéns da Amazon em todo o território dos Estados Unidos estão a recusar-se a comparecer no local de trabalho pelo menos num dos dias desta semana, alegando que estão doentes. O protesto, que teve início na terça-feira, é o maior a nível nacional contra a resposta do gigante do retalho ao surto epidémico do novo coronavírus e foi organizado pelos grupos de defesa dos direitos dos trabalhadores United for Respect, New York Communities for Change e Make the Road New York, informa a TeleSur. «"Estamos a protestar porque a Amazon está a pôr os seus lucros à frente da nossa segurança"» De acordo com o United for Respect, pelo menos 300 funcionários anunciaram que iriam ficar em casa. Acusam a Amazon de não ter fornecido máscaras suficientes aos empregados, de não ter implementado as medições regulares de temperatura que prometeu e de se ter recusado a pagar aos trabalhadores baixa por doença. «Estamos a protestar porque a Amazon está a pôr os seus lucros à frente da nossa segurança», disse Jaylen Camp, trabalhador num armazém da Amazon em Romulus (Michigan) e membro do United for Respect, ao The Guardian. «Nós não somos fundamentais para eles – eles apenas pensam em nós como números e quotas. Não estão a proteger a nossa saúde», frisou. «[A Amazon] prepara-se para anunciar o que se espera serem lucros-recorde num quadrimestre» Os protestos têm lugar numa empresa cujos lucros têm vindo a aumentar em função dos pedidos crescentes de entregas ao domicílio, no meio da pandemia, e que, segundo o jornal inglês, se prepara para anunciar o que se espera serem lucros-recorde num quadrimestre. A contestação vai continuar até haver alterações nas medidas de protecção da empresa, afirmam os trabalhadores. Segundo os números divulgados pelo United for Respect, há trabalhadores infectados com o novo coronavírus em mais de 130 armazéns, por todo o país, sendo que, em alguns, se registam mais de 30 casos confirmados. Entre as exigências dos funcionários contam-se o «encerramento imediato» de instalações da empresa com casos de Covid-19, a realização de testes de despistagem e duas semanas de salário nesse período. A Amazon prometeu pagar baixa médica aos trabalhadores a quem tivesse sido detectado o vírus ou aos que estivessem de quarentena, mas estes afirmam que tem sido difícil receber a baixa, e alguns têm ido trabalhar doentes, com febre, denunciou o United for Respect. Os trabalhadores exigem ainda que a Amazon deixe de exercer represálias sobre os funcionários que denunciam situações e defendem os direitos dos seus colegas, sendo que a empresa detida pelo milionário Jeff Bezos é acusada de repressão sobre os trabalhadores que se organizam. «"Se não fizermos nada, continuaremos a ser tratados como números, gráficos e dividendos, e não como pessoas"» Este mês, registaram-se protestos nos estados de Nova Iorque, Illinois e Michigan. O trabalhador que organizou a acção em Nova Iorque foi despedido, revela o The Guardian. Outra exigência dos trabalhadores passa pela eliminação das quotas, de acordo com as quais um funcionário tem de registar um certo número de items e embalar um certo número de caixas por hora. Se, por um lado, a Amazon pede aos trabalhadores que lavem as mãos durante 20 segundos depois de espirrarem, por outro, estas quotas não lhes dão tempo para se lavarem e manterem seguros, diz Jaylen Camp, do United for Respect. «Tem de se dizer alguma coisa sobre o que se está a passar», sublinha. «Se não fizermos nada, continuaremos a ser tratados como números, gráficos e dividendos, e não como pessoas», diz. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Centenas de trabalhadores da Amazon nos EUA exigem medidas de protecção
Em defesa dos direitos, da saúde e contra a repressão
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A empresa respondeu directamente na sua conta oficial no Twitter a Pocan, afirm«ando que este não devia acreditar nessa história do «xixi nas garrafas. «Se fosse verdade, ninguém trabalharia para nós», argumentou a Amazon.
No entanto, surgiram em vários meios de comunicação testemunhos de empregados da empresa que confirmaram essa prática, e o The Intercept afirmou ter obtido documentos internos que atestam que era conhecida dos responsáveis da Amazon.
Nos relatos dos trabalhadores, referia-se que o ritmo de trabalho imposto na empresa era o principal factor para a falta de tempo para ir à casa de banho.
«Devemos um pedido de desculpa ao congressista Pocan», declarou a empresa em comunicado, reconhecendo que a sua resposta no Twitter foi «incorrecta, não teve em consideração os motoristas e focou-se no que se passa nos centros de distribuição».
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