Combater o racismo!

Como disse o líder negro Malcolm X, «Não há capitalismo sem racismo», e é essa verdade simples que nos mantém hoje em Portugal, como em grande parte do mundo, sujeitos à opressão para que uma minoria possa sustentar a sua riqueza. 

Malcolm X
Créditos / http://highimpactbasketball.com

Vivemos hoje o destino de outra qualquer sociedade capitalista contemporânea, a contradição entre a acumulação de riqueza de uma minoria e uma maioria trabalhadora que alimenta o sistema rentista dos proprietários, onde todos os outros procuram trabalhar.

Esta concorrência imposta entre trabalhadores é alimentada por uma classe que vê na união desta grande maioria o seu maior inimigo. Que vê na união entre os povos a sua maior fraqueza, pois que será do poder da sua soberania e independência que se despencará desamparada a sua exploração globalizadora.

É com esse fim da desunião da maioria da população, com o propósito de manter um sistema de exploração dos de baixo, dos mais fracos da sociedade, dos que apenas têm o seu trabalho para viver, que se alimentam e se incendeiam os focos dementes do racismo.

Como disse o líder negro Malcolm X, «Não há capitalismo sem racismo», e é essa verdade simples que nos mantém hoje em Portugal, como em grande parte do mundo, sujeitos à opressão para que uma minoria possa sustentar a sua riqueza. Só a elevação da consciência de todos nos pode permitir fazer frente ao medo que polícias e sistema de repressão do Estado nos impõem para proteger a sua classe dominante. 

É no poder da música, da cultura e na coragem dos que enfrentam a besta, que encontramos as forças para derrubar os preconceitos e unir a todos para o necessário combate contra o racismo.

A letra completa deste «Lavagem Cerebral» gravado por Gabriel o Pensador em  1993, serviria por si só como texto para este artigo sobre o Racismo. Desmascarando a burrice espalhada ao serviço de um sistema de exploração, Gabriel propõe uma lavagem cerebral que possa apagar os preconceitos que minam a possibilidade de união das classes trabalhadoras. 

Com um sample brilhante de Isaac Hayes e uma mensagem clara, «Lavagem Cerebral» soa tão actual hoje como naqueles anos da revolução do hiphop na música portuguesa na década de 90.

«Quando o Sorriso Morre», de Valete, consegue em cinco minutos resumir a História recente dos africanos que fugindo à miséria chegam a Portugal à procura de uma vida completa e esbarram contra as contradições, as carências, a exploração e o racismo da sociedade capitalista.

Uma letra expressiva e contundente, clara e directa, que serve ainda hoje de retrato de tantas famílias que, empurradas para os bairros e guetos à volta da capital, ocupam os trabalhos miseráveis e precários que o chamado Primeiro Mundo lhes reserva.

«King Kunta» de Kendrick Lamar é um dos momentos altos de um dos mais importantes discos de hiphop dos últimos tempos, o galardoado To Pimp a Butterfly, de 2015.

Construído sobre um ritmo simples, despido até à sua crueza funk, Lamar inspirou-se na figura central da série Raízes, de 1977, Kunta Kinte o escravo africano da Gambia trazido para a Virginia em 1767.

A partir da sua estória, a quem os esclavagistas cortaram o pé direito depois de Kunta ter tentado a fuga, Kendrick Lamar oriundo da cidade de Compton, Los Angeles, classificada como uma das mais perigosas dos E.U.A, compara-se aqui ao escravo negro de Raízes para discorrer sobre a necessidade de lutar pelo que acreditamos, apesar de todas as dificuldades que se enfrentam.

No ano de 2015, nos EUA, mais de 1100 civis morreram às mãos da polícia. Desses números assustadores, e segundo o The Guardian, os jovens negros são nove vezes mais as prováveis vítimas mortais da polícia quando comparando os números com os brancos da mesma idade.

Uma contabilidade ainda por fazer em Portugal mas que não deixa de nos perturbar. O cantor de RnB, Usher, junta-se ao rapper Nas para criar este manifesto contra a violência policial e o racismo, que parte do simples pressuposto de que para transformar o estado de coisas em que vivemos é preciso enfrentar a realidade e assim, «Chains» é ilustrado por um vídeo que convida a olhar nos olhos de algumas das vítimas que morreram em 2015, assassinadas por polícias americanos.


Solange é uma cantora Soul da nova geração que, apesar de ser irmã de Beyoncé, já conquistou por direito próprio o seu lugar como uma das mais importantes vozes da nova Soul do Séc. XXI.

Em «Dont Touch My Hair», como o próprio título indica, Solange descreve o orgulho da sua origem, da sua individualidade e natureza. Mas ataca, sobretudo, a  incompreensão dos que se sentem no direito de invadir o outro e esquecer o ser humano que ali está, tornando-se capazes de o tratar como um qualquer objecto ou animal de estimação.

«We The People» foi o primeiro single do último album dos lendários A Tribe Called Quest, editado no final do ano passado. Criado em plena corrida eleitoral nos EUA, a sua mensagem mantém toda a acutilância com a proliferação do vírus populista de Trump por todo o mundo ocidental, desde a manobra racista contra os ciganos pelo candidato do PSD em Loures até às manobras extremistas e fascistas em França, Inglaterra, Ucrânia, etc.

Construído sobre um sample de Black Sabbath, a música procura despertar consciências e unir esforços contra o racismo, a xenofobia e a discriminação religiosa, e desmascarar as formas da sociedade capitalista, através dos seus media, de dividir o povo.

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