Sob pressão do executivo francês, preocupado com a situação de desabastecimento em quase um terço das bombas de gasolina do país, a empresa TotalEnergies propôs, no domingo, adiantar para Outubro as negociações anuais sobre salários.
Desta forma, respondeu também à vontade de negociação manifestada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), com a condição de que os bloqueios terminassem nas refinarias e depósitos de combustível, informa o Libération.
No entanto, após as negociações, CGT e Force Ouvrière (FO) declararam que a greve ia continuar nas refinarias do grupo. Eric Sellini, coordenador da CGT na TotalEnergies, disse esta manhã à AFP que «os trabalhadores votaram por larga maioria a favor da continuidade da greve» e que «estavam à espera de detalhes em matéria de negociações da parte da direcção».
Outros sindicatos chegaram a um acordo em matéria salarial, mas o delegado sindical da CGT Christophe Aubert explicou à AFP que «o acordo não corresponde às reivindicações dos trabalhadores em greve, que exigem poder de compra».
Num contexto de inflação galopante, a que não são alheias a situação de guerra na Ucrânia e as sanções à Rússia, e dos «lucros monstruosos» que os grupos petrolíferos e o sector da energia têm estado a realizar, os sindicatos reivindicam a valorização dos salários em 10%, mantendo-se em greve há quase duas semanas.
Governo francês ameaça com requisições
Com cerca de 30% das bombas de gasolina afectadas e longas filas de carros para abastecer, o governo francês pediu aos trabalhadores que levantassem os bloqueios nos depósitos de combustíveis e, segundo refere a RTL, ameaçou «intervir».
Clément Beaune, ministro dos Transportes, afirmou que não vai deixar o bloqueio «perdurar» e que o executivo pode tomar «medidas suplementares» – uma das quais é a requisição de trabalhadores nas refinarias, segundo foi divulgado após uma reunião de emergência, ontem à noite.
O executivo da primeira-ministra Élisabeth Borne diz que «não pode deixar o país ser bloqueado». O presidente francês, Emmanuel Macron, apela à «responsabilidade» dos sindicatos.
Estes, nomeadamente a CGT, disseram ter noção do impacto negativo da greve, mas sublinhando que a responsabilidade é da TotalEnergies e da ExxonMobil, da sua «imobilidade» e das múltiplas promessas não cumpridas, adiando reiteradamente o início de negociações.
A CGT deixou claro que o que está em causa são «verdadeiros aumentos», que impeçam os trabalhadores do sector de perder poder de compra, lembrando ainda que as empresas em causa distribuíram milhares de milhões de euros em dividendos aos accionistas.
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