«Só dou quando posso dar», argumentou Rui Rio quando confrontado com a ausência de propostas de aumento das pensões mais baixas no seu programa eleitoral às legislativas de 30 de Janeiro. A justificação tem subjacente a velha ideia de que só vamos sair do pântano dos baixos salários «quando a economia o permitir», mas acabou refutada por João Oliveira, que substituiu o secretário-geral do PCP no debate com o presidente do PSD, em virtude de uma intervenção cirúrgica a que Jerónimo de Sousa vai ser submetido esta quinta-feira.
João Oliveira lembrou que não houve nos últimos 20 anos um crescimento económico nacional tão expressivo como o registado entre os anos de 2015 e 2019, mas que essa conjuntura não foi bastante para o PSD votar a favor de propostas como o aumento do salário mínimo, a redução do passe dos transportes, a gratuitidade dos manuais escolares, a redução do IVA da electricidade (apesar do anúncio do PSD de que iria votar a favor) ou até a redução do IRC para as pequenas e médias empresas – medida que, curiosamente, o PSD resolveu incluir no seu programa eleitoral.
O presidente dos social-democratas fez uma espécie de antecipação do argumentário que irá utilizar no debate desta quinta-feira, responsabilizando o PS pela solução política alcançada em 2015, apesar de, no Parlamento, ter sido o PSD a entender-se com o PS em matérias de retrocesso para o País, como a desconcentração de competências para as autarquias e as alterações à legislação laboral, com destaque para o alargamento do período experimental, de 90 para 180 dias.
A par destas, os social-democratas votaram ao lado do partido do Governo muitas outras iniciativas, impedindo, por exemplo, o fim das propinas no Ensino Superior público, a protecção e apoio dos inquilinos ou a impenhorabilidade da habitação própria, e o fim das portagens nas ex-Scut.
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