Vila Morena apresenta exposição sobre o SAAL e o direito à habitação

A Biblioteca e Arquivo Municipal de Grândola apresenta ao público a mostra concebida e organizada por António João Lima e Luísa Veloso, com o apoio do Município, sobre o programa nacional criado, apenas três meses após a Revolução dos Cravos, para responder à dramática situação das populações que viviam sem condições de habitabilidade.

Instituído em Julho de 1974, o SAAL, Serviço de Apoio Ambulatório Local, foi ancorado em princípios democráticos de participação na criação de habitat, em sintonia com a vontade do povo. «Um habitat discutido e planeado com as populações, em que foi relevante o papel de arquitectos no desenho das habitações, mas também na criação de identidade territorial e fortalecimento da coesão social», assinala um comunicado da autarquia. 

Cinquenta anos após o 25 de Abril, a exposição «O SAAL em Grândola e o Direito à Habitação» pretende ser um espaço de «reflexão e discussão públicas» sobre habitação, qualidade de vida, cidadania, mas, acima de tudo, democracia. Neste contexto, a exposição tem associadas diversas actividades, estando previstas, até Março de 2025, conversas, documentários, oficinas de expressão artística e visitas às casas projectadas por Manuel Tainha, a primeira já no dia 12 de Outubro. 

O arquitecto desenhou os Bairros Vale Pereiro I e II e o Bairro Unidos Venceremos, em Canal Caveira. «O seu projecto arquitectónico resultou num conjunto de complexos habitacionais que marcam a paisagem grandolense: 86 habitações nos Bairros Vale Pereiro e 46 habitações em Canal Caveira», lê-se na nota. Considerado «referência maior da arquitectura portuguesa», Manuel Tainha foi distinguido com os Prémios AICA e Valmor, e condecorado com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique pelo Presidente da República. Um dos edifícios projectados por Tainha, que faleceu em 2012, é a Escola Agro-Industrial de Grândola.