(des)Compostura

A desorientação parece imperar em Bruxelas, a que o presidente da Comissão Europeia deu voz no Parlamento Europeu.

Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia estão fechados em Bruxelas, após o referendo britânico e o desencadear do Brexit. Problemas bicudos para o directório europeu e para os interesses da finança, é o que levam na mala para resolver.

A decisão expressa na última quinta-feira revela mais que um desencanto com o projecto de integração europeu, é um importante passo na luta contra o confisco da soberania e a submissão das aspirações dos povos aos diktats de Bruxelas e Berlim.

A desorientação parece imperar em Bruxelas, e a postura do presidente da Comissão Europeia no Parlamento Europeu foi exemplo maior. Quando se dirigia a um deputado britânico, Juncker espumava de raiva para todos os que participaram na decisão através do voto, ao perguntar, «o povo britânico votou a favor da saída, porque estão aqui?».

«o povo britânico votou a favor da saída, porque estão aqui?»

Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia

As pressões e as tentativas de penalizar o povo do Reino Unido vão aparecer, como nos dizia John Foster. O Parlamento Europeu e alguns líderes europeus põem voz grossa, despeitada, tentando convencer tudo e todos que estão a empurrar os britânicos para fora. Mas as represálias já emergem dos verdadeiros mandantes, e o patrão do grupo Virgin, com mais de 70 mil trabalhadores em todo o mundo e 24 mil milhões de lucros anuais, já anunciou um corte de 3 mil postos de trabalho (que ainda não existiam) enquanto pede um segundo referendo.

A manipulação reina, quando ainda hoje se diz que a libra caiu para mínimos de trinta anos sem nunca se dizer que esse foi um movimento especulativo e momentâneo. Quando se continua a dizer que as mesmas empresas de sondagens que apontavam a vitória da permanência afirmam que foram os mais «velhos, retrógrados e com menos educação» (nas palavras de Durão Barroso), escondendo sempre o que essas sondagens dizem: que foram os mais pobres.

Tudo isto enquanto alguns vão pedindo castigo a quem se porta mal e ultrapassou os 3% de défice das contas públicas, mesmo que não saibam explicar o porquê dessa regra, mesmo que seja resultado da receita que prescreveram. E, principalmente, ignorando o lastro de empobrecimento que deixou pelo País.

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