Em conferência de imprensa, Transi Fernández, secretária nacional da CIG-Serviços, lembrou esta sexta-feira que na Inditex há uma elevada contratação de mulheres e que «a empresa continua a mantê-las em condições precárias».
A título de exemplo, referiu que os homens trabalham a tempo inteiro e as mulheres, na maior parte dos casos, a tempo parcial. Isto reflecte-se nos salários, também porque os seus colegas, mesmo em categorias inferiores, recebem mais, referiu Lucía Domínguez, presidente do comité da Stradivarius.
Assim, na manifestação que a Confederação Intersindical Galega (CIG) convocou para dia 7 de Abril, às 12h, entre a Praça de Lugo e a Porta Real, as trabalhadoras vão exigir melhores condições e que as melhorias sejam aplicadas a todas.
No entanto, Transi Fernández alertou que, nas três reuniões celebradas até agora com a multinacional, esta só se mostrou disposta a reconhecer certos direitos, nomeadamente o de redução de horário, a trabalhadoras com mais de 20 anos de antiguidade e a partir dos 58 anos de idade, algo que os homens vêem contemplado aos 53 anos.
A paralisação, marcada para quinta e sexta-feira, teve grande adesão, dando seguimento à manifestação de dia 8, para denunciar que as trabalhadoras das lojas na Corunha «não chegam ao fim do mês». Embora a paralisação de ontem se destinasse mais às lojas que adiantavam as ofertas da Black Friday, na Corunha muitas trabalhadoras de outras cadeias decidiram aderir também à greve, revela a Confederação Intersindical Galega (CIG) no seu portal. Lojas como Massimo Dutti, Stradivarius, Oysho e Zara estiveram fechadas. Outras, como as da Bershka, Pull&Bear ou Zara Home, estiveram a funcionar a meio gás, uma vez que abriram apenas com trabalhadores temporários e os encarregados das lojas. A elevada adesão registada nesta quinta-feira levou a CIG a prever uma «adesão histórica» para hoje nas lojas do Grupo Inditex, uma vez que a paralisação envolve todas as cadeias e localidades da província corunhesa. Com palavras de ordem alusivas aos «salários de miséria» que recebem, as trabalhadoras que ontem estiveram em greve na Corunha explicaram por que razão aderiam à greve, nomeadamente para alcançar a equiparação salarial com os trabalhadores de outras empresas do grupo com categoria e qualificações semelhantes, e que chegam a receber quase o triplo do salário das trabalhadoras das lojas. Gritando «trabalho na Inditex e não chego ao fim do mês», cerca de mil trabalhadoras das lojas da multinacional na província da Corunha manifestaram-se para exigir melhores salários e condições. Na mobilização deste domingo, que percorreu as ruas da cidade galega, as funcionárias mostraram que estão fartas de receber «salários de miséria», que «estão há anos congelados ou que diminuíram porque as comissões foram reduzidas», lê-se no portal da Confederação Intersindical Galega (CIG). «Somos as caras visíveis da Inditex, mas os lucros dão distribuídos com muito mais generosidade noutras empresas do grupo», denunciaram as trabalhadoras das lojas de marcas como Bershka, Stradivarius, Lefties, Pull and Bear, Zara Home, Oysho ou Tempe. Em todo o grupo, sublinharam, são elas as que menos recebem, tendo dado como exemplo o facto de os salários nos armazéns logísticos chegarem a ser duas vezes superiores aos seus. «Na província onde fica a sede da maior multinacional do têxtil e onde reside o seu principal accionista, que é o homem mais rico do Estado espanhol, as trabalhadoras das lojas têm sérios problemas para chegar ao fim do mês», frisaram. Esta precariedade, afirma a CIG, contrasta com os milhares de milhões de lucros que os accionistas da Inditex recebem todos os anos, «dos quais Amancio Ortega receberá 1718 milhões de euros em 2022, só em dividendos». Um dos aspectos destacados pelos participantes na manifestação deste domingo foi o da discriminação salarial, tendo em conta que as empresas do grupo onde os salários são mais elevados são aquelas onde há mais homens. Os funcionários das lojas são maioritariamente mulheres e o facto de os seus salários serem mais baixos evidencia «uma clara componente de género e uma