Um estudo do Center for Environmental and Sustainability Research (Cense) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, divulgado hoje pelo Público, identifica as zonas da cidade onde há maior probabilidade de encontrar pessoas em situação de exclusão no acesso à energia, no Inverno e no Verão.
Alfama é, segundo os especialistas, um dos territórios mais sensíveis e onde a saúde e a qualidade de vida dos seus residentes são mais afectadas pelo desconforto térmico das habitações. Em declarações ao diário, um investigador do Cense conclui que a chamada pobreza energética «está intimamente ligada à qualidade dos edifícios». Reconhecendo que, apesar de as pessoas não terem dinheiro para se aquecer, «se tivessem uma casa minimamente confortável, outros problemas já não seriam tão graves».
No caso do histórico bairro de Alfama, o estudo conclui que, com um investimento total de 45 milhões de euros, seria possível alcançar uma redução das necessidades energéticas nas estações do Inverno e do Verão, de 84% e de 20%, respectivamente. A renovação de coberturas e janelas, o isolamento de paredes e a instalação de tecnologias de produção fotovoltaica são as medidas preconizadas para atingir estes números.
Tendo em conta que não existe uma estratégia de eficiência energética a nível nacional, o investigador admite que o diagnóstico realizado na capital pode ser replicado no resto do País, e que o maior desafio passa por não negligenciar os consumidores mais vulneráveis nos programas que venham a ser criados para a descarbonização, de forma a não aumentar as desigualdades sociais.
Portugal, e apesar do clima ameno, continua a ser um dos países da União Europeia (UE) em que mais pessoas declaram não ter capacidade financeira para manter a sua casa aquecida. Dados do Eurostat revelam que, em comparação com a generalidade dos países da UE, onde existem equipamentos de aquecimento central na maioria das habitações, em Portugal apenas 13,3% possuem sistemas deste tipo.
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