Saiu esta segunda-feira, no semanário Expresso, uma carta aberta intitulada: «Pela paz contra a criminalização do pensamento».
A missiva é subscrita por 20 personalidades, entre as quais se encontram os professores universitários Boaventura Sousa Santos, Viriato Soromenho-Marques, Paula Godinho e João Rodrigues, a escritora Ana Margarida de Carvalho, o músico Dino Santiago, a advogada Carmo Afonso, a médica Isabel do Carmo, a jornalista Constança Cunha e Sá, o major-general Raul Cunha e o capitão de mar e guerra Francisco Baptista.
Nesta carta, começa-se por condenar firmemente a guerra e a violação da integridade territorial da Ucrânia para alertar para a criação, a pretexto da guerra, de situações preocupantes de censura e de criminalização de opiniões diferentes.
«Os signatários observam com grande apreensão, a criação de um ambiente tóxico, em muitos casos, vinculado e estimulado, por meios de comunicação social, e por responsáveis do poder político, de hostilização, desacreditação pessoal, e intimidação, de todos os que não sigam a cartilha de uma opinião que se arvora ao estatuto de pensamento único.»
As 20 personalidades condenam comportamentos de ostracização e perseguição de artistas e deportista russos, por simples razões de nacionalidade.
«Assiste-se por toda a Europa a uma “censura necessária” onde à revelia de todos os proclamados valores ocidentais, se afastam desportistas, fecham exposições, retiram temporadas teatrais, despedem-se encenadores, professores e maestros, suspendem concertos e ballets, cursos universitários de literatura e ciclos de cinema.»
Para os subscritores deste documento, é necessário pensar os motivos que levaram à situação dramática em que nos encontramos para poder conseguir uma paz estável.
«A denúncia vigorosa da guerra não é incompatível com a necessidade de procurar entender a natureza do conflito, as interpretações que ele suscita, e de como se chegou a esta situação.»
«A forma maniqueísta de olhar a realidade, a opção da propagada em detrimento do conhecimento, assentam na tentação de uma deriva totalitária, num ambiente público de crescente intolerância, censura, e perseguição ao outro que ousa pensar diferente.»
«A solução não é o aumento da escalada armamentista, nem os apelos à globalização da guerra. A solução está na coragem de avançar para a paz e a obrigatória cooperação entre todos os povos, no enfrentar de tantas ameaças que a todos afectam.»
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