desvalorização do trabalho realizado pelas mulheres, que a empresa não parece disposta a corrigir», denuncia a central sindical. As delegadas da CIG explicaram ainda que, apesar de a Inditex ter mostrado abertura para um processo de negociação na província da Corunha, as propostas avançadas pelo grupo «são totalmente insuficientes», acrescentando que não exigem mais que «um salário e condições dignas como já há noutras empresas do grupo». A este respeito, disseram que, além de terem os salários mais baixos, as funcionárias das lojas têm ainda piores horários, que lhes dificultam a conciliação familiar, não lhes restando outra saída que recorrer à via judicial para poder exercer esse direito. Da mesma forma, não gozam de ajudas que são atribuídas a outros colegas do grupo, como ajuda para cuidado de menores e familiares, ajuda para aquisição de livros ou vales-refeição. «Para a multinacional, o lucro está acima de qualquer direito. As trabalhadoras das lojas são sempre as últimas», criticaram. À estagnação e ao retrocesso nos direitos dos funcionários das lojas não é alheia a política que a Inditex iniciou há alguns anos, procurando afastar a negociação colectiva dos locais de trabalho e levá-la para Madrid. Esta situação, denuncia a CIG, prejudica enormemente as trabalhadoras galegas, que qualificam como «aberração» que a maior empresa da Galiza «faça o truque» de levar para longe a negociação colectiva, «para evitar que [as trabalhadoras] se organizem e dêem uma resposta» que tem muito mais impacto social na Galiza do que fora dela. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Tal como no dia 8, quando cerca de mil trabalhadoras das lojas se manifestaram na Corunha em defesa dos direitos, lembraram que os seus salários estão congelados há anos e que, em todo o grupo, são elas as que menos recebem. «Na província onde fica a sede da maior multinacional do têxtil e onde reside o seu principal accionista, que é o homem mais rico do Estado espanhol, as trabalhadoras das lojas têm sérios problemas para chegar ao fim do mês», sublinharam então. Nos vários plenários realizados na província galega, refere a CIG, foi clara a rejeição da proposta patronal, entendendo as trabalhadoras que não corrige a discriminação retributiva e que a Inditex tem capacidade económica para aumentar os salários de forma digna. Na sua conta de Twitter, a central sindical galega aponta para uma grande adesão, esta sexta-feira, em vários pontos do território e dá conta da realização de piquetes de greve e mobilizações em localidades como Ferrol (vídeo), Corunha (vídeo) ou Compostela (vídeo). Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Greve pelos salários e direitos nas lojas da Inditex da Corunha
«Somos as pobres da Inditex»
Internacional|
Trabalhadoras das lojas da Inditex na Corunha reclamam aumentos salariais
Discriminação salarial
Direito a negociar na Galiza
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Em todo o Estado espanhol, a Inditex tem 161 281 trabalhadores, dos quais 27 mil são funcionárias de loja, refere a CIG no seu portal.
Lucía Domínguez denunciou a discrimininação retributiva e outras, afirmando que, além de salários mais altos, os seus colegas homens, que trabalham na logística, têm bónus, bolsa de férias, subsídio de refeição, antiguidade ou redução de jornada, entre outros direitos, pelos quais as trabalhadoras também estão dispostas a lutar.
Neste contexto, advertiu que a Inditex «subestima a capacidade que temos para lutar pelos nossos direitos».
Apelo à negociação
Precisamente no dia em que a CIG anunciou a manifestação, a Inditex contactou a secretária nacional da CIG-Serviços, convidando a central sindical galega a participar nas negociações que estão a ter lugar em Madrid, refere a CIG.
Transi Fernández afirmou, a este propósito, que «a CIG vai participar sempre em todas as mesas de negociação para a qual for chamada», mas defendeu que se trata de uma proposta que visa neutralizar a mobilização, que vai ser mantida, porque, explicou, «esta empresa só se senta a negociar quando há mobilizações».
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