Problemas de saúde física e mental, como depressão, ansiedade e solidão, são os impactos negativos identificados pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), que o JN antecipa na sua edição desta terça-feira. O trabalho conclui que os efeitos já são sentidos na Invicta, «onde o centro tem vindo a receber novos habitantes de classes mais elevadas e os menos abastados têm sido forçados a optar pela periferia, por não conseguirem suportar os preços das casas».
O estudo, que durou quatro anos, centrou-se no impacto da gentrificação urbana, insegurança habitacional e deslocamento forçado (saída de habitações do Porto para a periferia) na saúde física e mental dos portuenses, tendo apurado «que esses moradores revelam ansiedade e dificuldade em dormir, dizendo-se deprimidos, o que começaram a sentir mal souberam da necessidade de mudança de habitação». E os idosos e as crianças até aos dez anos são os mais afectados.
Segundo a análise do ISPUP, a mudança de residência, geralmente para áreas menos centrais ou até para outras localidades, «leva a uma reconfiguração do espaço onde se desenrola o quotidiano, implicando deslocações maiores e mais frequentes e mudança de hábitos relevantes para a saúde, por exemplo, na prática de actividade física».
«A insegurança habitacional, caracterizada por dificuldades financeiras, despejos e mudanças frequentes de residência, também deteriora a qualidade de vida, intensifica a solidão e está associada a uma pior função cognitiva», conclui o estudo. Ao JN, a coordenadora da investigação, Ana Isabel Ribeiro, aponta para a necessidade de garantir a equidade. «Temos que arranjar forma de conciliar o desenvolvimento urbano com a manutenção geral da qualidade de vida», frisa.
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