A Confederação Intersindical Galega (CIG) protesta há vários anos contra a desigualdade que prevalece no sector e que, em seu entender, o Abanca pretende perpetuar através do Plano de Igualdade.
Durante a acção de protesto desta segunda-feira, os presentes gritaram palavras de ordem exigindo «igualdade real, medidas contra a desigualdade salarial e respeito pelo direito à conciliação», informa a central sindical na sua página de Internet.
Paula Mosquera, delegada da CIG e representante da central na comissão de negociação do Plano de Igualdade, denunciou que a desigualdade no Abanca é «crónica», nunca se tendo tomado «medidas para a corrigir». Pelo contrário, o banco insiste nas discriminações salariais, uma vez que os sistemas de retribuição variáveis que aplica aprofundam as divergências, em favor dos homens, acusou.
O Dia da Classe Operária Galega ficou marcado por uma greve geral nas comarcas de Ferrol, Eume e Ortegal. Milhares de pessoas manifestaram-se para exigir políticas que travem o declínio da região. A greve geral desta quarta-feira nas três comarcas do Nordeste da província da Corunha, convocada conjuntamente por CIG, CCOO e UGT, foi um «êxito» e teve uma «adesão massiva», segundo informa a Confederação Intersindical Galega (CIG) no seu portal. Zonas industriais paralisadas, incluindo o sector naval, grandes empresas como Inditex ou Indipunt sem actividade, comércio e hotelaria encerrados, transporte urbano a funcionar nos mínimos, recolha de lixo sem sair marcaram o cenário de Ferrolterra neste 10 de Março, Dia da Classe Operária Galega. «Estas comarcas necessitam que esta greve seja um êxito», disse o secretário da CIG-Ferrol, Manuel Anxo Grandal, pouco antes de arrancar a manifestação em que participaram milhares de pessoas, para exigir «políticas e investimentos que nos permitam ter futuro». A marcha, que atravessou Ferrol até à Porta Nova, recebeu também o apoio de trabalhadores de grandes indústrias que estão em luta, como Alcoa San Cibrao, Alu Ibérica da Coruña, Ferroatlántica ou Celsa Atlantic, evidenciando desta forma a «grave crise industrial que a Galiza atravessa». «Estas comarcas não podem continuar nesta situação de morrer aos poucos. O governo estatal e a Xunta têm que actuar», afirmou Grandal, que sublinhou a dependência económica que Ferrol tem do sector naval, embora «os estaleiros estejam neste momento sem nenhuma carga de trabalho». O secretário da CIG-Ferrol referiu-se ainda às consequências do processo de transição energética na comarca, tendo afirmado, a propósito da decisão de encerramento de uma central térmica pela Endesa, que «a transição energética tem de ser justa» e não tornar-se uma «nova reconversão para estas comarcas, com a destruição de postos de trabalho e mais pobreza». Ao intervir, Grandal destacou a agudização da pobreza na comarca, bem como a falta de oportunidades para os jovens, «que se reflecte nos índices demográficos». Como exemplo, referiu que, este ano, se registaram em Ferrol menos cem crianças com idades inferiores a três anos, por comparação com o ano anterior. Sublinhou igualmente o «fracasso» das políticas e dos programas executados nas últimas décadas, tendo afirmado que «a indústria em Ferrol se perdeu» e que a deslocalização de empresas foi ali muito mais «escandalosa» que noutras zonas do país. «Não precisamos de mais políticas para atrair especuladores do dinheiro, mas, sim, de assentar tecido produtivo duradouro e que gere emprego estável e com direitos», afirmou. A manifestação em que milhares de pessoas exigiram «soluções» para as comarcas de Ferrolterra terminou com a deposição de flores junto ao monumento do 10 de Março, que evoca a luta da classe operária galega e o assassinato pela Polícia franquista, em 1972, de dois trabalhadores da Bazán que se manifestavam precisamente em Ferrol: Daniel Niebla e Amador Rey. O secretário-geral da CIG, Paulo Carril, que participou no piquete da manhã e na manifestação, salientou que a greve teve lugar numa data particular para o movimento operário galego, especialmente em Ferrol. Carril afirmou a necessidade de dar resposta à «situação crítica» que se vive em Ferrolterra e que ilustra «a grave crise» na Galiza. Uma crise que já existia antes da pandemia e que tem nas comarcas do Norte da Galiza «o epicentro da necessidade de reclamar políticas alternativas para exigir uma saída galega justa da crise» e de «pôr em marcha de imediato um plano galego de industrialização», que «ponha fim à emigração e à emergência social e laboral», frisou. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Trabalhadores exigem industrialização e futuro para as comarcas de Ferrolterra
Jornada de luta numa data particular
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A delegada sindical criticou o Abanca por ter promovido a negociação e a assinatura do Plano de Igualdade, que a CIG não aprovou, «a toda a pressa», sem incluir «medidas concretas para acabar com a desigualdade salarial, nem medidas para promover a progressão das mulheres na carreira profissional».
«Além disso, as medidas de conciliação incluídas não são aplicadas na prática», denunciou Paula Mosquera, tendo acrescentado que o banco está a recusar, por sistema, todas as adaptações de horário e a colocar enormes dificuldades, de modo a desincentivar os trabalhadores.
«Apesar da publicidade que lhe é dada pela empresa, temos um Plano de Igualdade que é letra morta e não soluciona os persistentes problemas de desigualdade», denunciou, citada pelo portal da CIG.
CIG quis entender causas para resolver problemas; empresa, nem por isso
Para tentar fazer frente a estas situações, a central sindical solicitou ao banco que procedesse à análise das causas que levam a que «as mulheres fiquem nos postos base e não subam» ou que permitissem entender «porque é que, quando têm filhos, vêem as suas carreiras abreviadas».
No entanto, refere a organização sindical, a empresa não atendeu a esta solicitação, «tendo inclusive negado esta realidade». Mosquera sublinha que «os dados são objectivos e estão aí», acrescentado que uma auditoria apresentou «números demolidores, que nem sequer o Abanca esperava».
Segundo esses dados, a desigualdade salarial é superior a 24% na retribuição variável, «ainda que, curiosamente, não atinja os 25% que a legislação permite». Uma desigualdade e uma discriminação que, destaca a CIG, se agravam, na medida em que o encerramento de sucursais tem levado à extinção de postos de trabalho em que os cargos de maior responsabilidade eram desempenhados por mulheres (como subdirecções ou direcções de agências).
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