O secretário executivo da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP), Jorge Arreaza, pôs em causa, este domingo, o surgimento de «campos de concentração para migrantes venezuelanos e de outras nacionalidades» por parte do governo liderado por Nayib Bukele.
Denunciando que se trata do «neonazismo em acção coordenada», Arreaza alertou para as «detenções arbitrárias, sem direito à defesa, sem o devido processo e com evidentes tratamentos degradantes», que «violam os direitos humanos da forma mais flagrante e abjecta».
Neste contexto, defendeu que a chamada «comunidade internacional deve reagir e condenar semelhantes acções de sequestro e tortura».
A denúncia, realizada por Arreaza no Telegram, surge junto a uma publicação do presidente salvadorenho nas redes sociais, em que afirma que «os primeiros 238 membros da organização criminosa venezuelana Tren de Aragua chegaram ao nosso país», provenientes dos EUA, tendo sido transferidos de imediato para o Centro de Confinamento para Terroristas (CECOT).
Maduro repudia aplicação da Lei do Inimigo Externo, de 1798
Também no domingo, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, expressou a sua oposição à Lei do Inimigo Externo, de 1798, dos EUA, a que a actual administração recorre, no entender de Caracas, para facilitar a deportação em massa e criminalizar os venezuelanos no estrangeiro.
No seu programa Con Maduro +, o chefe de Estado afirmou que a «falsa narrativa» sobre a presença da Tren de Aragua nos EUA foi criada pela «extrema-direita» para justificar políticas migratórias repressivas.
«É uma campanha para estigmatizar uma migração que foi uma válvula de escape perante as sanções impostas ao nosso país», disse, sublinhando que a organização criminosa Tren de Aragua foi «combatida e acabada» na Venezuela, não tendo ligações aos migrantes.
Tal como Maduro, o ministro venezuelano do Interior, Diosdado Cabello, destacou que foram as sanções e o bloqueio económico que empurraram muitos venezuelanos para a emigração, não o crime.
Quase 250 venezuelanos deportados para El Salvador
No sábado passado, Donald Trump invocou a Lei do Inimigo Externo, de 1798, para acelerar a expulsão de migrantes, afirmando que os EUA enfrentavam uma «invasão de criminosos» da organização Tren de Aragua.
No entanto, horas depois, um juiz federal decretou uma ordem de restrição de duas semanas, bloqueando qualquer deportação com base nessa norma, refere a TeleSur. O juiz argumentou que a lei e os termos «invasão» e «incursão depredadora» não se aplicam a «fluxos migratórios».
Apesar disso, 238 venezuelanos foram deportados para El Salvador e colocados no CECOT, que é uma cadeia de máxima segurança – acção que o governo de Caracas enquadrou na «perseguição sistemática» que os migrantes venezuelanos sofrem nos EUA, onde são alvo de medidas como a expropriação de bens e a ameaça de separação familiar.
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