António Costa e os líderes europeus parecem apostar, não numa solução de paz, para a qual ainda não «mexeram uma palha», mas sim na militarização da União Europeia e numa escalada da guerra, enquanto vão preparando os povos e as opiniões públicas dos seus países para o alavancar do confronto, que se sabe como começa, mas não como acaba. A não ser que, efectivamente, persigam a megalómana ideia de derrotar a Rússia ou de uma nova guerra mundial.
Trata-se de uma fuga para a frente, de quem não tem estratégia, nem para a guerra nem para a paz, o que evidencia bem a «orfandade» que sentem e a situação de desorientação em que se encontram.
Entretanto, ao mesmo tempo que alertam para as dificuldades económicas, sociais e militares da Federação Russa, alimentam a ideia de que a Rússia pode invadir toda a União Europeia, uma tese que alguns comentadores e analistas, quais falcões de serviço, procuram vender a quem ainda os ouve e vê!
António Costa, na referida entrevista, assume ainda que «a Rússia não cumpriu o que foi acordado em Minsk I, nem em Minsk II». Ora, sobre estes acordos, talvez não fosse despropositado o presidente do Conselho Europeu falar verdade. Nesse sentido, e para avivar a memória, importa recordar as declarações da ex-chanceler alemã, Angela Merkel, segundo as quais o acordo firmado na cidade de Minsk, em 2015, não tinha como objectivo garantir a paz, mas apenas ganhar tempo para reforçar as Forças Armadas ucranianas. Aliás, estas polémicas afirmações foram secundadas pelo antigo presidente francês, François Hollande, quando admitiu que os acordos de Minsk tinham como objectivo ganhar tempo enquanto o Ocidente reforçava militarmente a Ucrânia, sublinhando que, dessa forma, foi possível fortalecer o exército ucraniano e torná-lo, em 2022, completamente diferente do que era em 2014.
Por outro lado, assistimos por parte destes senhores europeus da guerra ao ensurdecedor silêncio a respeito dos brutais ataques de Israel sobre a população palestiniana da Faixa de Gaza, nomeadamente o que foi lançado na madrugada da passada terça-feira, que provocou centenas de mortos e mais de mil feridos, muitos dos quais crianças. Embora se mostrem muito «zangados» com Trump, a verdade é que, em relação à Palestina, os responsáveis da União Europeia não parecem chocados com a acção e a cumplicidade dos Estados Unidos da América em relação às atrocidades israelitas, e continuam a passar pelos «intervalos da chuva» através da inacção dos diversos governos, incluindo o português.
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