Há menos de um mês foi assinado o Acordo de Empresa do Metropolitano de Lisboa, com os trabalhadores a conseguirem manter todos os seus direitos. Só quem mantém presente o longo processo de luta desenvolvido desde 2009, pode ter a consciência da dimensão da vitória alcançada.
O ataque ao Sector Empresarial do Estado começou em 2009, com os PEC 1, 2 e 3, e com os Orçamentos de Estado para 2010 e 2011, que introduziram o corte de salários, o congelamento das progressões, a suspensão de cláusulas da contratação colectiva. Paralelamente, a meio de 2010, o Presidente do Conselho de Administração do Metro, Cardoso dos Reis, assume publicamente o objectivo da privatização do Metro. Agrava-se a situação depois da entrada da troika e a subsequente eleição do Governo do PSD e do CDS-PP. Agravou-se a situação do trabalhadores, alarga-se o ataque até aos reformados e seus complementos, e lança-se uma política de redução da quantidade, qualidade e fiabilidade da oferta.
Em 2013 o governo avança com o processo formal de privatização, anunciando que a empresa estará privatizada em Janeiro de 2016. De Setembro de 2009 até Setembro de 2015, os trabalhadores e reformados do Metro realizaram perto de duzentas acções de protesto, incluindo mais de 100 jornadas de greve.
Na primeira grande vitória, os trabalhadores não aceitaram rever por baixo a contratação colectiva. A segunda grande vitória foi a capacidade de evitar o isolamento da luta, mesmo com as tentativas de dividir trabalhadores e utentes.
Ocorreram também as pequenas vitórias que reforçaram a confiança, como quando conseguiram travar o «roubo» do subsídio de Natal na sequência de uma decisão do Tribunal Constitucional. Mas também derrotas, que poderiam ter desmobilizado a luta, como quando o mesmo Tribunal Constitucional aceitou a retirada dos complementos de reforma. No final de 2015, o Governo do PSD e do CDS e sua administração avançam para a caducidade dos acordos de empresa.
Foram seis anos de luta que tudo mudou. Já num novo quadro político nacional, o processo de privatização do Metropolitano de Lisboa é travado, mas ficaram os custos da degradação da oferta e das condições de trabalho. Voltam a ser pagos os complementos de reforma, apesar de ficar uma dívida de quase 30 milhões de euros. Os roubos nos salários vão diminuindo ao longo de 2016, até terminarem em Outubro. É retomada, já neste Orçamento, a aplicação dos instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho no Sector Público Empresarial.
A grande vitória dos trabalhadores do Metro foi terem conseguido travar todas as ofensivas e por isso a assinatura do acordo significa tanto.
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