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Continuam a chegar à Venezuela voos com migrantes deportados dos EUA

Na madrugada de segunda-feira, aterrou em Maiquetía um voo com 199 migrantes venezuelanos deportados dos EUA, no âmbito do plano «Vuelta a la Patria». Em El Salvador continuam detidos 238.

Na madrugada de segunda-feira aterrou na Venezuela um avião com 199 migrantes deportados dos EUA Créditos / VTV

O quarto voo com migrantes venezuelanos deportados dos Estados Unidos chegou ontem de madrugada ao Aeroporto Internacional Simón Bolívar, em Maiquetía. Trazia 199 venezuelanos expulsos, que foram recebidos pelo ministro do Interior, Diosdado Cabello, e outras autoridades do país caribenho.

«São 199 jovens, muito jovens», afirmou Cabello na ocasião, acrescentando que estavam «alegres» por regressarem ao seu país, depois de terem sido detidos nos EUA «apenas por terem nacionalidade venezuelana».

Referindo-se à política migratória do país nortenho, o ministro venezuelano disse que os jovens foram «tirados do inferno» e recordou que muitos dos migrantes que agora voltaram passaram quase um ano detidos e foram perseguidos – uma realidade a que não é alheia a acção de «cidadãos que dizem ter nascido na Venezuela», disse, em alusão a elementos da extrema-direita.

«É impressionante até onde chegou a campanha de um grupo de cidadãos – que dizem ter nascido na Venezuela –, o mal que fizeram a este país», denunciou, citado pela VTV.

Diosdado Cabello criticou a atitude de sectores da extrema-direita, que «transformaram num grande negócio a questão dos migrantes no estrangeiro», e negou qualquer envolvimento destas pessoas com o grupo criminoso Tren de Aragua (como a extrema-direita venezuelana andou a vender).

Diosdado Cabello disse que os migrantes venezuelanos foram «tirados do inferno» / VTV

Nas declarações à imprensa, também deixou clara a disposição do executivo de Nicolás Maduro de trazer os migrantes venezuelanos de onde quer que se encontrem, através do plano Regresso à Pátria, cujas viagens «são totalmente gratuitas» e que, no primeiro trimestre de 2024, já possibilitou o regresso de mais mil compatriotas (quase um milhão desde 2018, quando começou).

Governo venezuelano reclama libertação de migrantes detidos em El Salvador

Ao referir-se aos 238 compatriotas «sequestrados em El Salvador», o secretário-geral do Partido Socialista Unido da Venezuela disse que o governo está a agir pela vias diplomática e legal, de modo a alcançar a sua libertação e a garantir que sejam respeitados os seus direitos.

«Estamos a actuar diplomaticamente e do ponto de vista legal, reclamando o direito dos nossos compatriotas que se encontram sequestrados», disse Cabello, em alusão aos 238 venezuelanos que foram deportados dos EUA, ao abrigo da Lei do Inimigo Externo (do século XVIII), que Donald Trump activou por decreto a 14 de Março último.

O ministro venezuelano destacou que, «se uma pessoa comete crimes num determinado país, esse país tem o direito de a julgar de acordo com as suas leis», para depois frisar que os jovens detidos no Centro de Confinamento do Terrorismo, em El Salvador, não cometeram qualquer crime no país centro-americano.

Neste sentido, «não deviam estar privados de liberdade», sublinhou, tendo acusado o presidente salvadorenho, Nayib Bukele – que fez um acordo a administração norte-americana –, de «estar a violar todos os seus direitos».

Recentemente, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, responsabilizou o seu homólogo salvadorenho pelo bem-estar dos jovens venezuelanos detidos no país e, ontem, Cabello reafirmou que a Venezuela está pronta para os ir buscar.

«Oxalá a próxima chamada seja a dizer-nos que nos vão devolver os que estão em El Salvador», afirmou.

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