Widad el-Mostafa, representante da República Árabe Saarauí Democrática (RASD) junto da Comissão, alertou para «a situação perigosa nos territórios saarauís ocupados, tendo em conta que o bloqueio policial permitiu à máquina repressiva marroquina cometer crimes graves contra a humanidade, numa violação flagrante do direito internacional», noticiou esta segunda-feira o Sahara Press Service.
De acordo com o representante saarauí, assiste-se a um recrudescimento da violação do direito internacional humanitário, por parte da ocupação marroquina, sobretudo após o «retomar da guerra na região, na sequência da violação do cessar-fogo pelas forças de Marrocos, em 13 Novembro de 2020».
O presidente da República Árabe Saarauí Democrática, Brahim Gali, lamentou a «inacção» da ONU e do seu Conselho de Segurança perante a acção repressiva das forças marroquinas nas zonas ocupadas. Em missivas enviadas aos titulares de ambos os organismos, o também secretário-geral da Frente Polisário condenou nos «termos mais enérgicos as práticas de intimidação e represália do aparelho de segurança marroquino contra cidadãos saarauís indefesos». Brahim Gali responsabilizou a ocupação marroquina pela «escalada e as represálias nas zonas ocupadas saarauís», tendo referido que «a intimidação e a tortura física e psicológica» sofridas hoje pela família da defensora dos direitos humanos Sultana Sidi Brahim Khaya, na cidade ocupada de Bojador, «é apenas um exemplo da opressão, do abuso e das práticas que os civis saarauís padecem diariamente nas cidades ocupadas», informa o Sahara Press Service. Nas cartas dirigidas ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e a Barbara Woodward, actual presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), Gali lembrou a «guerra de agressão e retaliação travada nestes dias pelas autoridades de ocupação marroquinas». A este propósito, afirmou que se vem juntar à «história de crimes de genocídio e assassinato que o Estado ocupante de Marrocos tem vindo a praticar contra a população civil saarauí desde o início da invasão e da ocupação militar do território, a 31 de Outubro de 1975». Assim, o presidente da República Árabe Saarauí Democrática lamentou «a inacção da Secretaria Geral da ONU e do CSNU, bem como o seu «silêncio vergonhoso» perante as «acções agressivas» e «práticas bárbaras» que têm lugar nas cidades ocupadas do Saara Ocidental, «à vista da ONU e da sua missão na região». A ONU devia assumir a «responsabilidade jurídica e moral para com o povo saarauí, especialmente os civis que vivem nas zonas sob ocupação ilegal marroquina, recorrendo a mecanismos de protecção internacional e ao desenvolvimento de medidas práticas», afirmou Gali. Em declarações à agência Algerian Press Service (APS), a defensora saarauí dos direitos humanos afirmou que «as autoridades marroquinas de ocupação pretendem eliminá-la fisicamente», na sequência de várias tentativas, iniciadas a 13 de Fevereiro último com «uma agressão selvagem à casa onde ela e a sua família vivem», na cidade ocupada de Bojador. Sultana Khaya fez um apelo às organizações internacionais de direitos humanos para que «proporcionem a protecção necessária aos civis saarauís indefesos das práticas repressivas do regime marroquino». À agência argelina, a activista saarauí relatou com detalhe a agressão perpetrada pelas forças de ocupação contra a casa da sua família, que está a ser assediada há mais de três meses e se encontra proibida de receber qualquer tipo de visita. «As cidades ocupadas do Saara Ocidental tornaram-se uma grande prisão, como resultado da escalada das forças de ocupação marroquinas contra os civis indefesos, após a sua violação do cessar-fogo e do reinício da guerra, a 13 de Novembro de 2020», denunciou Sultana Khaya. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Presidente saarauí lamenta «inacção» da ONU face à escalada de repressão
Sultana Khaya: «Forças marroquinas querem eliminar-me fisicamente»
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Mereceu especial referência a situação da defensora dos direitos humanos saarauí Sultana Khaya, há um ano em regime de prisão domiciliária na cidade de Bojador, bem como da sua família, que «têm sido submetidas a todos os tipos de intimidação e abuso».
O funcionário governamental saarauí instou a Comissão, enquanto organismo africano que vela pela defesa dos direitos humanos no continente, a tomar medidas urgentes para proteger esta família, assim como todos os civis saarauís, que, nos territórios ocupados, têm estado sofrer os «crimes cometidos pelo aparelho de segurança de Marrocos», refere a fonte.
EL-Mostafa exigiu ainda a libertação dos presos saarauís nas cadeias marroquinas, o esclarecimento daquilo que aconteceu aos civis que se encontram desaparecidos, bem como o fim do saque de Marrocos às riquezas naturais do território do Saara Ocidental.
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