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Novo livro sobre o pensamento, a resistência e a criação em Lopes-Graça

O pianista Fausto Neves parte da experiência retirada ao seu relacionamento pessoal com a personalidade de Lopes-Graça para iluminar três vectores-chave da sua obra: pensamento, resistência e criação.

Créditos / Hoje Macau

O pianista e professor Fausto Neves lança na próxima sexta-feira, em Espinho, o livro Em torno de Lopes-Graça – Pensamento, Resistência, Criação, que aborda aspectos da vida do maestro, compositor e democrata português, cuja obra «subversiva» ainda não está devidamente explorada.

O lançamento decorrerá na Biblioteca Municipal de Espinho José Marmelo e Silva, pelas 21h30, e o livro, com a chancela da Página a Página, será apresentado pelo violinista e professor Manuel Pires da Rocha.

Em declarações à Lusa, Fausto Neves referiu-se a Fernando Lopes-Graça (1906-1994) não só como «um nome grande da música portuguesa, um cidadão e democrata exemplar», como «um pensador “subversivo” para os seus e para os nossos tempos».

É nessa perspectiva que Fausto Neves aprofundou a pesquisa realizada para a sua tese de doutoramento, dedicada à «imagem estética e expectativa musical» na obra de Fernando Lopes-Graça, para revelar agora, em 246 páginas e dezenas de fotografias, a mente criativa que tanto influenciou a sua própria carreira.

O autor parte da experiência retirada ao seu relacionamento pessoal com «a riqueza da personalidade de Lopes-Graça» e cruza-a com aquele que é «o estado da arte actual sobre a sua obra e biografia», concluindo que ainda há «bastantes factos e reflexões a trazer a público» sobre o homem que, além de pianista, compositor, maestro, director coral e melómano, foi também escritor e activista político, tendo sido várias vezes encarcerado durante a ditadura fascista.

Referindo-se ao impacto de Lopes-Graça no seu próprio percurso pessoal e artístico, o autor afirma que «o magistério ético e humanista que a sua vida traçou responderam a muitas dúvidas que um jovem pianista clássico formado nos anos 80 tinha sobre a função social da Música, iluminando muitos dos critérios que hoje me guiam».

Da complementaridade entre pensamento, resistência e criação ressalta, para Fausto Neves, que Lopes-Graça se empenhou em «luta incessante para encontrar e aplicar os melhores métodos para a disseminação da Música pelo grande público», evidenciando nesse trajecto «perseverança íntegra, corajosa e feroz – sem qualquer cedência a todas as manifestações de ignorância, boçalidade, intolerância e sordidez» que foi enfrentando no percurso.

Em torno de Lopes-Graça – Pensamento, Resistência, Criação inclui um capítulo mais técnico, dedicado em especial aos profissionais e estudantes de música, onde é reproduzido «o manuscrito da última obra» de Lopes-Graça, mas o autor acredita que, sob uma óptica política ou mais genérica, a publicação agradará «a todos os outros interessados na sua personalidade» e em biografias inspiradoras. 


com Lusa

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