Os representantes da Confederação Geral do Trabalho (CGT) abandonaram, esta madrugada, a mesa de negociações com a petrolífera TotalEnergies, por considerarem que as propostas avançadas pela multinacional ficam longe das reivindicações dos trabalhadores.
Decidiram, assim, manter a greve iniciada há mais de duas semanas nas refinarias e depósitos da multinacional, em defesa da valorização dos salários e contra a perda de poder de compra, tendo em conta a inflação galopante e os «lucros monstruosos» que os grupos petrolíferos e o sector da energia têm estado a realizar.
No que respeita à outra empresa petrolífera onde os trabalhadores têm estado em greve, a filial francesa da norte-americana Esso-ExxonMobil, a imprensa aponta para o «regresso à normalidade», mas num contexto em que em o governo francês impôs a requisição de trabalhadores (são obrigados a ir trabalhar para evitar sanções penais).
Na terça-feira, quando foi imposta a requisição, a CGT denunciou de imediato a «resposta» à busca de negociações e declarou o apoio total aos trabalhadores em greve.
Neste contexto, CGT, Force Ouvirière, Solidaires e Federação Sindical Unitária (FSU) emitiram ontem um comunicado de apelo à mobilização de todos os trabalhadores, nos sectores público e privado, para dia 18 de Outubro – ao qual já aderiram sindicatos dos sectores ferroviário, do ensino e dos transportes.
«A mobilização está a alcançar cada vez mais camadas»
«Enquanto obtêm grandes lucros, as empresas da indústria petrolífera, em particular a Total e a Exxon, recusam-se a aceder às reivindicações dos trabalhadores que se mobilizam de forma massiva pela abertura imediata de negociações sérias», lê-se no comunicado emitido pelas organizações sindicais.
A CGT anunciou, esta terça-feira, que os trabalhadores decidiram continuar em greve na TotalEnergies, bem como ExxonMobil. Face aos enormes lucros do sector, exigem aumentos salariais. Sob pressão do executivo francês, preocupado com a situação de desabastecimento em quase um terço das bombas de gasolina do país, a empresa TotalEnergies propôs, no domingo, adiantar para Outubro as negociações anuais sobre salários. Desta forma, respondeu também à vontade de negociação manifestada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), com a condição de que os bloqueios terminassem nas refinarias e depósitos de combustível, informa o Libération. No entanto, após as negociações, CGT e Force Ouvrière (FO) declararam que a greve ia continuar nas refinarias do grupo. Eric Sellini, coordenador da CGT na TotalEnergies, disse esta manhã à AFP que «os trabalhadores votaram por larga maioria a favor da continuidade da greve» e que «estavam à espera de detalhes em matéria de negociações da parte da direcção». Outros sindicatos chegaram a um acordo em matéria salarial, mas o delegado sindical da CGT Christophe Aubert explicou à AFP que «o acordo não corresponde às reivindicações dos trabalhadores em greve, que exigem poder de compra». Num contexto de inflação galopante, a que não são alheias a situação de guerra na Ucrânia e as sanções à Rússia, e dos «lucros monstruosos» que os grupos petrolíferos e o sector da energia têm estado a realizar, os sindicatos reivindicam a valorização dos salários em 10%, mantendo-se em greve há quase duas semanas. Com cerca de 30% das bombas de gasolina afectadas e longas filas de carros para abastecer, o governo francês pediu aos trabalhadores que levantassem os bloqueios nos depósitos de combustíveis e, segundo refere a RTL, ameaçou «intervir». Clément Beaune, ministro dos Transportes, afirmou que não vai deixar o bloqueio «perdurar» e que o executivo pode tomar «medidas suplementares» – uma das quais é a requisição de trabalhadores nas refinarias, segundo foi divulgado após uma reunião de emergência, ontem à noite. O executivo da primeira-ministra Élisabeth Borne diz que «não pode deixar o país ser bloqueado». O presidente francês, Emmanuel Macron, apela à «responsabilidade» dos sindicatos. Estes, nomeadamente a CGT, disseram ter noção do impacto negativo da greve, mas sublinhando que a responsabilidade é da TotalEnergies e da ExxonMobil, da sua «imobilidade» e das múltiplas promessas não cumpridas, adiando reiteradamente o início de negociações. A CGT deixou claro que o que está em causa são «verdadeiros aumentos», que impeçam os trabalhadores do sector de perder poder de compra, lembrando ainda que as empresas em causa distribuíram milhares de milhões de euros em dividendos aos accionistas. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Contra a perda de poder de compra, mantém-se a greve nas refinarias em França
Governo francês ameaça com requisições
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Sublinham que os trabalhadores reclamam a «recuperação da inflação», bem como «uma melhor repartição da riqueza criada» por eles, quando «as empresas pagaram milhares de milhões de euros em dividendos aos accionistas».
As estruturas sindicais deixam clara a rejeição da decisão do governo francês de avançar com as requisições de trabalhadores em greve. «Este procedimento, já condenado pela OIT [Organização Internacional do Trabalho], constitui um ataque inaceitável ao direito constitucional à greve e às liberdades fundamentais», denunciam.
Afirmam, além disso, que «a mobilização está a alcançar cada vez mais camadas, tanto no sector privado como no público», acrescentando que, com a acção das suas organizações sindicais, os trabalhadores estão a conseguir a abertura de novas negociações e avanços salariais significativos.
Neste sentido, fazem um apelo à mobilização de todos – também de jovens, desempregados e reformados – nas mobilizações de dia 18.
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