«Essa iniciativa de trazer a experiência chinesa do ponto de vista da mecanização do campo na pequena escala da agricultura familiar é talvez um dos principais produtos que resultam da relação Brasil-China», disse o presidente do IBGE ao Brasil de Fato.
Pochmann foi um dos participantes no «Fórum Brasil-China: Marcos para uma nova fase de cooperação para o desenvolvimento compartilhado», que decorreu nos dias 26 e 27, organizado pela Universidade de Brasília (UnB) e o Instituto Taihe da China.
No âmbito do fórum, revelou a fonte, foi ainda inaugurado um laboratório digital e foram entregues oficialmente 70 máquinas e equipamentos chineses destinados à agricultura familiar, a serem testados na universidade e em assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Distrito Federal.
A relação entre Brasil e China tem sido, até agora, «muito comercial e ancorada na agricultura dos grandes empreendimentos», afirmou o presidente do IBGE, acrescentando que a cooperação na mecanização para o campo em pequena escala se tornou um elemento da agenda pública do governo brasileiro.
O economista destacou ainda a importância da melhoria da produção em pequena escala e de ganho de produtividade para o campesinato do país sul-americano, para evitar que o êxodo rural se continue a aprofundar.
«Manter a população no campo mas mantê-la conectada com uma produção com as características que se faz no Brasil me parece extremamente positivo para os próximos anos, sustentando uma relação com a China ainda muito mais forte e muito mais consistente», declarou ao Brasil de Fato.
Novos caminhos para o desenvolvimento da agricultura familiar
O fórum realizado em Brasília terça e quarta-feira integra as actividades do Centro Brasil-China de Pesquisa, Desenvolvimento e Promoção de Tecnologia em Mecanização para a Agricultura Familiar, fundado em 2023 por via de um memorando de entendimento firmado entre a Universidade Agrícola da China, a UnB e a Associação Internacional para a Cooperação Popular.
Diego Moreira, do sector de Produção, Cooperação e Meio Ambiente do MST, destacou a relevância do evento, afirmando que permite aprofundar «temas importantes na área da ciência, na área da tecnologia, na área da mecanização», com a participação de especialistas brasileiros e chineses.
Em declarações divulgadas na conta de Twitter (X) do movimento, Moreira sublinhou que a perspectiva é a de «construir o desenvolvimento da agricultura familiar, transferência tecnológica, pesquisa, residência», tendo em vista a superação de um «limite gigante, que é o limite em relação à mecanização da agricultura e da reforma agrária no Brasil».
O representante do MST frisou que a expectativa é grande e que já foram alcançados bastantes objectivos com o encontro, no sentido da consolidação da parceria a partir do que a China desenvolveu.
Agricultura familiar, cooperação e mecanização em debate
Segundo revelou o MST no seu portal, ao longo dos dias, na Universidade de Brasília, juntaram-se especialistas, académicos, representantes de movimentos sociais e membros dos governos brasileiro e chinês para debater temas como a cooperação entre Brasil e China no contexto da geopolítica contemporânea; o papel da agricultura familiar no desenvolvimento nacional do Sul Global; a cooperação para o combate à fome, revitalização rural e desenvolvimento do campo.
Também foram abordados estudos, investigações, inovações tecnológicas na área da mecanização da agricultura familiar, da segurança e soberania alimentar, e da agroecologia e transição agroecológica.
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